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Cearenses repatriados dos EUA são na maioria homens de 30 a 39 anos
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Cearenses repatriados dos EUA são na maioria homens de 30 a 39 anos

Aeroporto de Fortaleza tornou-se, desde fevereiro, o ponto de recepção do Brasil dos repatriados que chegam dos Estados Unidos
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Chegada dos repatriados ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Chegada dos repatriados ao Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza

Dos 680 brasileiros repatriados dos Estados Unidos ao Brasil entre fevereiro e maio deste ano, 11 tiveram como destino o Ceará. O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) divulgou o perfil detalhado dos deportados, que chegaram ao Brasil por Fortaleza.

Os dados de perfis foram compilados pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A maioria dos que ficaram no Ceará são homens. Houve apenas uma mulher. Sete dos onze têm de 30 a 39 anos. Houve duas pessoas entre 40 e 49 anos. Uma tinha de 18 a 29 anos e uma, de 50 a 59 anos.

As deportações ocorrem em meio a uma política mais rigorosa contra imigrantes desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desses, 10 pessoas chegaram em voo no dia 7 de fevereiro e uma outra veio no dia 28 de março.

Nesse último, o cearense era natural de Aracati, município distante 147,13 km de Fortaleza. À época, o voo trouxe 104 brasileiros. O homem, que não foi identificado, afirmou que ficaria na capital cearense e disse, ainda, que o traslado foi tranquilo.

Sobre a moradia, 40% deles, ao chegar no Brasil, residem com familiares, outros 40% têm casa própria e os demais possuem outras formas de acolhimento.

Em relação às áreas de atuação profissional: dois são motoristas, um eletricista, um profissional de suporte em TI e um tradutor compõem o grupo. As ocupações dos demais não foram divulgadas.

Houve sete operações de repatriação de deportados entre 7 de fevereiro e 9 de maio. Fortaleza foi definida como o local de recepção para os brasileiros repatriados. Após o primeiro acolhimento, há outro voo para levar aqueles que desejam até o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte (MG), de onde podem seguir para outros eventuais destinos.

O primeiro voo de deportados desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos chegou ao Brasil no dia 24 de janeiro. O avião pousou em Manaus, onde faria conexão para Belo Horizonte. Porém, houve necessidade de manutenção e o voo não seguiu para a capital mineira. No desembarque, os brasileiros desceram do avião algemados, o que provocou mal-estar diplomático e levou o Itamaraty a cobrar explicações.

Entre 2022 até antes da posse de Trump, o Brasil recebeu 45 voos de repatriados, com mais de nove mil brasileiros somados. O uso de algemas era frequente.

A partir do voo seguinte, em 7 de fevereiro, o desembarque e acolhimento passou a ocorrer em Fortaleza. O objetivo foi evitar que os brasileiros percorram território nacional algemados, além de encurtar a viagem. Quando o avião pousa, as algemas são retiradas ainda dentro da aeronave, antes do desembarque.

Após serem recebidos em Fortaleza, é disponibilizada aeronave para levar os que desejarem até Belo Horizonte.

Maioria dos brasileiros repatriados trabalhavam mais de 8 horas por dia nos Estados Unidos

O Brasil recebeu 680 repatriados entre os meses de fevereiro a maio deste ano, em sete operações organizadas pelo Governo Federal. Em detalhamento, foram 526 homens, 142 mulheres e 12 não informaram o gênero. Desse total, 83,72% chegaram sozinhos. Já 16,28% vieram acompanhadas de familiares. Ao desembarcarem, 56,99% foram acolhidos por suas famílias, enquanto 33,03% seguiram para residência própria e 3,23% ficaram em residências de amigos.

Sobre a faixa etária, a principal é a de 18 a 29 anos, que representa 34,33% desse número, seguido das pessoas entre 30 e 39 anos, o equivalente a 28,84%. O terceiro grupo etário com mais pessoas é o de 40 a 49 anos, com 23,69%.

Ao desembarcarem em solo brasileiro, o estado que mais recebeu repatriados foi Minas Gerais, com um total de 310 pessoas, o que equivale a 47,55% do total. Em segundo lugar está Rondônia com 74, seguido de São Paulo, com 57.

Goiás aparece em quarta posição e recebeu 40 brasileiros. O Pará vem logo em seguida, com o equivalente a 37 pessoas das mais de 600 que voltaram para o Brasil. Outros estados que foram destino, mas não tiveram os números exatos divulgados: Espírito Santo; Rio de Janeiro; Ceará; Paraná; Mato Grosso; Distrito Federal; Santa Catarina.

Já no País, o MDCH aponta que 70,63% dos repatriados pretendem trabalhar, enquanto 19,64% querem conciliar estudo e trabalho. Há também os que desejam se dedicar apenas aos estudos, equivalente a 6,60% do grupo. Sobre a escolaridade, a maioria tem ensino médio completo ou incompleto.

