Confirmando tendência de ânimos mais acirrados na nova composição, a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) iniciou nessa terça-feira, 2, ontem nova legislatura e já registrou o primeiro embate entre vereadores. Antes mesmo da chegada de qualquer matéria de José Sarto (PDT) à Casa, a discussão no plenário foi pautada em torno das gestões Roberto Cláudio (PDT) e Jair Bolsonaro (sem partido)
Protagonizado pelo veterano Adail Júnior (PDT) e o novato Inspetor Alberto (Pros), o embate começou após Guilherme Sampaio (PT) defender o impeachment de Bolsonaro e acusar o presidente de “genocida” por conta de sua postura na crise da Covid-19. Em resposta, Alberto pediu a palavra e fez várias críticas a Roberto Cláudio, a quem atribui “o verdadeiro genocídio”.
Entre outras críticas e acusações, Alberto lembrou investigação da Polícia Federal apurando possíveis irregularidades na construção do Hospital de Campanha do PV, chegando a acusar a unidade de “não ter atendido nada de pessoas”. A fala foi rebatida por Adail Júnior (PDT) em dois pronunciamentos, que defenderam a gestão do antecessor de José Sarto.
“Abre a boca e fala coisa que não pode provar”, disse Adail, destacando ainda que promete entregar ao ex-prefeito a Medalha Boticário Ferreira, maior comenda do Legislativo da Capital.
“Dá orgulho de fazer parte da base de um prefeito que, durante oito anos, não tem nada nem para ser inocentado. A oposição nessa Casa vai ficar doida, porque não tem prova de nada”.
Depois da fala, Alberto voltou à tribuna e ao tema: “O que mata não é o que você faz de bom não, é o que você faz de ruim. Desviar dinheiro, montar hospital e no outro dia tirar. E o povo morrer porque não tem hospital para ir (...) aqui, só falam coisa boa”, disse.
“Temos mais de 10 mil mortos, e a culpa é do prefeito, do governador, não é do Bolsonaro. Eu tô de calo seco de ouvir esse lenga lenga”, concluiu. Enquanto Alberto falava, era possível ouvir risadas de Adail Júnior ao fundo. Nos corredores, aliados de Roberto Cláudio disseram não saber a procedência das acusações sobre a falta de atendimentos no PV.
“Isso é uma coisa tão absurda que não está nem em debate. O Hospital do PV atendeu mais de 1,2 mil pessoas, salvou milhares de vidas. Foi um trabalho gigantesco do governo e da Prefeitura, e mesmo assim perdemos muitos irmãos de Fortaleza”, diz o vereador Júlio Brizzi (PDT), que integrou a gestão Roberto Cláudio.
“Até em respeito à vida dessas pessoas que não tiveram a sorte de estar aqui, esse tipo de informação só prejudica o debate e confunde. O hospital do PV foi dos mais baratos do Brasil”, diz.
“O que a gente percebe é que as correntes de WhatsApp, coisas totalmente infundadas, têm emissários como o presidente da República, mas também têm seus emissários aqui”.
Sem a chegada de matérias previstas para votação, sessão de ontem acabou tomada a maior parte do tempo pelo embate entre Adail e Alberto e por apresentações de novos vereadores.
Segundo o líder do governo, Gardel Rolim (PDT), matérias como a reforma da Previdência municipal e a reforma administrativa devem ser enviadas à Câmara na próxima semana.
Servidores municipais da área da saúde também estiveram ontem na Casa. Eles conversavam com vereadores e faziam panfletagem contra mudanças previdenciárias que prejudiquem as categorias.
A sessão de ontem formalizou ainda as composições de comissões permanentes da Casa, além dos encaminhamentos iniciais de diversas propostas dos vereadores.