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PF faz operação contra empresários bolsonaristas por mensagens golpistas no Whatsapp
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PF faz operação contra empresários bolsonaristas por mensagens golpistas no Whatsapp

Cearense Afrânio Barreiro, dono da rede de restaurantes Coco Bambu é um dos alvos da operação determinada por Alexandre de Moraes
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OPERAÇÃO da PF faz busca e apreensão em residência de dono da rede Coco Bambu, no Meireles, e de outros 7 empresários em mais 4 estados
 (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA OPERAÇÃO da PF faz busca e apreensão em residência de dono da rede Coco Bambu, no Meireles, e de outros 7 empresários em mais 4 estados

A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem, mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários bolsonaristas. Entre eles, o cearense Afrânio Barreira, proprietário da rede de restaurantes do Coco Bambu. Os demais alvos foram: Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luciano Hang, da rede de lojas Havan; Luiz André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.

A operação foi aberta por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem foi expedida na última sexta-feira, 19, depois que o portal Metrópoles revelou mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp dos empresários.

Os mandados foram cumpridos em dez endereços residenciais e profissionais no Ceará, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

De acordo com o advogado de Afrânio Barreira, Daniel Maia, a Polícia chegou ao prédio onde o empresário reside por volta das 7 horas, cumprindo um mandado apenas para busca e apreensão de mídias, o que inclui pen drive e celulares. O advogado ressalta que a ação foi tranquila. Foram apreendidos dois celulares do empresário.

"Há um inquérito no Supremo Tribunal Federal, onde há acusações levianas e absolutamente infundadas de perseguidores políticos do Dr. Afrânio, e diante dessas acusações, o ministro Alexandre de Moraes decretou a busca e apreensão para que fossem averiguadas essas acusações", explicou.

A coluna do jornalista Guilherme Amado, no Metrópoles, revelou na semana passada como empresários apoiadores de longa data do presidente Jair Bolsonaro (PL) conversaram abertamente sobre um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito.

De acordo com o relato do jornalista, “o apoio a um golpe de Estado para impedir a eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho”. “José Koury, proprietário com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro”, escreveu o jornalista, “foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT”.

“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou Koury nesse grupo chamado de “Empresários e Política”.

Conforme o Metrópoles, “a possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo” e que, além da tese, os integrantes do grupo também compartilharam ofensas a magistrados e críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ao se apresentar ao grupo”, contou Amado, “Wrobel disse ser eleitor de Bolsonaro desde o segundo mandato do ex-capitão na Câmara dos Deputados: ‘Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público’, publicou”.

QUEM SÃO OS EMPRESÁRIOS ALVOS DE OPERAÇÃO DA PF POR SUPOSTAS MENSAGENS GOLPISTAS(Foto: Luciana Pimenta)
Foto: Luciana Pimenta QUEM SÃO OS EMPRESÁRIOS ALVOS DE OPERAÇÃO DA PF POR SUPOSTAS MENSAGENS GOLPISTAS

 

 

FORTALEZA CE, BRASIL, 23.08.2022: Daniel Maia, advogado. Operação da Polícia Federal faz busca e apreensão em residência de empresário dono da rede Coco Bambu. Meireles.  (fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA CE, BRASIL, 23.08.2022: Daniel Maia, advogado. Operação da Polícia Federal faz busca e apreensão em residência de empresário dono da rede Coco Bambu. Meireles. (fotos: Fabio Lima/O POVO)

Advogados e empresários negam ter defendido ruptura democrática

Advogados de defesa e empresários se defenderam das acusações de conspirarem para um golpe de Estado no País. Daniel Maia, advogado de Afrânio Barreira, disse que a operação de ontem estava "fundada em denúncias absolutamente falsas, que visam perseguir pessoalmente o empresário Afrânio Barreira e outros no País".

"É importante destacar que a operação não é contra as empresas, é uma operação contra a pessoa física dele. O Afrânio está absolutamente tranquilo, colaborando e com o objetivo principal de esclarecer os fatos para que a investigação seja certamente arquivada", afirmou Maia, que acompanhou a operação na residência de Afrânio em Fortaleza.

Alberto Toron e Luiz Otávio Pacífico, que defendem o empreiteiro Meyer Joseph Nigri, afirmaram que o empresário, "mesmo sem ter tido acesso aos autos do inquérito, como era seu direito, concordou em ser ouvido" ontem "para colaborar com as investigações".

"(Nigri) Respondeu a todas as perguntas formuladas pela autoridade e rechaçou qualquer envolvimento com associação criminosa ou práticas que visam à abdicação do estado democrático ou preconizam golpe de Estado. Ao contrário, reafirmou sua firme crença na democracia e seu respeito incondicional aos Poderes constituídos da República", disseram os advogados, em nota.

Luciano Hang disse estar "tranquilo". "Estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político, prego a democracia e a liberdade de pensamento e de expressão, para que tenhamos um País mais justo e livre para todos os brasileiros", disse o dono da Havan.

Ele afirmou ainda que faz parte de um grupo de 250 empresários "de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista". "Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu nunca, em momento algum, falei sobre golpe ou sobre STF", disse.

José Isaac Peres afirmou que "sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do País".

Marco Aurélio Raymundo, por sua vez, disse que aguardaria a publicação das reportagens sobre o grupo de empresários para se pronunciar sobre o assunto.

Os demais foram procurados, mas até a conclusão desta edição não haviam se manifestado.

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