Logo O POVO+
Ciro bate em Lula, Bolsonaro e Moro e fala em taxar fortunas e fim da reeleição
Politica

Ciro bate em Lula, Bolsonaro e Moro e fala em taxar fortunas e fim da reeleição

| Eleições | A proposta do ex-juiz de criar um tribunal anticorrupção, numa tentativa de evocar o período em que a operação Lava Jato era pouco questionada, fez com que Ciro o associasse ao ideário nazista
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Pré-candidato Ciro Gomes (PDT) (Foto: FREDERICO BRASIL/AE)
Foto: FREDERICO BRASIL/AE Pré-candidato Ciro Gomes (PDT)

No lançamento da pré-candidatura à Presidência da República, ontem em Brasília, Ciro Gomes (PDT) foi duro ao se referir aos adversários Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL) e Sergio Moro (Podemos). Um vídeo de promoção da pré-campanha do pedetista disse que o primeiro é a "crueldade do presente", o segundo, representante das "ilusões do passado".

Ao terceiro, o ex-juiz federal, ficaram reservadas as críticas mais incisivas. Não à toa. É Moro quem está imediatamente à frente dele, estacionado em terceiro lugar, nas últimas pesquisas de intenção de voto.

Ciro Gomes disse em entrevista coletiva após o evento que não acha que Moro vá disputar o mais alto cargo eletivo do Brasil. Mas, no caso de a previsão estar errada, afirmou que o ex-ministro de Bolsonaro não é um mero adversário político, mas um "inimigo da República". Lembrou ter feito advertência similar sobre o atual presidente antes se ele se sagrar vencedor da eleição de 2018.

A proposta do pré-candidato do Podemos de criar um tribunal anticorrupção, numa tentativa de evocar o período em que a operação Lava Jato era pouco questionada pela opinião pública, fez com que Ciro o associasse ao ideário nazista. 

Para o pedetista, a concepção sustentada por Moro é, na prática, espécie de "tribunal de exceção" próprio de regimes totalitários. As críticas se estenderam ao que se convencionou chamar de lavajatismo - do qual Moro é principal expoente.  

No campo da economia, falou para mais de um tipo de receptor. Se comprometeu com o equilíbrio fiscal, mas atacou o teto de gastos, para ele uma anomalia exclusivamente brasileira e que penaliza os estratos mais necessitados da população. Também criticou desonerações sem retorno. Ele se comprometeu a taxar grandes fortunas, lucros e dividendos, por meio de uma reforma tributária.

É a razão pela qual não é raro que diga que Lula é intérprete de um "esquerdismo de goela", por não ter promovido alterações no sistema tributário, fator determinante para a desigualdade social ou não de um país. Na esteira disso, ele igualou os últimos presidentes brasileiros, citando Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula e Bolsonaro como condutores de um mesmo tipo de modelo econômico, ancorado em meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante.

Para "acalmar" o empresariado brasileiro, o pedetista enfatizou a diferença entre setor produtivo e setor financeiro, este comumente classificado por ele como o "baronato" e o "rentismo".

Ao primeiro, afirmou que a restauração da capacidade de consumo das famílias (a proposta de livrar brasileiros do SPC e Serasa retorna à cena) animará a economia que, por sua vez, incentivará a produção industrial. Ao segundo grupo, prometeu redução das facilidades históricas.

O projeto de um estado protagonista nos rumos da economia, ele enfatizou, não significa uma máquina pública pesada e atrasada, mas digital e interferindo de modo eficiente. Recentemente, o governador Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que as ideias estatizantes do ex-ministro se provaram erradas.

Uma proposta política recebida com surpresa foi o fim da reeleição. Embora diga em tom crítico que o mandato de presidente é na prática de oito anos, com um plebiscito sobre a gestão do momento no meio, que seria a reeleição, o político não havia dado protagonismo ao tema como fez em Brasília.

Ciro fez menção ainda ao legado de Leonel de Moura Brizola, referência máxima do PDT, cujo centenário é completado neste sábado, 22. O trabalhismo e a ideia de nacionalismo ou, no vocabulário cirista, de um projeto nacional de desenvolvimento, foram valores levantados no discurso.

Os correligionários cantaram o Hino da Independência ("brava gente brasileira...") ao final do ato, uma marca de alguns discursos de Brizola. Logo ao subir no palco para iniciar a fala, Ciro olhou para os companheiros de partido e, em tom bem-humorado, disse: "Tá pensando o que? É pra valer (a candidatura)".

A tropa de Ciro

Alguns cearenses do PDT que estiveram no lançamento da pré-candidatura do Ciro Gomes à Presidência

SENADOR E SUPLENTE DE SENADOR: Cid Gomes e Prisco Bezerra
EX-PREFEITO DE FORTALEZA: Roberto Cláudio
DEPUTADOS FEDERAIS: André Figueiredo, Leônidas Cristino, Mauro Filho
DEPUTADO ESTADUAL: Queiroz Filho
VEREADORES DE FORTALEZA: Antônio Henrique, Adail Júnior, Raimundo Filho e Lúcio Bruno
SECRETÁRIO DA GESTÃO SARTO: Ferruccio Feitosa

O que você achou desse conteúdo?