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Tarcísio de Freitas admite que seu discurso alimentou violência policial
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Tarcísio de Freitas admite que seu discurso alimentou violência policial

Governador de São Paulo promete mudar a retórica depois da repercussão dos últimos acontecimentos. Na Assembleia, oposição pede afastamento do secretário de Segurança. Guilherme Derrite
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Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo (Foto: Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP)
Foto: Marcelo S. Camargo / Governo do Estado de SP Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reconheceu que sua retórica na área de segurança pública, ao enfatizar o uso da força policial, pode ter influenciado o aumento da violência policial no Estado. O chefe do Executivo estadual também destacou que a maior preocupação dos paulistanos hoje é com a segurança pública, que classificou como "uma ferida aberta".

"Às vezes, cometemos erros. Nosso discurso tem peso e, se erramos a mão no discurso, isso tem peso. Hoje, é fácil reconhecer isso", disse o governador. "Como modular o discurso? Para garantir, de fato, segurança jurídica, mas também o atendimento às normas, o atendimento aos procedimentos operacionais, como não permitir o descontrole, como deixar claro que não existe salvo-conduto", acrescentou.

A declaração de Tarcísio marcou uma mudança em seu posicionamento. Em ocasiões anteriores de denúncias de violência policial, como nas operações Escudo e Versão, o governador costumava demonstrar desdém pelas acusações, argumentando que os indicadores de criminalidade confirmavam o sucesso da política de segurança.

Desta vez, porém, ele não apenas reconheceu que errou em seu discurso, mas também admitiu que a segurança pública "é uma ferida aberta, uma chaga". A fala foi feita na presença do secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite.

Na Assembleia Legislativa, deputados protocolaram semana passada um pedido de impeachment contra o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. A requisição, assinada por 26 deputados, denuncia casos recorrentes de abusos de poder e homicídios praticados por policiais militares.

No pedido de impeachment, os deputados listam 12 casos de violência policial registrados nos últimos dois anos. Entre eles, a morte de Felipe Vieira Nunes, um vendedor ambulante de 30 anos, cujo corpo foi encontrado na Vila Baiana, em Guarujá (SP), com sinais de tortura, incluindo queimaduras de cigarro e hematomas na cabeça, após, segundo testemunhas, ter sido abordado por policiais.

A Secretaria da Segurança Pública disse em nota que mantém suas corregedorias bem estruturadas e atuantes para apurar qualquer desvio de conduta de seus agentes. 

 

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