No cenário brasileiro, a eventual crise de incumbentes tem nuances. Em 2024, não houve eleições nacionais, mas municipais. No âmbito local, a força de quem está no poder segue muito significativa. Nas capitais, 20 prefeitos tentaram a reeleição e 16 conseguiram. Mais que aspectos globais ou conjunturais, o que mais pesa para a continuidade ou não de um ciclo político numa prefeitura é a avaliação que os eleitores fazem da administração, mostrou pesquisa AtlasIntel. Foi, inclusive, o que se constatou em Fortaleza.
Um aspecto curioso nas eleições brasileiras nas capitais: muitos prefeitos se reelegeram, mas poucos emplacaram sucessor. De um total de 26, os já citados 16 foram reeleitos. Passaram quatro anos e obtiveram mais quatro. Porém, apenas dois prefeitos que já estavam no segundo mandato — e, portanto, não podiam concorrer à reeleição — conseguiram eleger um sucessor apoiado por ele.
Em Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD) foi eleito com apoio do então prefeito Rafael Greca (PSD). Em Natal, Paulinho Freire (União Brasil) foi o candidato do agora ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos). Ambos os ex-prefeitos vinham de dois mandatos seguidos.
Quatro prefeitos tentavam a reeleição e nem mesmo chegaram ao segundo turno. Todos os prefeitos que conseguiram ir ao segundo turno obtiveram o novo mandato. Outros quatro prefeitos tentaram emplacar sucessores, mas fracassaram.
Pelo resultado eleitoral, há indicativos de que o eleitor está propenso a conceder oito anos de mandato a políticos bem avaliados, mas resiste a eleger os sucessores e propiciar 12 anos de poder do mesmo grupo.
Nas gestões municipais, os grandes vitoriosos foram partidos do chamado centrão. Já no plano nacional, prevalecem os candidatos de campos antagônicos, que têm polarizado a política brasileira.
Tanto pelo mundo quanto no Brasil, há poucos elementos para analisar se há mesmo um ciclo de resistência ao incumbentes. Em 2022, Jair Bolsonaro (PL) era presidente da República e perdeu a reeleição. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se elegeu na ocasião e pretende passar por novo teste nas urnas em 2026.
Poderá ser a sétima eleição presidencial disputada por ele. Em seis até agora, venceu as três primeiras e venceu as três seguintes.