Reduto eleitoral do PT e da esquerda em geral, o Nordeste neste momento tem maioria conservadora liderando pesquisas de intenção de voto para os executivos estaduais. É o que mostra o Agregador de Pesquisas O POVO, com últimos dados lançados nesta quinta-feira, 21.
A ferramenta, disponível no O POVO+, plataforma de multistreaming de Jornalismo do O POVO, apresenta o deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) à frente do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), escolhido como representante da situação após tensa batalha partidária entre ele e a atual governadora Izolda Cela (PDT). O panorama é de 51% a 39%.
No momento, o Ceará é o único palanque estadual em que Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, tem um aliado com chances de reais de vencer a disputa, ocupando atualmente a primeira ou a segunda posição nas pesquisas. RC era o preferido de Ciro na disputa interna no PDT cearense.
Ciro teve a candidatura a presidente homologada na última quarta-feira, 20, em Brasília, oportunidade em que pediu para o ex-prefeito de Fortaleza unir o Ceará contra Wagner, cuja tática nacional consiste em se aproximar e se distanciar do presidente Jair Bolsonaro (PL) a depender das circunstâncias.
Wagner afirma que sua "pátria" é o Ceará, como que para dizer que tentará se desvencilhar das repercussões no estado da corrida nacional e, ao mesmo tempo, aglutinar as mais diversas forças a seu redor, de lulistas a bolsonaristas.
Em Pernambuco, houve uma disputa pelo capital político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que parte em busca de um terceiro mandato no Planalto. Marília Arraes trocou o PT pelo Solidariedade para viabilizar seu projeto estadual, após o partido preferir apoiar Danilo Cabral (PSB), que tem hoje 7% das intenções de voto.
Em evento com Lula em Garanhuns (PE) nesta semana, a militância que foi ver o ex-presidente gritou alto "Marília", fazendo a locutora do evento, no mesmo ritmo, incentivar os militantes a gritar "Danilo" e "Teresa", a vice dele do PT. Apesar de perder o padrinho político, Marília lidera com 30% da preferência dos pernambucanos, seguida por Raquel Lyra (PSDB), com 14%.
Lyra disse em sabatina ao UOL e Folha de S. Paulo que já votou em Lula e simpatizou com Simone Tebet (MDB), mas atualmente não pensa em fazer do apoio nacional um dos eixos da estratégia com a qual pretende chegar ao Palácio do Campo das Princesas.
"A gente apresenta a candidatura centro-democrática e não pode querer cair na pegadinha de escorar candidatura estadual usando como muleta a candidatura do Lula ou do Bolsonaro para chegar ao segundo turno sem fazer debate sobre Pernambuco", disse na entrevista que foi ao ar em 9 de junho.
Na Bahia, a direita prevalece com ACM Neto (União Brasil). O objetivo de seguir mesma trajetória do avô Antônio Carlos Magalhães sem o auxílio de candidatos presidenciais. Ciro Gomes já disse que o PDT o apoiará, pois considera o melhor nome para a Bahia.
No entanto, isso não significa aliança, visto que Neto não sinalizou voto em Ciro. Segundo o Agregador de Pesquisas O POVO, ele tem 66% das intenções de voto, à frente de nulos e brancos, com 10%, e de Jerônimo Rodrigues (PT), este com 9% e apoiado por Lula, pelo governador Rui Costa (PT) e pelo ex-governador e senador Jacques Wagner (PT).
Já no Piauí, se a eleição fosse hoje, Bolsonaro emplacaria o aliado Silvio Mendes (União Brasil) como novo governador. Ele tem 34%, em primeiro, contra o petista Rafael Fonteles, em segundo com 26%. No Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT) marcha para a reeleição até aqui de modo tranquilo, com 39% das intenções de voto contra Styvenson Valentim (Podemos), com 14%.
ACESSE O AGREGADOR DE PESQUISAS
Entenda como funciona o Agregador de Pesquisas O POVO
O Agregador de Pesquisas O POVO compila os resultados das sondagens divulgadas por diferentes institutos e aplica medidas estatísticas como médias simples, ponderada e móvel, o que permite avaliar as tendências apresentadas pelas pesquisas eleitorais a partir de uma perspectiva mais ampla.
