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RC diz ter garantia do União na oposição em 2026 e afirma: "PT sempre foi oposição a mim"
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RC diz ter garantia do União na oposição em 2026 e afirma: "PT sempre foi oposição a mim"

|Movimentação| Ex-prefeito diz alinhamento com conservadores não é "cavalo de pau" e quer atrair inclusive o PDT, do qual acaba de se desfiliar
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EX-PREFEITO de Fortaleza, Roberto Cláudio (Foto: João Filho Tavares)
Foto: João Filho Tavares EX-PREFEITO de Fortaleza, Roberto Cláudio

Ao decidir se mudar do PDT para o União Brasil, o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, recebeu garantia de que o partido de Capitão Wagner seguirá como oposição no Ceará nas eleições do ano que vem, apesar das tratativas que tentam levar a sigla para a base e de haver setores do partido próximos ao governo Elmano de Freitas (PT) — como a ala do prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa.

Roberto não confirma se será o candidato do bloco de Jair Bolsonaro (PL) no Ceará. Ele defende que a construção de palanques nacionais dependerá do que acontecerá até lá.

Ele considera que a aproximação com o campo conservador e bolsonarista se deu de forma natural, num processo iniciado em 2022. O ex-prefeito ressalta que o PT sempre fez oposição a ele e ao grupo dele em Fortaleza. E diz que a formação de um bloco de oposição para disputar o Governo do Ceará em 2026 surge de constatação de que a divisão seria favorável ao PT.

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Nesse entendimento, ele afirma que buscará o senador Eduardo Girão, que tem sido crítico à possibilidade de o ex-pedetista ser candidato a governador no próximo ano. E, apesar da saída do PDT, Roberto Cláudio tem expectativa de ter apoio do PDT. Confira entrevista do ex-prefeito ao O POVO.

O POVO - Na federação PP e União Brasil, há gente que defende o governo (PP é governista no Ceará). Há garantia de que o União Brasil segue como oposição no ano que vem?

Roberto Cláudio - Eu ouvi do presidente estadual, não é? Essa foi uma conversa bem objetiva com o presidente estadual, que é o (Capitão) Wagner, e com o presidente nacional, que é o (Antonio) Rueda, de que a a federação será o partido aqui que irá compor a frente de oposição no Estado do Ceará. Então tem essa definição. Eu tenho os dois, tanto o presidente nacional como do presidente estadual, inclusive com o desejo do partido de lançar uma pré-candidatura ao governo do partido, da federação.

OP - O PDT está na Prefeitura, mas não está no Governo do Estado. O senhor gostaria de ter o apoio do PDT no próximo ano?

Roberto Cláudio - Sim, eu saio com relação de respeito, de amizade, de gratidão ao diretório estadual, muito especialmente também ao presidente do partido (deputado André Figueiredo). Obviamente, tem uma esperança, uma expectativa de que eventualmente em sendo pré-candidato a governador, que eu posso eventualmente ser, que seria uma honra para mim, um apoio também do PDT.

OP - Quando se reuniu com oposição, o Ciro falava que o debate era sobre Ceará, que aquilo que unia aquele grupo era sobre o Ceará, mas o senhor esteve com ex-presidente Bolsonaro também. O senhor pensa, tem no horizonte ser o palanque do bolsonarismo no Ceará em 2026?

Roberto Cláudio - Olha, todas as conversas que nós tivemos até agora internamente, tanto eu ainda no PDT, como agora já a caminho do União Brasil, com os outros partidos, incluindo o PL, que fazem parte da oposição, têm tratado especificamente do Ceará. É a construção de uma frente única, que possa sinalizar um caminho de mudança, mas também um projeto de esperança e de ruptura com o conjunto de equívocos, de erros na condução da política, econômica, da política fiscal e, principalmente, na condução do dia-a-dia do governo. A corrupção, a incompetência, a leniência e a própria arrogância e soberba que vêm com a hegemonia do poder têm marcado esse ciclo do PT mais recente. E a gente quer sinalizar com um projeto diferente para o Estado do Ceará, que seja não só de antagonismo ao PT, mas um projeto novo pro Estado. A discussão dos palanques nacionais vai depender muito do que vai acontecer daqui para lá. A gente não tem hoje uma definição, de nenhum dos partidos, nem mesmo do PL, de quem será o candidato. Então, isso ficará para um momento seguinte, mas certamente que todos nós que fazemos parte dessa frente de oposição hoje, discutiremos juntos o que fazer.

