Na primeira parte da visita ao Ceará, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã de sexta-feira, 12, que vai ampliar o diálogo com os parlamentares do Congresso Nacional para conseguir a aprovação de projetos enviados pelo Governo.
A fala ocorre após deputados de partidos que ocupam ministérios votarem contra os interesses do governo como o veto às mudanças feitas pelo presidente via decreto no marco do saneamento. Lula ressaltou que terá que conversar com os parlamentares, independente da legenda que integram.
"Você precisa conversar com todo mundo. O PT só tem 69 deputados, para votar alguma coisa importante, eu preciso de 257. Significa que eu preciso conversar com pelo menos 200 deputados. Tenho que conversar com todo mundo, não tenho que perguntar que partido que ele é, tenho que pedir para ele votar. Tenho que conversar com quem gosta de mim e quem não gosta para a gente aprovar as coisas", disse em evento em Fortaleza de assinatura do Programa Escolas de Tempo Integral.
Na votação da retirada de dois trechos de decretos presidenciais que alteram o Marco Legal do Saneamento, o governo sofreu derrota. No caso da votação do PL das Fake News, a proposta foi retirada de pauta em razão do governo não possuir votos suficientes para aprovação.
Deputados que são contabilizados como da base, por ocuparem pastas do governo, foram contra as mudanças. Eles integram partidos como União Brasil, PSD e MDB. Embora teoricamente a maior parte de representação cearense seja aliada, só 9 dos 22 deputados cearenses seguiram a orientação da liderança.
Em meio à crise na articulação do governo e liberação de emendas, Lula fez acenos apaziguadores aos deputados que foram contra a articulação do Governo. O presidente afirmou que os parlamentares não eram "obrigados" a votar "naquilo que o governo quer" e que é do "jogo democrático".
"Nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer do jeito que o governo quer, pode querer fazer uma emenda, ele pode querer mudar um artigo. Nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático. Do jeito que está na Constituição, é o governo que precisa do Congresso. Por isso, a relação tem que ser civilizada nós temos que conversar. Quando você não está no Governo, você tem partido, você pensa, você acha, mas quando você chega ao governo, você faz ou não faz", disse.
Apesar da crise na articulação, Lula disse que tem 513 deputados e 81 senadores em sua base no Congresso. "Eles serão testados em cada votação, cada votação você tem que conversar com todos os deputados, nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer, do jeito que o governo quer", declarou.
À noite, no Crato, Lula disse que o sucesso de sua gestão parte do ministro da Casa Civil, Rui Costa. "Ele (Rui Costa) é quase que um primeiro-ministro porque tudo o que o presidente assina, eu faço, primeiro tem que passar na mão dele para eu não assinar nada errado", enalteceu o presidente, em evento de assinatura de Medida Provisória (MP) para retomada de obras da educação básica.
Lula alertou que, se alguém quiser mentir para ele, o ministro irá alertá-lo. "Vai dizer: Isso é mentira, não pode assinar, isso não está certo'. Portanto, o sucesso do meu governo parte dele", elogiou.