Um acerto entre o então governador Camilo Santana (PT) e o senador Cid Gomes (PDT) previa que a sucessora Izolda Cela (PDT) não apenas seria pré-candidata ao Abolição, mas que o anúncio de seu nome como representante das forças governistas seria feito no ato da posse da pedetista, em 2 de abril.
Dentro do grupo, porém, deliberou-se, conforme relato de fonte que acompanhou o processo, que o ato duplo poderia ser desgastante para a chefe do Executivo, antecipando a briga eleitoral com os adversários.
Quando se desincumbiu do cargo, portanto, Camilo tinha acordo apalavrado com lideranças pedetistas de que Izolda seria a postulante. Os dois encontros do PDT que ainda restavam, um em Itarema e o último em Sobral, terra natal dos Ferreira Gomes, consolidariam o nome da gestora e o apresentariam ao eleitorado.
Esse acordo, contudo, teria sido desfeito, relata essa fonte, e mesmo os encontros foram desmarcados. O de Sobral, pelo simbolismo da cidade – Izolda também é do município –, seria o ápice dessa construção.
Já fora do governo, Camilo ainda tentou influenciar no comando decisório da sucessão, mas foi afastado após atuação de Ciro Gomes, que passou o bastão da condução para o deputado federal e presidente do partido no estado, André Figueiredo.
Entre abril e julho, a dinâmica interna do PDT foi se deteriorando, com críticas abertas a Izolda disparadas por aliados de Roberto Cláudio. O mais vocal deles foi o vereador de Fortaleza Adail Júnior, mas não o único. Parlamentares correligionários se revezaram na tribuna da Câmara para se voltar contra a gestão do partido no Governo.
Durante esses três meses, Izolda e RC polarizaram a queda de braço, sem tanto espaço para Mauro Filho e Evandro Leitão. Ao final, num diretório estadual já alinhado com o ex-prefeito, Roberto Cláudio venceu no voto direto, por 55 a 29, tornando-se o candidato do partido.
Enquanto o grupo de Ciro operou para fazer de RC o postulante pedetista, Cid se recolheu. Afastou-se tanto das atividades partidárias e de articulação quanto do mandato. Até agora, dois dias depois de o PDT escolher Roberto, não apareceu em público.
Camilo, por sua vez, está neste momento às voltas com uma construção de última hora, já que os aliados – PT, MDB, PP, PV e PCdoB – esperaram até o último momento para que o PDT se decidisse. E o partido finalmente decidiu, não como gostaria a aliança, mas conforme o arranjo que se estabeleceu com a lacuna deixada por Cid e ocupada por Ciro.
Agrupadas sob a batuta do petista, essas legendas tentam definir os termos de uma composição que contemple o leque de agremiações. E, principalmente, chegar a um plano alternativo ao projeto de reeleição de Izolda, barrado dentro do PDT.
Cid se manifesta sobre convenção de Ciro: "Único que pode superar polarização nefasta"
Após sumiço político e depois de semanas sem manifestação pública, o senador Cid Gomes (PDT) fez publicação no Twitter sobre a convenção que oficializou o irmão dele, Ciro Gomes (PDT), como candidato a presidente. Cid não compareceu ao evento.
"O PDT oficializou hoje a candidatura do meu irmão, Ciro Gomes, à presidência da República. Alem de ser o mais preparado, Ciro é o único que tem um projeto para o Brasil e que pode superar essa polarização nefasta que vem destruindo nosso País. É Ciro Presidente!", escreveu Cid.
O PDT oficializou hoje a candidatura do meu irmão, Ciro Gomes, à presidência da República. Alem de ser o mais preparado, Ciro é o único que tem um projeto para o Brasil e que pode superar essa polarização nefasta que vem destruindo nosso País. É Ciro Presidente!
— Cid Gomes (@senadorcidgomes) July 20, 2022