Logo O POVO+
Ciro vira réu na Justiça Eleitoral por violência política de gênero contra Janaína Farias
Politica

Ciro vira réu na Justiça Eleitoral por violência política de gênero contra Janaína Farias

Contra Ciro, já há uma determinação na Justiça de Brasília que proíbe o ex-presidenciável de falar da senadora
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
CIRO fez falas machistas contra Janaína Farias (Foto: André Lima/CMFor e Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Foto: André Lima/CMFor e Edilson Rodrigues/Agência Senado CIRO fez falas machistas contra Janaína Farias

A 115ª Zona da Justiça Eleitoral acatou a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) contra o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) pelo crime de violência política de gênero. Entendimento do MP Eleitoral, de onde partiu a denúncia, é que, em entrevistas à imprensa, o pedetista constrangeu e humilhou a senadora Janaína Farias (PT), "desmerecendo-a para o exercício do mandato em razão do gênero dela, com insinuações de cunho sexista e misógino".

A denúncia foi recebida na quinta-feira da semana passada, 11, o que torna o pedetista réu no caso. Ainda não há punições porque o caso ainda não foi julgado. As declarações usadas foram dadas por Ciro em maio deste ano em entrevistas ao jornal O Globo e à revista Insider, com repercussão em outros jornais e portais locais e nacionais.

Na denúncia, a Promotoria Eleitoral citou o artigo 326-B, do Código Eleitoral, que define como crime de violência política de gênero o ato de “assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar, por qualquer meio, candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia, com a finalidade de impedir ou de dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo”.

Na esfera cível, Ciro já tem impedimentos para mencionar a senadora. Em maio, a juíza Patrícia Vasques Coelho, da 12ª Vara Cível de Brasília, deferiu pedido de tutela de urgência da petista para que Ciro se abstivesse de repetir e divulgar ofensas de teor machista contra a parlamentar, sob pena de multa de R$ 30 mil por cada novo caso.

O pedido integra ação cível movida por Janaína no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDF), que também foi recebido pela decisão da juíza. Na ação, Farias cobra indenização de R$ 300 mil por dano moral por ataques machistas do ex-ministro.

Os processos mencionam as falas do pedetista na época da posse de Janaína em meados de abril. Ele, em diversas entrevistas, se refere a ela como "cortesã" e "assessora para assuntos de cama" do ministro da Educação, Camilo Santana (PT).

Em outra entrevista, veiculada no Youtube, Ciro voltou a falar de Janaína. “Ela só fez serviço particular do Camilo, e serviço particular, assim, é o harém, são os eunucos, são as meninas do entorno. Ela sempre foi encarregada desse serviço”, chegou a dizer Ciro Gomes.

Janaína é a segunda suplente da vaga de Camilo no Senado. Na Casa, Janaína teve apoio da bancada feminina, que apresentou um pedido de voto de repúdio a Ciro Gomes. As parlamentares, tanto da esquerda quanto da direita, classificaram a fala como um "desrespeito" e "discriminação de gênero".

O requerimento diz que "casos como este somente reforçam a importância de se trabalhar incansavelmente pela equidade de gênero e pelo respeito mútuo no âmbito político e em todos os setores da sociedade".

Em junho, como informou a coluna Vertical, a senadora apresentou novo pedido na ação em tramitação. Na nova petição, a petista cobra o pagamento extra de R$ 60 mil por duas novas entrevistas, divulgadas entre 26 e 31 de maio, quando Ciro se referiu à senadora como "cortesã".

Janaína destacou que as falas foram feitas mesmo após a Justiça fixar, ainda em maio, multa de R$ 30 mil para cada vez que Ciro voltasse a citar a senadora com termos sexistas.

O que você achou desse conteúdo?