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Falta de acordo por emendas "trava" passe livre estudantil na Câmara Municipal
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Falta de acordo por emendas "trava" passe livre estudantil na Câmara Municipal

Prevista para ser votada em até duas semanas, proposta de passagens gratuitas para estudantes tramita há mais de um mês no Legislativo
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EXPECTATIVA é que CMFor vote passe livre estudantil até a próxima semana  (Foto: Érika Fonseca/Cmfor/divulgação)
Foto: Érika Fonseca/Cmfor/divulgação EXPECTATIVA é que CMFor vote passe livre estudantil até a próxima semana

Originalmente prevista para ser votada em apenas duas semanas, matéria do prefeito José Sarto (PDT) que cria o passe livre estudantil de Fortaleza acumula atrasos e já tramita há 38 dias na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor). Entre as razões da demora, estão a falta de acordo entre base e oposição sobre parte das emendas apresentadas ao projeto.

Enviada pelo prefeito ao Legislativo em 25 de setembro, a proposta até teve tramitação rápida no início, chegando a ser aprovada em um grupo de comissões conjuntas da Casa apenas três dias depois, em 28 de setembro. A fase de análise de emendas, no entanto, acabou "embarreirando" avanço da matéria.

Ao todo, vereadores apresentaram 34 propostas de alteração do texto do prefeito. Entre elas, estão desde a ampliação do benefício para quatro passagens diárias à disponibilidade de uso do benefício aos fins de semana e feriados. Segundo o presidente da Câmara, Gardel Rolim (PDT), a expectativa é que a matéria seja votada até a próxima semana.

Pelo texto enviado por Sarto, está prevista a concessão de duas passagens gratuitas diárias em transportes coletivos — uma de ida e outra de volta — para estudantes de Fortaleza, seja de rede pública ou privada. Após o uso dessas duas gratuidades, o estudante ainda pode usufruir da tarifa estudantil, em R$ 1,50, para adquirir novas passagens.

Uma das alterações mais polêmicas prevê a mudança do nome do projeto em si, que é chamado pela mensagem do prefeito como "lei do passe livre" de Fortaleza. Para opositores como Júlio Brizzi (PDT), no entanto, o projeto deveria ser renomeado para "lei do transporte escolar", uma vez que o número de passagens concedido pela proposta é limitado.

"Passe livre diz respeito ao acesso irrestrito ao transporte público, inclusive para o esporte e o lazer. Não é disso que trata a proposta", afirma Brizzi.

Polêmica, a emenda já foi rebatida por vereadores da base de Sarto na tribuna, como Adail Júnior (PDT). "O que importa é que essa promessa da passagem para os alunos é antiga, todo mundo prometeu, e só o prefeito Sarto está fazendo", diz. "Agora até da palavra que é usada querem reclamar", conclui.

Líder do governo José Sarto, o vereador Carlos Mesquita (PDT) afirma que a demora ocorre pois a base do prefeito ainda analisa quais emendas poderão ser incorporadas ao texto.

"Estamos discutindo inclusive com o Sindiônibus, porque há possibilidade de aprovarmos algumas emendas que dependiam deles. Mas vai dar certo", afirma, também avaliando que a questão deverá ser resolvida até a próxima semana.

"É uma matéria difícil, pois o que a oposição quer é o passe livre total em todas as viagens e a mensagem só contempla duas passagens por dia, para ir e vir da escola. Por isso, estamos estudando algumas emendas para fazer o melhor possível dentro do custo, já que não podemos fazer emendas que gerem despesas para o Executivo", afirma.

Segundo O POVO apurou, algumas das emendas que podem ser aprovadas envolvem a extensão do benefício para alguns grupos específicos. Uma emenda de Márcio Martins (Solidariedade) que concede a gratuidade também para acompanhantes de estudantes com deficiência física ou cognitiva, por exemplo, deve ter apoio do bloco governista.

A criação do passe livre estudantil em Fortaleza está em processo de elaboração desde 26 de janeiro deste ano, quando o prefeito criou um Grupo de Trabalho para estudar a viabilidade da instituição do benefício na Capital.

O grupo também avaliou a possibilidade de "identificar novas fontes de financiamento para a criação do Fundo Municipal do Transporte Público e traçar estratégias para aprimorar a integração entre coletivos e outros modais".

Neste sentido, por exemplo, a Prefeitura anunciou no início de outubro o programa "Pedala Mais Fortaleza", com novas diretrizes da política cicloviária da capital e com meta de dobrar o número de ciclistas.

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