Historicamente, segundo Fábio de Oliveira Matos, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC), encontros como a Conferência de Estocolmo (1972) ou o Rio-92 (ver infográfico) são marcos na tomada de decisões de líderes mundiais em relação à condução ambiental.
A Cúpula do Clima organizada pelos Estados Unidos antecede a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-26) em novembro, em Glasgow, na Escócia. A Casa Branca, sede do governo dos EUA, sinaliza que o evento desta quinta-feira, 22, será importante para acelerar processos por uma "economia verde".
Às vésperas do evento, Salles ridicularizou indígenas ao compartilhar em uma rede social imagem em que aparecem com aparelhos celulares. Escreveu: "Recebemos a visita da tribo do IPhone." O comportamento geral brasileiro, disse o docente antes da postagem do ministro, traz o Brasil, que já foi vanguarda nesta agenda, para um quadro de retrocesso.
"A partir do momento que você traz a ciência como espécie de inimiga, o governo questionando dados das queimadas e algumas necessidades apontadas pela ciência como urgentes, o que traz de perspectiva é a questão de manutenção de políticas ambientais que historicamente tínhamos", afirma Matos. Ele destaca como centrais o sistema de Unidade de Conservação e instrumentos para planejamento de gestão ambiental.
Chefe do Departamento de Economia Agrícola da UFC, Rogério César Pereira de Araújo avalia que estes eventos são importantes no sentido de estabelecer interesses em comum entre nações. Essas discussões, ele diz, "sempre vêm no bojo da ajuda financeira".
"O perfil de gestor público do Salles é de base econômica", segue César, "o elo dele é a questão das discussões ambientais sem se afastar das prioridades econômicas do País. Por isso, a gente vê sempre o embate das lideranças ambientais com o governo Bolsonaro."
Ainda segundo ele, Salles está "procurando sempre políticas que associam proteção ambiental com projetos econômicos que favoreçam a sustentabilidade."
Já Pedro Israel destaca que os dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) para alertar que o quadro é desanimador. "Registramos o pior desmatamento para o mês de março nos últimos 10 anos. Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, o desmatamento em 2021 é 216% a mais do que em 2020", frisa.
Israel adiciona ainda que o "plano Amazônia, coordenado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, foi considerado vazio. O governo não consegue apresentar uma medida sequer de propositura concreta."
"O Brasil precisa urgentemente parar com o desmatamento e a grilagem de terras, regularizar a estrutura fundiária e proteger o Código Florestal", finaliza o professor.