No cenário de aproximação das eleições de 2022, foi nas redes sociais que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Ciro Gomes (PDT) voltaram a intensificar embate nesta quarta-feira, 19. Ambos na frente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em simulações de segundo turno, de acordo com última pesquisa do Instituto Datafolha, eles têm tornado mais frequentes as trocas de rusgas, tensionando uma relação já conflituosa.
No início da manhã desta quarta, Lula rebateu as críticas feitas por Ciro na última segunda-feira, 17, quando o pedetista o acusou de ser o “maior corruptor da história moderna brasileira”. Em entrevista à rádio Folha de Pernambuco, o petista disse que gostaria de chamar o pedetista de "amigo", algo que "infelizmente ele (Ciro) não quer". Sobre sua futura relação com o presidenciável, Lula mencionou uma teoria dita por sua mãe.
"Eu adoraria dizer que o Ciro é um amigo. Mas infelizmente ele não quer. Mas eu aprendi uma teoria com a minha mãe Dona Lindu: quando um não quer, dois não brigam. Não farei jogo rasteiro", disse o ex-presidente. Não demorou para o ex-ministro responder às mensagens.
Eu adoraria dizer que o Ciro é um amigo. Mas infelizmente ele não quer. Mas eu aprendi uma teoria com a minha mãe Dona Lindu: quando um não quer, dois não brigam. Não farei jogo rasteiro.
— Lula (@LulaOficial) May 19, 2021
Na redes sociais, após o perfil de Lula reproduzir a fala da entrevista, Ciro rebateu dizendo o petista, para brigar, "usa bajuladores e seu gabinete do ódio" e "reduz a política a uma briga de amigos".
"Lula, não é que você não queira brigar. É que para isso você usa bajuladores e seu gabinete do ódio. O que você não quer é debater o país, os projetos, as coisas que o PT fez no poder. Então você reduz a política a uma briga de amigos, a afetos. O povo brasileiro não merece isso", disse Ciro.
Lula, não é que você não queira brigar. É que para isso você usa bajuladores e seu gabinete do ódio. O que você não quer é debater o país, os projetos, as coisas que o PT fez no poder. Então você reduz a política a uma briga de amigos, a afetos. O povo brasileiro não merece isso. pic.twitter.com/Zu3syZSldk
— Ciro Gomes (@cirogomes) May 19, 2021
Aumentando o tom, Ciro alegou querer "brigar contra a corrupção, desindustrialização e desigualdade" promovidas pelo líder petista. "Você é o responsável pela tragédia do desastrado Bolsonaro. Ou você assume que 70% dos eleitores de SP, RJ, MG, Sul, Norte e Centro Oeste que votaram no Bolsonaro são fascistas e gado como sua corte chama?", indagou.
Ciro pediu que o ex-presidente "debata o Brasil, não afetos pessoais. "Respeite a inteligência do povo brasileiro, Lula. Quais são suas novas ideias? Qual seu verdadeiro projeto de nação? Se existir, aceito confrontá-los civilizadamente com o meu. Debato em qualquer dia, hora, meio ou território", completou.
O embate, contudo, pode comprometer a aliança entre PT e PDT no Ceará. "Completamente crítico. Até o Lupi (Carlos Lupi, presidente nacional do PDT) ficou contra o Ciro. Se perdurar esse tipo de comporta mento , a aliança no Ceará trincará e ficará comprometida. Para nós do PT, o inimigo central é o Bolsonaro", avaliou o deputado federal José Guimarães (PT-CE).
No Twitter, o líder do PDT no Ceará, deputado André Figueiredo levantou apoio ao correligionário. "Estamos com Ciro! Não se trata de tirar selfie com os amiguinhos Sarney e Eunício. O que precisamos é debater projetos para tirar o Brasil do buraco", disse.
A menção foi ao "tour" de articulações políticas realizadas por Lula em Brasília no início de maio. Com objetivo principal de ampliar arco de alianças, o ex-presidente esteve com o ex-senador Eunício Oliveira (MDB), opositor dos Ferreira Gomes no Ceará, e o ex-presidente José Sarney (MDB). Ainda que não tenha o compromisso do apoio do MDB para o seu projeto presidencial, o ex-presidente quer amarrar alianças regionais fortes que possam garantir a ele apoio nos estados.
Ontem, por exemplo, Lula teve encontro com Guilherme Boulos, candidato à presidência em 2018 e à Prefeitura de São Paulo em 2020, quando foi derrotado por Bruno Covas (PSDB) no 2º turno.