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Em meio a negociações sobre Previdência, sindicato vive briga interna
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Em meio a negociações sobre Previdência, sindicato vive briga interna

Supostas irregularidades cometidas pela chapa vencedora teriam comprometido lisura do processo. Entidade terá de resolver questões domésticas num contexto de tensões envolvendo o debate sobre a reforma da Previdência
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Sindicato em luta (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Sindicato em luta

O Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort) vive briga interna referente ao processo eleitoral que reconduziu, em dezembro, Nascelia Silva à Presidência da entidade. Uma disputa jurídica na entidade se dá em paralelo ao contexto de negociações com a gestão do prefeito José Sarto (PDT) sobre a reforma da Previdência municipal.

Decisão liminar assinada pelo juiz Maurício Fernandes Gomes, da 35ª Vara Cível, em 21 de fevereiro, determinou que Eriston Lima Ferreira, adversário de Nascelia no pleito disputado em 27 de janeiro, e mais nove antigos diretores do sindicato, devem ser reincorporados à direção do sindicato.

A chapa de oposição 02, intitulada "Vamos Mudar", judicializou o pleito sob alegação de que várias irregularidades foram cometidas. Como aponta o magistrado, a lisura da eleição está sob interrogação em razão de suposto favorecimento da Comissão Eleitoral à chapa "Experiência e Renovação", encabeçada por Nascelia.

Também figuram entre as possíveis irregularidades a falta de certidões judicias de primeira e segunda instâncias de membros da chapa, de modo que a inscrição pudesse ser deferida e a entrega da documentação da chapa além do prazo permitido.

A apresentação de certidões com "código de autenticação propositalmente suprimido" e a "contratação de serviços de suposta publicidade institucional para o sindicato", cujos recursos financeiros teriam sido aproveitados somente em benefício da chapa 01, entram ainda no rol de questões a serem elucidadas. 

"O Sindifort, através de sua atual Diretoria (quadriênio de 2016–2020), deverá zelar pelo fiel cumprimento da presente ordem judicial, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), cujo montante, em todo caso, fica limitado a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)", anota Fernandes Gomes.

Ele especifica que o pagamento das penas incidirá sobre a esfera pessoal dos dirigentes, ou seja, não será retirado das finanças da instituição. Eriston, com isso, volta ao posto de vice-presidente do Sindifort.

Procurada por O POVO, a atual ocupante da vice-presidência, Ana Miranda, afirmou que ainda não foi notificada. "Não conheço a petição nem a sentença. Fica difícil falar do que não conheço." A reportagem também ligou para o telefone de Nascelia, assim como tentou contatá-la via WhatsApp. Não houve retorno até o fechamento desta matéria.

Presidente do Sindifort, Nascelia Silva, esteve em frente ao Paço Municipal na última semana em protesto contra a reforma da Previdência
Foto: Reprodução / Facebook
Presidente do Sindifort, Nascelia Silva, esteve em frente ao Paço Municipal na última semana em protesto contra a reforma da Previdência

"Que seja impugnada a chapa 01, anulados os votos, e que seja considerada a chapa 02. Todas as provas que apresentamos foram bem conclusivas", enfatizou Eriston. Ele afirma que outro indício de irregularidade foi a confecção de camisas com o número da chapa, 01, antes mesmo de eles terem sido oficializados.

Questionado sobre os danos políticos à entidade, considerado o período de protestos e negociações no Paço Municipal, ele afirmou que atuará em prol da união.

"Tentaremos fazer um trabalho de unidade, sem construir uma crise interna para prejudicar pautas de interesse do servidor, como a da reforma da Previdência, e que ao final do processo a sentença possa garantir o que é correto, a impugnação da chapa considerada vitoriosa." 

O prefeito Sarto recuou das matérias enviadas à Câmara Municipal sobre a reforma previdenciária. A 004, que já havia sido aprovada em primeira discussão, volta ao início de tramitação, assim como a 002. Elas propunham a revogação de anuênios, transferências integrais de pensões, licenças-prêmio, por exemplo.

O prefeito, técnicos e articuladores políticos da gestão usarão a semana para negociar nova proposta, que deve retornar ao Legislativo em 1º de março. 

 

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