Logo O POVO+
Roberto Cláudio e Izolda Cela aprofundam disputa entre PT e PDT
Politica

Roberto Cláudio e Izolda Cela aprofundam disputa entre PT e PDT

Ex-aliados e ex-concorrentes na disputa interna do PDT, Roberto e Izolda protagonizam acirramento entre forças políticas recém apartadas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Izolda ao cumprimentar Roberto Cláudio após ele ser escolhido candidato do PDT a governador (Foto: Reprodução / Twitter / Roberto Cláudio)
Foto: Reprodução / Twitter / Roberto Cláudio Izolda ao cumprimentar Roberto Cláudio após ele ser escolhido candidato do PDT a governador

Ao longo da última semana, a ação movida pelo PDT contra a coligação dos candidatos Elmano Freitas (PT) e Camilo Santana (PT) reforçou os contornos de tensão que caracterizam a relação dos hoje adversários PT e PDT. O desembargador Raimundo Nonato, do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), decidiu liminarmente, na última segunda-feira, 5, pela interrupção dos repasses voluntários do Governo do Estado a municípios até o segundo turno. 

Nonato não se debruçou sobre o mérito do processo, ou seja, sobre se houve ou não práticas economicamente abusivas por parte do governo de Izolda Cela (sem partido). Apenas aplicou a lei eleitoral, sem que ela tenha alcançado verbas direcionadas a obras que estão em andamento. A maioria das obras, diz a ação do PDT, são de pavimentação asfáltica.

A espinha dorsal do argumento pedetista é a eventual relação de causa-consequência entre fotos de prefeitos ao lado de Camilo Santana, em demonstração de apoio, seguidas de novas publicações em que agradecem alguma suposta "benesse" - termo utilizado na peça - que teria sido concedida pela administração estadual.

Entrevistado na TV Ceará, Elmano foi questionado sobre a decisão proferida àquele dia, na perspectiva do favorecimento ou não da candidatura dele pelo Governo do Ceará. Respondeu que só quem não conhece Izolda pode supor algo do gênero e fez defesa enfática da governadora. 

Na última quarta-feira, 7, Izolda emitiu nota em que atribui a Roberto Cláudio, candidato do PDT ao Governo, "declarações absurdas" a respeito de sua gestão. "Cabe-me o dever de afirmar que não são verdadeiras. E são também covardes e irresponsáveis, na medida em que desvirtuam os fatos e expõem a imagem do nosso Estado e de quem trabalha sério para seu desenvolvimento. Lamento muito tudo isso", escreveu, sendo reproduzida por Camilo, para quem a aliada é "atacada" de modo injusto e oportunista.

"A governadora não tem que se justificar para mim, tampouco me atacar. Ela, juntamente com os seus candidatos, Elmano e Camilo, têm que se defender mesmo é perante a Justiça e se explicar, de fato, ao povo do Ceará", respondeu RC. Vice do pedetista na chapa, Domingos Filho (PSD) também entrou na confusão para dizer ironicamente que Camilo e Elmano devem mesmo ser solidários com Izolda: "pelos crimes eleitorais que ela comete para atendê-los". 

"Cabe-nos, na defesa de eleições limpas, denunciar os abusos e ilegalidades cometidas a luz do dia e sem qualquer cerimônia, com o objetivo de cooptar prefeitos com recursos públicos estaduais em pleno período eleitoral", afirmou Domingos nas redes sociais.

Indagado por O POVO sobre a eventual união das principais forças progressistas do Ceará, ou seja, entre o PDT dele e o PT de Elmano Freitas, em um cenário de segundo turno contra Capitão Wagner (União Brasil), Roberto somente respondeu que a tarefa que se impõe é a de chegar lá.

"Qualquer especulação sobre o segundo turno é imprudente, não é razoável. O que eu estou pedindo, com humildade, é atenção e curiosidade à população para me conhecer melhor, conhecer melhor minhas propostas e se me derem a oportunidade de estar no segundo turno, eu vou ter mais possibilidade ainda de aprofundá-las e debater o que eu penso e o que eu quero para o futuro do Ceará", disse.

Na configuração atual, com base no Agregador de Pesquisas O POVO, Wagner lidera com 35%, seguido por RC, com 26%, e Elmano com 20%.

Presidente do PDT no Ceará, o deputado federal André Figueiredo (PDT), em 20 de agosto, no lançamento do comitê de sua campanha à reeleição, demonstrou preocupação de que as "feridas" políticas possam ser tão profundas a ponto de não cicatrizarem para o segundo turno da corrida eleitoral.

De volta à cena, no último dia 3, Cid Gomes adesivou carros em Sobral em prol de Ciro Gomes (PDT) para presidente e Camilo Santana para senador, ainda que o PSD, aliado do PDT, tenha Érika Amorim como candidata ao mesmo cargo para o qual Camilo marcha a passos largos. Ele afirmou que não se posicionaria sobre a disputa ao Palácio da Abolição para se legitimar como agente da união no segundo turno. Na definição dele, um "cupido".

O que você achou desse conteúdo?