A maioria dos brasileiros repatriados morou por curtos períodos nos EUA, especialmente nos estados do Texas, Massachusetts, Flórida e Nova Jersey. Conforme levantamento divulgado pelo MDHC, 75,70% dessas pessoas trabalhavam mais de 8 horas por dia em situações, às vezes, precarizadas.

Um total de 11,25% disseram não estudar nem trabalhar e 5,12% tinham jornadas inferiores a 8 horas. Já 5,37% conciliavam estudos e trabalho, enquanto 2,56% dedicavam-se exclusivamente a estudar. Sobre o contexto familiar, 38,8% não deixaram parentes nos EUA.

Já 23,16% disseram ter deixado ao menos um familiar e 12,59% relataram que cinco ou mais parentes ficaram no país estrangeiro. (Rogeslane Nunes)

Voos para deportar imigrantes custaram mais de US$ 21 milhões ao Exército dos EUA

O Exército dos Estados Unidos gastou mais de 21 milhões de dólares (R$ 119 milhões) em voos para deportar imigrantes dos Estados Unidos desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, em 20 de janeiro.

Trump considera que o país sofre uma "invasão" e prometeu expulsar milhões de imigrantes em situação irregular, aos quais chama de "criminosos" por terem entrado sem visto nem permissão.

Ele também mobilizou milhares de tropas adicionais na fronteira dos Estados Unidos com o México, às quais concedeu o poder de deter migrantes em algumas áreas.

O Comando de Transporte dos Estados Unidos (Transcom) relatou 46 voos em aeronaves militares entre 20 de janeiro e 8 de abril.

"Os voos totalizaram 802,5 horas a um custo médio de 26.277 dólares por hora de voo", informou o TRANSCOM à senadora Elizabeth Warren, que divulgou as respostas a uma série de perguntas que havia feito.

Isso totaliza mais de 21 milhões de dólares.

Warren, membro do comitê de serviços armados do Senado, considera que "todo americano deveria estar indignado" porque Trump "desperdiça recursos militares para bancar suas artimanhas políticas".

O presidente republicano invocou em março a lei de inimigos estrangeiros de 1798, usada até então apenas em tempos de guerra, para enviar pessoas que ele acusa de serem membros da gangue venezuelana Tren de Aragua para uma mega prisão em El Salvador.

No entanto, as medidas migratórias, sobretudo as expulsões aceleradas, enfrentam resistência de muitos tribunais e juízes que exigem o devido processo legal para os imigrantes.

O subchefe de gabinete, Stephen Miller, afirmou que a administração cogita suspender o direito de uma pessoa de contestar sua detenção judicialmente, conhecido como habeas corpus. (AFP)

Primeiro grupo de sul-africanos brancos chega aos Estados Unidos

Um grupo de cerca de 50 sul-africanos brancos descendentes de colonos europeus chegou nesta semana aos Estados Unidos, depois que o presidente Donald Trump lhes concedeu o status de refugiados como vítimas do que chama de genocídio.

Trump prometeu não apenas a expulsão em massa de imigrantes em situação irregular, mas também restringiu quase que totalmente a chegada de solicitantes de asilo. Uma exceção foi feita para os africâneres — descendentes de colonos europeus, principalmente holandeses e alemães —, embora a África do Sul insista em que eles não sofrem nenhum tipo de perseguição.

Um primeiro grupo de 49 sul-africanos brancos, a maioria famílias de agricultores, desembarcou no aeroporto internacional da Virgínia, procedente de Joanesburgo.

Trump disse que eles fogem do que chamou de "situação terrível" na África do Sul, país onde nasceu seu assessor Elon Musk, o homem mais rico do mundo. O presidente americano considera que eles estão sendo assassinados e usou a palavra "genocídio".

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, negou a acusação de que os africâneres são perseguidos e disse ter ressaltado isso a Trump por telefone. "Somos o único país do continente onde os colonizadores vieram para ficar e nunca os expulsamos", ressaltou o presidente.

O grupo de identidade africâner AfriForum registrou 49 assassinatos de agricultores em 2023 e 50 no ano anterior. O país registra uma média de 75 assassinatos por dia, dos quais a maioria das vítimas são jovens negros em áreas urbanas, segundo dados oficiais.

Para o autor africâner Max du Preez, atribuir aos brancos o status de vítimas na África do Sul vai "além do absurdo". "As pessoas que fugiram agora provavelmente foram motivadas por questões financeiras ou por falta de vontade de viver em uma sociedade pós-apartheid onde os brancos já não têm o controle."

Os sul-africanos brancos, que representam 7,3% da população, desfrutam de um padrão de vida superior ao da maioria negra do país. Os governos liderados por africâneres impuseram um sistema de segregação racial que negou à maioria negra direitos políticos e econômicos de 1948 até a queda, em 1994.

A cooperação entre os Estados Unidos e a África do Sul passa por um momento de turbulência devido a temas como a relação com a China e o pertencimento ao bloco Brics, além de os sul-africanos terem acusado Israel de praticar "atos genocidas" em Gaza. (AFP)

 

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