Glêdson Bezerra (Podemos) tem encontrado dificuldades para governar nos primeiros dias como prefeito de Juazeiro do Norte. Após anunciar um balanço financeiro negativo dos cofres municipais, deixado pela gestão Arnon Bezerra (PTB), Glêdson, agora, tem de lidar com a convocação de greve dos servidores municipais para esta segunda-feira, 11.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte (Sisemjun) emitiu no último sábado, 9, um edital no qual convoca "todos os servidores efetivos do quadro de pessoal do Poder Executivo do município, das autarquias e das fundações públicas municipais, inclusive os profissionais do magistério, para o 'dia municipal de paralisação', nesta segunda-feira, 11, a partir das 7 horas da manhã".
A nota assinada pelo presidente do Sisemjun, Marcelo Alves, alega que a Prefeitura não apresentou, até o momento, nenhuma proposta de pagamento da folha de salários de dezembro de 2020 dos servidores municipais. Na última sexta-feira, 8, em coletiva de imprensa, Glêdson disse que iniciou a sua gestão em meio a um "caos financeiro".
"Recebemos a Prefeitura com R$ 45 milhões em restos a pagar até 31 de dezembro. Somente com folhas de pagamentos e mais os encargos, Juazeiro deve R$ 23 milhões. Nós ainda vamos calcular até 31 de janeiro. Por tanto, o débito computado está na faixa dos 70 milhões de reais", destaca o prefeito.
Em número gerais, Glêdson alega ter recebido o município com um déficit de R$ 69,1 milhões. Dos R$ 23,7 milhões, equivalentes apenas à folha de pagamento de funcionários e encargos do mês de dezembro, o prefeito prometeu desonerar a folha já no primeiro mês de sua gestão. A tentativa é diminuir o tamanho da dívida acumulada.
"Estamos fazendo um grande esforço para enxugar a folha, herdamos uma folha com R$ 23 milhões em débitos. Neste mês, já nosso governo, nós vamos ter essa folha de R$ 20 milhões. Estamos tentando enxugar ao máximo", explica.
Ainda na coletiva, Glêdson reconhece a gravidade do problema e esclarece que a Prefeitura precisa de tempo para solucioná-lo.
"Não tem como fazer mágica. Se não tem dinheiro, como vai pagar? Nós temos que esperar chegar esse dinheiro até o dia 12, que será na faixa de R$ 15 milhões e, a partir daí, pagar luz atrasada, prédio alugado e outras dívidas. Além de pagar a folha de R$ 23 milhões do governo anterior, e ainda a nossa. O assunto é grave. Não se resolve em um estalar de dedos, infelizmente".
O Sisemjun argumenta que, em dezembro de 2020, a título de transferências de FPM Líquido, Fundeb, ICMS, Fundo Saúde e Bloco de Custeio da Saúde, o governo de Arnon Bezerra recebeu recursos financeiros que totalizam R$ 39,68 milhões.
O ex-prefeito da cidade, Arnon, reconhece que seu governo teve problemas durante o mês de dezembro, mas afirma que o cenário pandêmico atrapalhou.
"Foi a primeira vez que alguém recebeu a administração de um governo que atravessou uma pandemia. As dificuldades aconteceram no mundo inteiro, o investimento na saúde foi pesado. Ninguém foi demitido, essa foi uma maneira de contemplar pessoas que ficariam desempregadas, nunca atrasamos uma folha. Aconteceu que no último mês tivemos dificuldades", explica.
Arnon avalia que as críticas ao seu governo não farão com que o problema seja resolvido. "A dificuldade existe, é pertinente. A queda de arrecadação aconteceu no município e em todo lugar. Portanto, a Prefeitura de Juazeiro tem uma ampla condição de se recuperar", explica.
Segundo a assessoria de imprensa do atual prefeito, Glêdson Bezerra, o Chefe do Executivo tenta reverter a situação diante do sindicato dos servidores municipais.