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Ausências em evento transformam racha no PDT em guerra aberta
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Ausências em evento transformam racha no PDT em guerra aberta

| Disputa | Além da questão sobre aproximação com o PT, alas pedetistas divergem quanto ao nome a ser indicado como candidato à Prefeitura
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EVENTO pedetista escancarou a disputa interna no partido (Foto: Reprodução/Instagram/Roberto Cláudio)
Foto: Reprodução/Instagram/Roberto Cláudio EVENTO pedetista escancarou a disputa interna no partido

Publicamente rachado desde as eleições de 2022, o PDT caminha para zerar as chances de uma possível reconciliação entre a ala liderada pelo senador Cid Gomes, que defende uma reaproximação com o PT, e a do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que quer atuar na oposição. É o que ficou claro nesta quinta-feira, 22, primeiro dia de encontros regionais da legenda na região Nordeste, que teve Fortaleza escolhida para sediar a reunião.

A tese de que a reconciliação não deva acontecer é do ex-ministro e presidenciável, Ciro Gomes (PDT), que aos poucos tem retornado ao plano da política no Ceará. Perguntado se seria possível atrair os parlamentares, incluindo seu irmão Cid, para uma “unidade”, Ciro foi categórico: “Acho improvável”.

Era previsto que Cid participasse do evento, mas o senador cancelou a ida após reunião com o presidente nacional em exercício e estadual da legenda, o deputado André Figueiredo. Os dois devem travar uma disputa pela presidência do diretório estadual, a qual Cid já disse ter interesse.

A ausência do senador foi sentida assim como a de deputados, vereadores e outras lideranças politicamente mais próximas ao ministro Camilo Santana e ao governador Elmano de Freitas, ambos petistas.

Compareceram apenas nomes ligados justamente a Roberto Cláudio, Ciro e Figueiredo, como os deputados estaduais Queiroz Filho, Antônio Henrique e Cláudio Pinho e o deputado federal Mauro Benevides Filho.

RC também deixou aberta a possibilidade de diálogo com o grupo de Cid. “Eu não sei. Acho que só eles podem falar porque não vieram. O André foi eleito democraticamente para a presidência do partido e tem mandato até dezembro. Tem uma história fundadora no PDT, foi super generoso, como o disse o Ciro, na nossa chegada no partido. Foi leal a vida inteira e na última eleição foi mais que leal”, disse.

O evento é mais um dos quais a ala de Cid, que inclui dez deputados estaduais, a parte majoritária da bancada federal e dos prefeitos, não comparece. Há o temor que , caso o senador não assuma a presidência, filiados iniciem um processo de debandada.

Enquanto RC foi mais contido em evitar projetar e antecipar o “futuro”, Figueiredo lembrou de outras épocas da legenda. “Essa história eu escutei há 30 anos, quando Lúcio Alcântara era do PDT e saiu, disseram que só ia ficar eu, o Flávio Torres (ex-senador) e mais dois para carregar o caixão do PDT. O PDT cresceu e hoje é o maior partido do Ceará. É natural que as pessoas não se sintam bem no partido queiram sair”, ressaltou.

O evento também transmitiu a importância para os presentes de fortalecer o diretório municipal e a campanha eleitoral de José Sarto (PDT), que deve despontar na tentativa de reeleição em Fortaleza. O gestor apresentou vídeo institucional sobre as ações da Prefeitura e recebeu diversos elogios de Ciro, RC e Figueiredo. 

Na chegada ao evento, Sarto foi carregado nos braços por apoiadores. Aliados e militantes gritavam "Sarto vai ser reeleito prefeito" e outros cânticos em apoio. Realizado em hotel na Beira Mar, a reunião tinha potencial de receber uma multidão, mas acabou registrando um número reduzido de apoiadores. 

André Figueiredo discursa em evento da cúpula pedetista
André Figueiredo discursa em evento da cúpula pedetista

André acha natural insatisfeitos quererem deixar PDT, mas lembra que prazo para deputados é 2026

O presidente do PDT nacional e do diretório cearense da sigla, André Figueiredo, comentou que as divergências dentro do partido são naturais e admitiu que deputados, prefeitos e vereadores podem deixar a legenda. Porém, destacou os prazos legais para isso.

No caso dos deputados, é seis meses antes da eleição estadual e federal: ou seja, março de 2026. Quem sair fora desse período corre o risco de perda de mandato.

O dirigente partidário subiu o tom em relação às divergências no partido. Antes, o discurso era em busca de diálogo entre as opiniões diversas. Agora, Figueiredo já fala abertamente em saídas da sigla.

"É natural que algumas pessoas que não se sintam bem no partido queiram sair. Agora, existe uma janela partidária. Aqueles que foram eleitos pelo partido têm de saber que eles, no momento adequado, terão de estar com o partido de todo jeito. A janela para deputado só é em março de 2026", afirmou Figueiredo, antes do encontro regional que o PDT promove nesta quinta-feira, 22, e na sexta-feira, 23, em Fortaleza.

Ele também comentou sobre o risco de perda de prefeitos e vereadores. Prefeitos não estão sujeitos à regra de fidelidade partidária. Já os vereadores terão janela para troca de legenda em março de 2024.

"Eu ainda não vi a saída de nenhum prefeito que, efetivamente, tenha sido eleito pelo PDT e que estivesse conosco nas eleições de 2022. Eu não vi, pode ser que surja, é natural. O Governo do Estado, digamos, é muito atraente. E nós não estamos, evidentemente, enquanto partido, na base. Não estamos. O Governo do Estado é atraente. Caso algum queira sair do PDT, faremos de tudo para que não saia, mas é um direito. Assim como vereadores. A janela das eleições municipais é em março do ano que vem".

O prefeito de Fortaleza, José Sarto, chegou ao encontro e foi carregado nos braços por apoiadores.

Disputa pela direção

Figueiredo também falou da intenção do senador Cid Gomes de disputar a direção do PDT no Ceará. "No momento adequado, que é no final do ano, quando vamos ter a renovação do diretório, aí sim a gente vê quem será o próximo candidato".

Ele evitou a pressão para antecipar o debate. "Qualquer filiado ao PDT tem direito de ser candidato. Agora, a convenção será realizada em dezembro. Não tem por que antecipar fatos".

Cid, insatisfeito, orientou os aliados a não irem ao encontro, como mostrou a coluna de Carlos Mazza. (colaborou Érico Firmo)


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