O presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PDT), afirmou que não há possibilidade de Camilo Santana (PT) ser excluído do processo de escolha da candidatura governista ao Palácio Abolição. A reclamação de que o ex-governador estaria sendo deixado de fora foi feita pelo deputado estadual José Guimarães (PT), em entrevista ao jornalista Carlos Holanda, do O POVO.
"Não, é óbvio que o Camilo jamais será excluído de uma sucessão. É óbvio que não irá acontecer", afirmou o presidente da AL-CE ao O POVO. Evandro afirmou que o que está acontecendo é que o PDT chegará a um entendimento interno para negociar com outras forças depois. "Como é óbvio que, também, nós iremos consensuar internamente para, posteriormente, nós consensuarmos externamente."
Na entrevista publicada pelo O POVO nesta sexta-feira, 10, Guimarães havia feito a queixa. "Não pode excluir o Camilo, era só o que faltava." O deputado cobrou o que afirmou ser compromisso feito: "Sempre foi dito para nós, eu sou testemunha, que o comando para decidir os rumos do Ceará passava pelo Camilo. A palavra era do Camilo, ouvindo o Cid, ouvindo o PDT e o PT." Guimarães reforçou ainda: "Sempre me disseram: o Camilo comanda. (...) De uma hora pra outra o Camilo deixa o governo e não é?"
Segundo Evandro, a campanha passará necessariamente pelo ex-governador, como também pelas forças aliadas. "Camilo atualmente é uma das maiores lideranças políticas do Estado e com certeza essa próxima campanha eleitoral passará por ele, como passará pelo Ciro (Gomes), como passará pelo Cid (Gomes), como passará pelo Camilo, como passará pelos nossos aliados. Como passará pelo PP do Zezinho (Albuquerque), como passará pelo MDB do Eunício (Oliveira), como passará pelo PSD do Domingos Filho, como passará pelo PSB do deputado Denis (Bezerra)."
O chefe do Legislativo Estadual enfatizou que a decisão terá de ser referendada por Camilo. "Nós temos de dialogar com todos, eu acho que nós não podemos nos fechar. E, no momento certo, eu tenho absoluta convicção de que essa discussão passará pelo crivo, pela anuência, pelo compromisso do ex-governador Camilo Santana."
Enquanto se desenrola a disputa entre a governadora Izolda Cela e o ex-prefeito Roberto Cláudio para definir quem concorrerá ao governo do Estado pelo PDT, parece remota a possibilidade de a escolha não recair sobre um dos dois. Porém, a polarização pode fazer com que se olhe para alguma alternativa, como foi a própria escolha de Camilo Santana (PT), em 2014, quando não estava entre um dos cinco pré-candidatos.
Ali o motivo foi outro, relacionado à circunstância nacional. Hoje, o PDT tem ainda outros dois pré-candidatos, atualmente menos cotados: o deputado federal Mauro Filho e o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão. Este último já admitiu que trabalha de olho na reeleição como deputado. Porém, se dispõe a disputar.
"Eu estou pronto para assumir qualquer missão que me for me dada. Mas, eu quero dizer que antes de qualquer interesse meu, individual, está o interesse coletivo, está o interesse de um projeto, que é o projeto do meu Estado."
Questionado pelo O POVO sobre as afirmações do deputado José Guimarães (PT) de que a aliança está no limite e não será mantida no caso de o PDT escolher Roberto Cláudio, Evandro evitou entrar nas questões da sigla aliada, mas apostou no entendimento.
"Eu não gosto de me ater a colocações, a situações de outros partidos, sobretudo aliados. Acho que cada um tem seu tempo. Eu, particularmente, acho que nós estamos construindo, sim, o entendimento. Sabemos das dificuldades, porque é um arco de aliança grande. Quando há um número expressivo de partidos que fazem parte desse projeto, tem dificuldades inerentes a esse número, mas eu tenho absoluta convicção. O projeto do Ceará está acima de qualquer coisa, a permanência desse projeto para o bem da população."