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Composição da CPI da Covid tende a desgastar governo Bolsonaro
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Composição da CPI da Covid tende a desgastar governo Bolsonaro

Especialistas avaliam que CPI exigirá intenso trabalho de articulação do Planalto
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TENDÊNCIA é que Renan fique com a relatoria da CPI da Covid (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado TENDÊNCIA é que Renan fique com a relatoria da CPI da Covid

Os senadores integrantes da CPI da Covid-19 encaminharam nessa sexta-feira, 16, acordo para a composição dos cargos de comando da comissão. Renan Calheiros (MDB-AL) deve ser o relator da investigação. Enquanto isso, a expectativa é que colegiado seja presidido por Omar Aziz (PSD-AM) e que o vice-presidente seja Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Com maioria crítica ao governo, a CPI tende a desagradar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e exigir um intenso trabalho de articulação do Palácio do Planalto. É o que avalia a cientista política e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem-UFC), Monalisa Soares, que vislumbra uma maior proatividade em torno das investigações que envolvem o governo federal.

“O Omar, provavelmente, tende a dar o ritmo mais ponderado à comissão. Eu acho que o Randolfe e o Renan, obviamente, vão buscar fazer uma ação mais contundente, ou seja, aquela esperada pela opinião pública e por grande parte dos senadores que vieram a assinar a CPI que ela pudesse de fato acontecer”, diz a pesquisadora.

Segundo Monalisa, além da presença de Randolfe - autor do pedido de CPI no Senado para investigar as omissões do Planalto na pandemia - a condução de Renan também deve ser combativa em desfavor do presidente. “Ele (Renan) tem mostrado caminhar mais nesse caminho, não só a pandemia como no cenário de 2022, construindo-se no campo do antibolsonarismo”, afirma.

Na última quinta-feira, 15, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), designoou todos os membros da comissão e leu o nome dos 11 titulares e sete suplentes em plenário, o que, na prática, libera a possibilidade de instalação do colegiado.

Mesmo com o precedente de investigação estendido a prefeitos e governadores, a cientista acrescenta que a composição final da CPI “ainda revela um cenário de preocupação para o presidente”. Apesar dos nomes ditos independentes, no caso de Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Renan, por exemplo, há uma tendência de força contra Bolsonaro nas investigações, aponta a cientista.

“O resto da composição parece favorecer muito que a CPI possa sim investigar essa possibilidade de julgar o Governo Federal como esse agente que deveria ter assumido a função de coordenador na gestão da pandemia e quais são suas responsabilidades de estarmos onde estamos”, completa Monalisa.

A presença de Renan na relatoria da comissão pode montar uma CPI que “exploda denúncias sobre responsabilidades políticas e até mesmo criminais" sobre o presidente” ou em, pelo menos, dois dos seus ministros, destaca o cientista político o professor da Mackenzie, Rodrigo Prando.

“Ele sabe o jogo da política e pode, sem dúvida nenhuma, abrir sua caixa de ferramentas e atrapalhar muito a vida do presidente da República, inclusive constrangendo o próprio presidente da CPI”, avalia.

Um ambiente hostil para o Planalto, segundo Rodrigo, deve permanecer em boa parte do andamento das investigações. Ele reforça que um aumento do desgaste já vem sendo vivenciado pelo governo pode mudar a posição dos que se dizem aliados da presidência. “A situação do presidente vai se deteriorar e ninguém quer dar o braço afogado em um político em situação muito difícil”, diz.

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