O presidente estadual do PSB, deputado Denis Bezerra, defendeu ontem, durante convenção do partido, apoio às candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente e de Roberto Cláudio (PDT) para governador. A nível nacional, o PSB está ao lado do PT, ocupando lugar na chapa do ex-presidente com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin como vice.
"Nós vamos respeitar a decisão nacional de ir com a chapa Lula-Alckmin no primeiro turno. Para Governo do Estado do Ceará eu já falei, nós vamos com o PDT, respeitando as decisões. O Roberto Cláudio vai ser nosso governador e nós vamos estar juntos", afirmou.
Durante o evento de ontem, um locutor chegou a defender a dobradinha "Lula lá, RC cá", que remete a um a slogan de sucesso nas eleições de 2002: "Lula lá e José Airton cá". O petista perdeu na época por uma diferença de pouco mais de três mil votos para Lúcio Alcântara, que estava no PSDB.
Em relação às eleições presidenciais, Denis mudou de posição. No início do ano, durante entrevista ao programa Jogo Político, o parlamentar defendeu apoio do PSB à candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Segundo ele, o pedetista seria mais apto a ocupar o cargo de presidente da República. Disse ainda que o apoiaria mesmo que seu partido, o PSB, optasse por Lula.
"Estamos tendo conversas com o PT, ele não está descartado, e com o PDT. Então está todo mundo pensando nesse plano principal. Mas a minha opção para o Brasil seria o Ciro", destacou o deputado em janeiro deste ano.
No âmbito local, o PSB virou alvo de disputa entre o PDT de Roberto Cláudio e o PT de Elmano de Freitas, nome escolhido pelo partido para concorrer ao Governo do Estado. O ex-governador Camilo Santana (PT) chegou a ir a Brasília para tentar tirar o PSB da aliança de RC, mas acabou não tendo êxito. Denis Bezerra informou ontem que o partido continua ao lado do ex-prefeito de Fortaleza.
Camilo foi a Brasília acompanhado acompanhado do deputado federal José Guimarães (PT), do ex-senador Eunício Oliveira (MDB), do deputado estadual Zezinho Albuquerque (Progressistas) e do próprio Elmano de Freitas (PT). A intenção do ex-governador era reproduzir no Ceará a aliança nacional entre PSB e PT. Mas, Siqueira disse que daria autonomia ao comando estadual, que confirmou a aliança com Roberto Cláudio.
"Tivemos muitas especulações nas últimas 48 horas", apontou Denis Bezerra. "Mas o que vale é a decisão do diretório estadual, que foi confirmada pelo nosso diretório nacional, através do nosso presidente Carlos Siqueira, que disse que a decisão era nossa. E hoje a gente está aqui realmente para formalizar, através da convenção, esse apoio irrestrito ao PDT no Estado do Ceará."
Bezerra disse que também falou na última sexta-feira, 22, com Camilo. A conversa foi por telefone, porque Denis estava em viagem. "Conversamos longamente", contou. O parlamentar disse ser normal a articulação do ex-governador. "Recebi com naturalidade. Todo mundo pode fazer esse tipo de diálogo."
Ele relatou o teor da conversa da última sexta: "Ele (Camilo) fez algumas ponderações. Mantivemos um diálogo cordial. Coloquei o nosso posicionamento, que havia sido definido através de uma reunião do diretório, por unanimidade. E se eu fizesse qualquer tipo de movimento para desfazer aquela reunião, eu não estaria praticando nada mais e nada menos do que o mesmo que a gente tem raiva, que a gente tem ojeriza, que é autoritarismo. A gente tem de respeitar as decisões partidárias, temos de respeitar as decisões institucionais."
Denis Bezerra reconhece que, para confirmar a decisão, houve intensas conversas e articulações. Só na segunda-feira, ele disse que falou quatro ou cinco vezes com Siqueira. "Fomos alinhando o entendimento para que chegássemos hoje a estar realizando essa festa democrática", disse ontem durante a convenção
O deputado também comentou o manifesto de integrantes do partido na tentativa de mudar a decisão. Ele citou que havia assinatura de pessoa não mais filiada e também outros dois membros que negaram terem assinado. "Mas tudo dentro de um processo democrático que a gente entende."
Denis ressaltou a complexidade do momento. "O cenário atual é muito complicado. Temos uma disputa muito grande. Há uma certa divergência na base que governou o Estado nos últimos 16 anos. E tudo isso vai influenciar. Mas eu tenho certeza que, no decorrer do processo eleitoral, todo mundo vai se unir dentro desse mesmo projeto de dar continuidade ao desenvolvimento do nosso Estado do Ceará." (colaboraram Érico Firmo e Filipe Pereira)
