Uma das primeiras decisões que candidatos a cargos eletivos têm que encaminhar é a forma como se apresentarão ao eleitorado durante a campanha e no dia da votação. Para isso, definem seus respectivos nomes de urna. É comum que postulantes a prefeito utilizem da ferramenta de urna para reforçar laços familiares ou relações políticas.
No Ceará, as eleições de 2024 registram diversos candidatos a prefeito que utilizam do “nome composto” na urna, usando o próprio nome e complementando com uma referência a um ator ou padrinho político conhecido no contexto local. A prática é tradicional, sobretudo em cidades do Interior, onde é comum identificar ou conhecer alguém por “fulano de sicrano” ou “beltrano do fulano”.
O modelo se incorpora na política e utiliza tanto de laços familiares, quando um prefeito ou prefeita lança os filhos, parentes, a esposa ou o marido a cargos; como também nas relações políticas, quando um candidato utiliza o nome de um aliado político para se promover a partir da relação pré-existente.
É possível exemplificar com casos recentes, inclusive na Capital. Em 2020, o então candidato a prefeito de Maracanaú, Júlio César Filho, aderiu ao nome de urna “Julinho líder do Camilo”. Uma referência ao então governador Camilo Santana (PT), visto como um bom cabo eleitoral por Julinho, que exerceu a função de líder do governo Camilo na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
Neste ano, a candidata a vereadora de Fortaleza Isabella Antônnia Casale Rocha Carneiro Leão (PL), esposa do deputado estadual Carmelo Neto (PL), utilizará o nome do marido na urna, se identificando como “Bella Carmelo”. A alcunha foi alvo de questionamento do Ministério Público Eleitoral devido à inclusão do nome do esposo. Bella alegou ser conhecida pelo nome do marido e outras questões para manter a nomenclatura, o que foi acatado pela Justiça.
Outro caso recente envolve a candidata a vereadora Dayane Costa (Podemos), que tentava utilizar a alcunha de “Dayane do Sarto”, em referência ao prefeito de Fortaleza, na urna. No entanto, a Justiça barrou o uso do termo.
Como noticiou a coluna Vertical, do O POVO, a defesa da candidata citou precedentes e alegou que a mudança poderia causar graves prejuízos à campanha. No entanto, a Justiça entendeu que a documentação apresentada não demonstrou fundamentação verossímil quanto à utilização do nome.
Em Pentecoste, não um, mas dois candidatos se apoiam em nomes de aliados para as eleições deste ano. Candidato do PSB, Vicente de Paulo Sousa e Silva aparecerá na urna com o nome "Vicente do Zuza".
Além dele, a candidata do PMB "Tonha do Danusio Lorel" substituiu o próprio Danusio Lorel, que teve a candidatura inabilitada pela Justiça, Eleitoral.
Veja abaixo alguns candidatos a prefeito, em municípios cearenses, que utilizam a estratégia de reforçar relações com terceiros a partir dos seus respectivos nomes de urna.