Prestes a completar um mês, a CPI da Covid aprovou ontem a convocação de nove governadores para testemunharem no colegiado. Ainda não há data para as oitivas. O critério para escolha foi de gestores cujos estados são alvo de alguma operação da Polícia Federal para investigar eventuais desvios de recursos encaminhados pela União aos entes federados.
Entre os que devem passar pela CPI, estão os governadores Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Mauro Carlesse (PSL), do Tocantins; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina; Antonio Denarium (sem partido), de Roraima; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Marcos Rocha (PSL), de Rondônia; Wilson Lima (PSC), do Amazonas; Wellington Dias (PT), do Piauí; e Helder Barbalho (MDB), do Pará.
Os requerimentos para convocação de prefeitos, antes previstos na pauta dessa quarta-feira, foram adiados para outra sessão, assim como a possível convocação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apresentada pela vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O adiamento da votação dos requerimentos da convocação de prefeitos acabou resultando em discussão entre senadores. À frente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM) se irritou com questionamentos do colega de Casa, Eduardo Girão (Podemos-CE), que o havia interpelado sobre um acordo do qual ele disse que não fazia parte.
Antes da sessão para votação, Aziz fez reunião secreta com senadores para chegar a consenso sobre quais requerimentos seriam votados e quais não. Nesse processo, a ida do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, que se filiou ao PL, acabou ficando fora.
Também foi descartada apreciação, naquele momento, de requerimento para convocação do secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Eduardo Gabas.
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"Quero divergir dos colegas respeitosamente, porque eu não concordei com acordo de não olhar para prefeitos. A demanda é clara: estados e prefeituras. Se o critério é capital, tem que entrar capital", sustentou Girão.
Aziz explodiu. "Desde o primeiro momento, toda a sociedade brasileira que tem inteligência sabe que vossa excelência está aqui com um único objetivo: é que a gente não investigue por que a gente não comprou vacina. E vossa excelência, que não entende patavinas de saúde, quer impor a cloroquina na cabeça da população", criticou o senador, acrescentando: "Vossa excelência é um oportunista".
Encerrada a sessão, Girão se queixou do tratamento em coletiva de imprensa. "Nós devemos um pedido de desculpas à nação pelo espetáculo horroroso hoje na CPI. O clima exaltado, agressão de forma ostensiva entre colegas. Isso tudo não contribui em termos de civilidade. Esse caminho é muito perigoso e pode trazer prejuízos para todos", declarou.
"Divergências políticas nós temos", continuou Girão, "mas precisamos tratar isso de forma respeitosa. Hoje particularmente fui agredido pelo presidente da CPI, que sempre respeitei mesmo divergindo. Queria evitar essa parcialidade que a gente vê tanto do presidente quanto do relator".
O senador cearense então citou o que considera como indícios de irregularidades em compras do Consórcio Nordeste. Presidente do grupo, o governador do Piauí já havia se voluntariado a falar na CPI.
Além dos governadores, a comissão também aprovou a reconvocação de Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, e do atual ocupante da pasta, Marcelo Queiroga.
Outros três integrantes/ex-membros do Governo Federal foram chamados: Arthur Weintraub, ex-assessor da Presidência e irmão do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub; Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais de Bolsonaro; e Marcos Eraldo Arnoud, conhecido como Marquinhos "Show", ex-assessor de Pazuello no ministério.