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"Criminoso é ignorar a perda de mais de meio milhão de vidas", rebate Camilo
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"Criminoso é ignorar a perda de mais de meio milhão de vidas", rebate Camilo

| Covid-19 | Governador respondeu a fala de Bolsonaro em Juazeiro do Norte que criticava medidas de restrição de circulação no Estado
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GOVERNADOR respondeu a discurso do presidente sobre medidas contra a pandemia (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR GOVERNADOR respondeu a discurso do presidente sobre medidas contra a pandemia

O governador Camilo Santana (PT) rebateu ontem críticas que Jair Bolsonaro (sem partido) fez, durante passagem em Juazeiro do Norte, a medidas de controle da Covid-19 decretadas pelo Governo do Ceará. Acusado pelo presidente de "ato criminoso" pelas ações, o governador afirmou que “criminoso é ignorar a perda de mais de meio milhão de vidas".

“Criminoso, senhor presidente, é ignorar a perda de mais de meio milhão de vidas na pandemia e ainda debochar da dor das famílias. Tivéssemos um Governo Federal mais preocupado com a vida, milhares teriam sido salvas. Seus ataques jamais irão tirar de mim a força para continuar lutando”, publicou Camilo, na tarde de ontem, nas redes sociais.

As falas ocorreram em resposta ao discurso de Jair Bolsonaro durante entrega de residências populares no Residencial Leandro Bezerra de Menezes, em Juazeiro do Norte. Na ocasião, o presidente voltou a defender a derrubada de medidas de restrição de circulação e de atividades econômicas.

"E porque fizemos isso (se referindo ao pagamento do Auxílio Emergencial)? Porque muitos governadores, como esse desse estado, simplesmente mandaram fechar o comércio, decretou lockdown, confinamentos e toque de recolher", disse.

Mais cedo, o governador já havia lamentado nas redes sociais decisão da Justiça que derrubou a exigência de testes de Covid e vacinação em embarques com destino ao Ceará. "Decisão Lamentável. Nosso único objetivo tem sido preservar a vida dos cearenses e de quem nos visita. Essa é a nossa prioridade absoluta. O Estado do Ceará irá recorrer", disse.

A exigência, que tinha sido determinada pela Justiça Federal a pedido do Estado, acabou derrubada pela segunda instância do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5). A ideia do governo era controlar a disseminação da variante Delta ao Estado, uma vez que, até agora, quase todos os casos da nova forma da doença chegaram ao Ceará em voos domésticos.

Decisão do desembargador Edilson Pereira Nobre Júnior, do TRF-5, questionou a ação, alegando a não existência de "embasamento técnico ou científico sobre a premissa do Estado do Ceará de que o transporte aéreo de passageiros domésticos contribui para a disseminação de novas variantes".

"Tampouco que a providência deferida evitaria ou reduziria a propagação do vírus e suas variantes, destacando que a medida de testagem obrigatória ou apresentação de comprovante de imunização completa para embarque em voos nacionais dirigidos ao Estado seria ineficaz, pois, além de inviável materialmente, não impediria que pessoas contaminadas embarcassem”, diz a decisão.

Em entrevista na manhã de ontem, o ministro do Turismo, Gilson Machado, classificou a exigência como “absurda” e “segregação”. Em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, o ministro priorizou argumentos econômicos, minimizou média de mil mortes diárias da Covid no País e revelou ter sido pressionado por empresários do turismo no Ceará.

“É totalmente inconstitucional, um absurdo. O trade (conjunto de empresários do setor do Turismo) do Ceará me ligou desesperado, as reservas caindo. Uma família de cinco pessoas, que tem a passagem comprada, o cara já tá ali no limite da boa vontade para levar sua mulher, seus filhos, para levar para conhecer, vamos dizer, o Beach Park no Ceará. Aí quando chega, de última hora, tem que fazer cinco exames de PCR, a R$ 450 cada”, diz.

“Isso é totalmente inconstitucional, fere o direito das pessoas. Segregação entre os brasileiros, isso é inconstitucional”. Na entrevista, o ministro também minimizou quadro da Covid no Brasil, atualmente batendo a marca de mil mortes diárias pela doença.

“Isso aí (mil mortes diárias) é quando acumula dois, três dias. Nós tivemos dados também de dias com menos de 500 mortes. A curva é decrescente, quando você pega por semana”.

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