O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), retirou de pauta os projetos de emenda à lei orgânica 002/2021 e 004/2021 que tratavam sobre reforma da Previdência municipal.
O recuo ocorreu na noite desta segunda-feira, 22, após acordo com sindicatos dos servidores que pressionaram a administração municipal. Eles manifestaram insatisfações com a revogação de anuênios e licenças-prêmio, por exemplo.
"O objetivo é estabelecer o diálogo com a categoria, por meio de reuniões ao longo desta semana, e formatar uma nova proposta a ser enviada para o Parlamento municipal na próxima segunda-feira, 1°", disse a Prefeitura em nota.
Antes da reunião da noite, a vice-presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Fortaleza (Sindifort), Ana Miranda havia afirmado ao O POVO que a sensação foi de que a "coisa não andou".
Ela participou de encontro entre entidades sindicais e representantes da Prefeitura de Fortaleza, entre técnicos e articuladores políticos, por videoconferência, na manhã de segunda-feira.
"Não considero que tenha tido avanços. Teve a nossa solicitação de uma mesa com a presença do prefeito Sarto. Nós queríamos o compromisso de que a emenda 004 não fosse votada sem que houvesse uma negociação", reclamou a sindicalista.
Miranda participou da mesa de negociações da noite no Paço Municipal e, em nova conversa com O POVO, disse que lá os sindicalizados tensionaram a conversa no sentido de exigir a retirada das duas matérias.
"Não restam dúvidas de que a luta e a resistência feita pelos servidores de forma organizada por seus representantes foram os responsáveis, sim, por essa decisão do prefeito", comemorou.
Em vídeo divulgado, o líder de Sarto na Câmara Municipal, Gardel Rolim (PDT), afirmou que a semana será repleta de reuniões, de modo a "exaurir ao máximo o debate" para que um texto próximo do consenso chegue à Casa.
"É necessário que nós façamos uma reforma. Nesse ano temos um déficit de mais de R$ 400 milhões e precisamos reformar a Previdência para garantir que o servidor público de Fortaleza tenha direito à aposentadoria", ele destacou.
O texto 004/21 teve a tramitação suspensa pela Justiça após decisão liminar que atendeu a mandado de segurança impetrado pela vereadora Enfermeira Ana Paula que, embora pedetista, é crítica da proposta.
Sem a decisão de Sarto, essa matéria possivelmente estaria apta para a 2ª discussão no dia 3 de março. A decisão do Executivo faz com que o texto 004, aprovado no último dia 10, volte à estaca zero de tramitação.
A 004 trata de temas como o da idade mínima para aposentadoria e instituição de regime complementar de aposentadoria.
Seguindo determinação constitucional, a idade mínima para aposentadoria dos servidores tem de se adequar à nacional, aprovada em 2019 pelo Congresso. Isto é, de 65 anos para homens e 62 para mulheres.
Se aprovada, a proposta criará Regime Complementar de Previdência, mecanismo por meio do qual o servidor pode ter reforço previdenciário mediante contribuição adicional em relação àquele que está somente dentro do Regime Geral.
Licença-prêmio, anuênios, além da transferência integral do valor da aposentadoria à pensão dos dependentes são pontos sobre os quais os trabalhadores devem "bater o pé" nas conversas dessa semana. "São dois direitos bem antigos que fazem parte da vida dos servidores", enfatizan Ana Miranda.
Os projetos de emenda à lei orgânica 002 e 004 assentam as bases para que a proposta que alterará o previdenciário dos servidores inicie tramitação no Legislativo municipal.
As mudanças serão por meio de lei complementar. Hoje em 11%, a alíquota - porcentagem retirada do salário para contribuição com a Previdência - deve subir para 14%.