Após o PT anunciar que o PDT rompeu a aliança ao lançar Roberto Cláudio ao Governo, o ex-governador Camilo Santana (PT) reuniu ontem representantes de seis partidos para apresentar uma candidatura do bloco ao Abolição.
Participaram do encontro, realizado no escritório de Camilo, dirigentes de PP, MDB, PT, PV, PCdoB e PSDB. Como resultado da agenda, o grupo firmou compromisso de apoio a um nome de consenso das siglas para concorrer à sucessão da governadora Izolda Cela (PDT), a quem prestaram solidariedade.
Em conversa depois da reunião, o deputado federal e vice-presidente nacional do PT, José Guimarães, confirmou que os aliados irão construir uma chapa única para a disputa e que os nomes devem ser definidos nos próximos dias.
"Estamos aqui com todas essas lideranças ao lado do Camilo. Vieram analisar o quadro eleitoral pós-decisão de ontem (segunda-feira) do PDT", disse o petista, referindo-se à escolha de RC como concorrente do partido trabalhista, que preteriu Izolda, em torno de quem essas seis siglas haviam se aglutinado.
"O PDT tomou uma decisão unilateral. Esses partidos fizeram uma nota semana passada pedindo diálogo. Quando se toma uma decisão unilateral, não há o que se reclamar da decisão coletiva dos outros", respondeu Guimarães.
Ainda segundo ele, agrupados sob comando de Camilo – o "maestro dessa construção coletiva" –, os partidos presentes resolveram selar "compromisso de marcharmos juntos e buscarmos um caminho comum" para o pleito.
Questionado se de fato uma candidatura sairá das articulações do grupo, que deve se reencontrar ainda nesta semana, o deputado respondeu que "com certeza".
Representando o PP, o deputado estadual Zezinho Albuquerque endossou as palavras do petista, acrescentando que os aliados esperam agora "que as coisas andem mais rápido porque só temos poucos dias para uma eleição".
"Importante", ressaltou Zezinho, "é que tiramos uma resolução de que esses partidos estarão todos unidos".
Pelo MDB, o também deputado estadual Danniel Oliveira argumentou que o grupo está "numa aliança e união para construir, diante de todos os cenários expostos", e que as tratativas não são "uma conversa de um partido apenas, mas da pluralidade, de igual para igual, pra que a gente possa evoluir".
Presidente estadual do PSDB, Chiquinho Feitosa avaliou que é um "entusiasta desse projeto", adicionando: "Tenho muita simpatia por um nome apoiado por Camilo".
Em seguida, reconheceu que, até agora, "esteve apostando na hipótese de que se mantivesse esse arco", mas que "a palavra final do PSDB, embora eu seja presidente, é do senador Tasso Jereissati".
À frente do PT no estado, Antonio Filho, o Conin, declarou que os aliados tinham expectativa de "ter sido consultados antes da decisão", mas, "infelizmente, o PDT fez uma opção de decidir de forma unilateral".
"Essa decisão deles", criticou Conin, "representa um final da aliança. O PT interpretou que o PDT fez uma opção de não manter a aliança com os partidos. A aliança foi rompida pelo PDT".
Mais cedo, ainda nessa terça-feira, em reunião do diretório estadual, o PT aprovou resolução na qual registrou que "a exclusão de Izolda representou a negativa do diálogo na busca de consenso e o pouco apreço à aliança e aos aliados".
"Prevaleceram", continuou a nota, "a arrogância, o capricho e a expressão de mando que subjugou os interesses dos cearenses à obsessão de poder de um só".
Por fim, o documento, aprovado com a anuência de Camilo e dos membros do colegiado petista, apontou que "esse veto (à governadora) materializou ainda o rompimento tácito e unilateral da aliança até então estabelecida".
"Camilo me convidou", diz Chiquinho sobre suplência
Presidente do PSDB no Ceará, o empresário Chiquinho Feitosa afirmou que o ex-governador Camilo Santana (PT) lhe fez convite para ocupar a vaga de suplente na pré-candidatura ao Senado.
Um dos participantes da reunião de seis legendas que estiveram com o petista ontem, um dia depois de o PDT escolher Roberto Cláudio como pré-candidato, Chiquinho disse que, "se for de interesse do PSDB, do nosso partido, a minha preferência é essa" - concorrer ao lado de Camilo.
O tucano, no entanto, enfatizou que a palavra final sobre a participação do PSDB no bloco é do senador Tasso Jereissati, com quem ele tem encontro na próxima segunda-feira, dia 25.
"Aguardo para segunda uma definição com o senador Tasso. Não se decide nada sem ouvir o senador", assegurou Chiquinho.
Próximo de Camilo, o dirigente tenta aproximar o PSDB do PT e demais partidos que negociam uma candidatura única, entre eles MDB, PP e PV.
Dentro do tucanato cearense, no entanto, há resistência a uma composição com esse grupo, uma vez que Tasso vem se reaproximando de Ciro Gomes e do PDT e que a tendência natural seria um entendimento em torno do nome do ex-prefeito Roberto Cláudio. (Henrique Araújo e Mariana Lopes/especial para O POVO)