Mais um episódio se desenrolou após a vice-governadora Jade Romero (MDB) se tornar alvo de vereadores de Fortaleza aliados do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e do atual José Sarto (PDT). Na manhã desta quarta-feira, 6, o vereador Lúcio Bruno (PDT) subiu na tribuna da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) para se defender das acusações de misoginia após afirmar, no dia anterior, que Jade estaria sendo "menina de recado".
"Tenho a governadora na Jade na conta como uma mulher preparada e competente, uma mulher séria. Tenho e continuo tendo, mas ontem foi incrível como falas mal colocadas, não por mim, mobilizaram o estado do Ceará todinho. Inclusive até o próprio governador, que estava sumido, apareceu, me acusando de misoginia, essa carapuça não me serve", disse.
Aliado do prefeito, o vereador também questionou a movimentação do bloco governista de lançar o presidente da Assembleia Legislativa (Alece), Evandro Leitão (de saída do PDT), como candidato para a Prefeitura de Fortaleza. O deputado é cotado para se filiar ao PT, sigla que já tem a deputada federal Luizianne Lins (PT) como uma das pré-candidatas.
"Eu quero ver o que essa turma todinha que estava ontem dizendo que eu fiz isso (ser misógino) vai usar para justificar. Por que alguém ainda tem dúvida que o (Palácio da) Abolição vai dar uma rasteira na Luizianne Lins? Alguém tem dúvida? Eu não tenho. Eu quero ver o que vão dizer quando tirarem a candidatura legítima de uma mulher guerreira para colocar um homem. Vão dizer que isso é violência de gênero? E pode ser que coloquem um homem que nem do PT é", finalizou.
Outro aliado de Sarto, Adail Jr. (PDT) também subiu à tribuna para comentar o caso e disse que seria "fácil demais defender governadora". Segundo eles, as críticas a Jade foram direcionadas às suas falas no posto de vice-governadora.
Ele sugeriu que houve uma "determinação" para que os deputados defendessem a governadora com a "mesma acusação". "Eu venho à tribuna independente de gênero. Sempre que venho à tribuna para criticar e elogiar é o ou a gestora, independente de gênero. Jamais, sou casado há quase 30 anos, amor da minha vida é minha filha. E me acusaram orquestradamente esses deputados estaduais", afirmou.
Em entrevista à coluna do jornalista Carlos Mazza, do O POVO, na última sexta-feira, 1º de dezembro, Jade rebateu as críticas feitas por RC às áreas de segurança e saúde do Governo do Estado e disse que o pedetista “ainda não saiu” do papel de candidato. Na fala, a gestora disse que RC faria com Sarto "a mesma coisa que fez com Izolda (Cela, ex-governadora)", ao mencionar o processo de escolha do candidato do PDT no ano passado.
Os vereadores Lúcio Bruno e Adail Júnior afirmaram na última terça-feira, 5, na tribuna da CMFor, que Jade seria “menina de recados” e “garganta de aluguel”. "Não se deixe levar, usarem a garganta da senhora como garganta de aluguel. Vocês do Governo do Estado deviam estar preocupados é com essa discussão de quem será o candidato do PT", disse Adail na terça.
As falas ganharam rápida repercussão no grupo governista, que classificou as declarações como “misógina” e “machista”. A própria Jade comentou, definindo as declarações como "discursos ameaçadores". “Ataques misóginos, discursos ameaçadores não irão silenciar minha voz. Sigo cada vez mais firme na luta", publicou a governadora em exercício nas redes sociais.
O governador Elmano de Freitas (PT) também reagiu e classificou as declarações nas redes sociais como "machismo, misoginia e desrespeito". Na mesma linha seguiram, Evandro e o líder do governo, o deputado Romeu Aldigueri (PDT).
A deputada estadual Lia Gomes (PDT), em postagem da Procuradoria da Mulher da Alece (presidida pela parlamentar), também se manifestou em solidariedade à vice-governadora. "É inaceitável que mulheres sejam atacadas apenas por exercer o seu direito democrático de participar ativamente da política. Nenhuma divergência de ideias justifica tal violência política de gênero", postou o perfil da Procuradoria da Mulher da Alece.