Em sua quinta visita ao Ceará desde que assumiu o governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou investimentos em educação e saúde em evento no Palácio da Abolição e entregou 416 unidades habitacionais do Residencial Cidade Jardim III, em Fortaleza. Em ambas as agendas realizadas nesta quinta-feira, 20, o chefe do Executivo brasileiro classificou, sem citar nomes, as gestões dos ex-presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB) de "praga de gafanhoto".
“Vamos inaugurar um conjunto habitacional (em Fortaleza) e vocês vejam como é o desgoverno. Esse conjunto poderia ter sido inaugurado em 2018, pois entrou uma praga de gafanhoto para governar o País, comeu as esperanças do povo e não inaugurou. Pois hoje vou entregar a chave com oito anos de atraso para as pessoas que precisam de moradia”, discursou Lula na sede do Governo do Ceará. O período abrange suas gestões anteriores à do petista.
Durante a tarde, quando entregou as chaves para beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida, o petista reforçou o discurso. "Esse programa já fez até hoje 7,8 milhões casas, mas ele poderia ter feito 12 milhões de casas se a gente não tivesse dado um golpe e derrubado a presidente Dilma [Roussef] e colocado aquela praga de gafanhoto para governar esse País e destruir aquilo que a gente estava construindo. Eu, quando voltei à Presidência da República, a primeira coisa que eu fiz foi o seguinte: 'nós vamos retomar o Minha Casa Minha Vida'. E vocês não têm noção da quantidade de casas que nós encontramos abandonadas'".
O comentário do presidente foi, ainda, antecipado pelo governador Elmano de Freitas (PT), que também comparou antecessores de Lula a uma "praga". "Podia estar pronta em 2018 [o residencial]. Passou 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 e vocês tiveram que esperar, mas [em] 2022 nós tiramos a praga e botamos o Lula na presidência do Brasil. E agora nós podemos dizer: 'ah, como valeu a pena botar o nordestino na Presidência do Brasil e nós estamos recebendo a chave da nossa casa'. É isso que nós falamos de quem prioriza a vida do nosso povo".
Apesar das considerações, os compromissos de Lula em Fortaleza deixaram as eleições municipais em segundo plano. A chacina que vitimou sete pessoas e deixou outras duas feridas em Viçosa do Ceará, além do incêndio no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), afastaram os holofotes da pauta da corrida eleitoral. Nenhum dos encontros, por exemplo, contou com a presença do presidente da Casa e pré-candidato do PT a prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão. Ele e colegas de parlamento se dirigiram à Alece para tratar da situação. Contudo, o postulante recebeu o presidente junto ao governador na base aérea de Fortaleza.
Quem se fez presente no evento do Palácio da Abolição, no entanto, foi o prefeito e pré-candidato à reeleição na Capital, José Sarto (PDT). Ao cumprimentar as autoridades, o ministro Camilo Santana (Educação) citou nominalmente o pedetista dentre elas. O prefeito, por sua vez, esteve no Abolição após quase um ano. Havia uma expectativa de que ele fosse para entrega do residencial, o que não ocorreu. Camilo e Sarto compõem grupos que já foram aliados, mas racharam em 2022 durante a definição da candidatura governista para o Abolição.
Na sede do governo, Lula discursou ao lado dos chefes da pasta da Educação e do Executivo cearense, além de outras autoridades, entre deputados, senadores, prefeitos e ministros. O presidente reforçou investimentos da sua gestão em educação e destacou a importância de oportunidades de estudo iguais para todos.
“O que nós fizemos aqui hoje não foi um gesto pequeno. Quando eu convidei esse homem (Camilo) para ser ministro não foi porque ele é bonitão, bem casado, foi porque aqui no Ceará, esse Estado sofrido, com seca, está a melhor experiência educacional do Brasil”, destacou o petista.
Enquanto isso, no habitacional, Lula visitou um dos apartamentos com a beneficiária Verônica Lima e lhe deu a missão de cuidar de uma árvore que ele e Elmano plantaram em uma área próxima às moradias. O governador, por sua vez, pediu uma salva de palmas para os operários que trabalharam na construção do residencial. Todas as autoridades ficaram de pé para atender ao pedido do petista.
Colaborou o repórter Vitor Magalhães