O modelo desenvolvido pela Central de Jornalismo de Dados O POVO (Data.doc) considera, em dias com uma ou mais pesquisas, a média simples das pontuações do candidato. Para os dias subsequentes sem pesquisas registradas, é atribuída a pontuação do candidato no dia imediatamente anterior. Por fim, é concedido um peso referente ao número de cenários testados para o candidato em cada dia.
As pesquisas de opinião realizadas nos estados diferem bastante das nacionais. A quantidade disponível por praça depende bastante do peso econômico e eleitoral de cada estado. Assim, quanto mais desenvolvida for a unidade da federação, maior a probabilidade de haver um volume considerável de pesquisas.
No caso dos estados, são utilizados os dados de todos os institutos aos quais a equipe de pesquisadores do O POVO teve acesso a partir de monitoramento do site do TSE.
Um agregador de pesquisas é uma ferramenta que possibilita uma perspectiva ampla das tendência em diferentes cenários eleitorais, agregando, por meio de um conjunto métricas estatísticas, o resultado expresso em múltiplas sondagens, com metodologias, amostras, contratados e contratantes distintos.
Coordenação e edição
Thays Lavor
Visualização de dados
Alexandre Cajazeira
Metodologia e análise de dados
Alexandre Cajazeira
Tratamento e coleta de dados
Alexandre Cajazeira, Miguel Pontes e Roberto Araújo
Desenvolvimento Front-End
Michele Medeiros e Alexandre Cajazeira
Github
Gabriela Custódio
Design UI/UX
Matheus Sales
Esquerda e direita dividem liderança em principais colégios eleitorais
Maior colégio eleitoral do País com 34,6 milhões de eleitores, São Paulo é exemplo de estado com principais palanques nacionais bem definidos. Fernando Haddad (PT) é o candidato do ex-presidente Lula (PT); Tarcísio de Freitas (Republicanos), o do presidente Jair Bolsonaro (PL); Elvis Cézar (PDT), o de Ciro Gomes (PDT). Abaham Weintraub (PMB) tenta abocanhar parte do capital do presidente.
Haddad foi prefeito de São Paulo de 2013 a 2016, mas não obteve sucesso ao tentar reeleição. Naquele ano, o PT atravessa fase adversa com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o auge da operação Lava Jato. Ele perdeu nas urnas para brancos e nulos, no pleito em que João Doria (PSDB) venceria e nasceria para a vida pública.
Ele e Marcio França (PSB) travaram disputa silenciosa sobre quem deveria representar a chapa Lula-Alckmin em São Paulo. França tentou levar o projeto até as convenções, mas desistiu no início deste mês. "Haddad, vai você", disse o pessebista, "nós vamos juntos buscar nossos melhores dias".
Haddad tem 33%; Tarcísio de Freitas, 13%. Rodrigo Garcia deve receber apoio de Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (União Brasil), o que ainda não está fechado, com contrapartida dele. O União Brasil de Luciano Bivar anunciou que o defenderá em São Paulo. De todo modo, o governador tentará trilhar uma campanha sem padrinhos.
Em Minas Gerais, a polarização corre para ser entre o atual governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandro Kalil (PSD). O primeiro cederá palanque sobre o qual Bolsonaro buscará seduzir mineiros. Kalil foi cortejado por Ciro Gomes, mas, como que por força gravitacional, terminou entendendo-se com Lula.
Zema tem 46% e Kalil, 26%. Desde 1945, apenas um presidente venceu as eleições sendo derrotado em Minas Gerais. Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional (UDN), foi vencedor no estado em 1950, mas perdeu para Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).
No Rio de Janeiro, Marcelo Freixo deixou o Psol e sua rigorosa política de alianças para fazer movimentos ao centro e à centro-direita e reunir mais condições de êxito eleitoral. Tanto que terá como vice o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PSDB), pai do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB).
Freixo se filiou ao PSB e será o candidato de Lula no Rio. Contra o governador Cláudio Castro (PL), atual governador do Rio de Janeiro. Eles estão em situação de empate técnico, com superioridade numérica para Castro, de 24% a 23%. Rodrigo Neves (PDT), ainda com Ciro, mas tendo assinado manifesto em aceno a Lula, totaliza 9%.