O Governo de Elmano de Freitas (PT) vai propor diversas mudanças para reformular os conjuntos habitacionais no Ceará. O objetivo é implementar um Minha Casa Minha Vida “com a noção de vizinhança”, para minimizar problemas estruturais ou causados pela presença de facções criminosas nas edificações. “Desafios” da gestão do petista foram detectados nos relatórios da transição entregues nesta segunda-feira,19.
O governador eleito elencou justamente problemas habitacionais, além do combate à fome e a diminuição de fila de cirurgias, como prioridades diagnosticadas.
“Precisamos ter uma campanha forte do Governo com a sociedade para o enfrentamento da fome no Ceará. Também temos dificuldade e desafios grandes na área da habitação, onde precisamos ter ações. Esperamos ter isso no novo cenário do país, com o presidente Lula”, disse Elmano.
O coordenador da transição, Eudoro Santana, explicou que um dos eixos que devem ser adotados para trabalhar habitação no Estado, com destaque em Fortaleza, é a mudança do conceito dos conjuntos habitacionais.
Segundo ele, esse tipo de mudança vem sendo estudada há um ano e foi assimilada pela gestão de Elmano, com intenção de também ser expandida para a base nacional com apresentação para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O Minha Casa Minha vida, esses conjuntos habitacionais, estão com muitos problemas, problemas de áreas de serviço, problemas porque não foram trabalhados, a comunidade foi formada artificialmente”, pontua Eudoro, mencionando diagnósticos encontrados na “fotografia” da atual gestão.
Eudoro destaca também a presença de facções criminosas dentro das localidades, em ações que resultam na expulsão dos moradores beneficiados nas entregas dos residenciais. "Eles (membros das facções) tomaram conta de muitas áreas e as pessoas são colocadas para fora, eles tomaram as casas, isso é um problema gravíssimo”, elenca ele.
A proposta avalia estudar o perfil dos futuros beneficiários ainda nas fases originais do projeto e propor a participação popular. As edificações não terão andar térreo com apartamentos habitáveis, sendo substituídos por espaços para instalação de áreas de serviço ou comerciais como barbearias, salões de beleza e oficinas. O objetivo é evitar a construção de “puxadinhos”, além de estabelecer uma economia dentro dos conjuntos para “sustentar a comunidade” .
A fala faz eco às dificuldades encontradas nos últimos anos de gestão relacionadas à habitação. Em 2021, os moradores do residencial Cidade Jardim II, no bairro José Walter, relataram não conseguir contratar serviços de internet por causa das ameaças de facções contra os prestadores.
No mesmo ano, diversas construções irregulares no mesmo complexo, no Cidade Jardim I, foram demolidas, entre elas, um mercadinho e uma lanchonete, mais uma edição da Operação Domus, deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).