OP - O senhor foi candidato em 2022 por outra correlação política do que está sendo montado agora. Isso vai significar um outro programa de uma candidatura do Roberto Cláudio?

Roberto Cláudio - De alguma maneira, a minha campanha da 2022 já foi uma campanha de ruptura com PT, que ficou imprensada pela polarização que o Brasil vivia aquele momento, do Bolsonaro e do Lula e dos seus representantes no Ceará. E que foi talvez pouco ouvida, mas eu já defendia lá um ciclo de novas ideias e de novas pessoas. Certamente que uma aliança como essa, você incorpora a ideia também dos partidos, dos líderes dessas forças, não é? Mas a mensagem de mudança, de ruptura e, principalmente, de um ciclo que possa inspirar a esperança com gente nova. Essa gente está no Governo do Estado há 18 anos no mesmo cargo ou 18 anos em cargos diferentes. Será que não tem uma geração, ao longo desse tempo, de pessoas competentes, treinadas, que podem dar uma contribuição diferente ao Ceará e, sabe assim, também desaparelhar, sabe? Até a educação, que era que era blindada, está completamente aparelhada pelo PT e pelos aliados mais influentes. Isso culminou hoje no Ceará ser o penúltimo colocado em escolas públicas no exame do Enem 2023. Então, é sobre essas circunstâncias e esses problemas que a gente vai se debruçar a partir de agora, para apresentar, como eu disse, um projeto de mudança para o Ceará. Mas, a minha primeira candidatura e a minha oposição desde então já é baseado nas diferenças que a gente tem. Teve desde a eleição passada.

OP - O senhor falou que a candidatura ficou espremida em 2022 e o caminho do senhor e do Ciro era de buscar um espaço entre PT e o bolsonarismo. A leitura foi de que tinham que ter um lado e esse lado não tinha como ser do PT, então o caminho foi compor com outro lado dessa polarização?

Roberto Cláudio - Olha, esse processo foi acontecendo mais naturalmente do que planejadamente e quero atribuir inclusive à própria Assembleia, aos deputados, o papel importante da condução disso. Lá tem uma oposição do PDT, uma oposição do PL e uma oposição do União Brasil. Essas oposições passaram a ter relações pessoais, a trabalhar juntas, a promover encontros juntas e também no nosso apoio ao André (Fernandes) no segundo turno. Acho que essas ações, e as relações que foram mantidas após eleição, foram dando naturalidade à tese da construção de um palanque único que, inegavelmente, fica muito mais forte para o enfrentamento eleitoral do próximo ano. Então, de alguma maneira, há uma dose de planejamento, mas ela surge muito mais da naturalidade das relações que foram criadas e de uma percepção meio óbvia, não é? Todos nós, juntos, teremos muito mais força de palanque no próximo ano do que divididos.

OP - Mas há a percepção de que esse espaço que vocês procuravam ocupar não é grande o bastante para vencer a eleição, por exemplo?

Roberto Cláudio - Tem uma percepção de que a nossa divisão certamente ajudaria o PT, isso sim.

OP - Como é que vocês pensam em explicar para o eleitor, o senhor que enfrentou tanto o Capitão Wagner, em alguns momentos ali contra o pessoal do PL também, como explicar para o eleitor que agora estão unidos?

Roberto Cláudio - Primeiro, assim, há fatos ao longo desse tempo que precisam ser lembrados para não achar que surgiu do nada, não é? Eu fui candidato a governador contra o PT. Faço oposição ao PT desde 2022, não é? A gente tem as bancadas hoje trabalhando alinhadas desses três partidos. Apoiei o André Fernandes no segundo turno. Então, há um conjunto de fatos que vão dando uma certa naturalidade e que precisam ser lembrados. Outra coisa, o PT sempre foi oposição a mim. É importante que se diga isso. O PT foi oposição a mim nas minhas duas gestões e oposição ao Sarto na gestão dele. Então, há um conjunto de fatos que precisam ser lembrados para as pessoas não acharem que essa é uma decisão que é cavalo de pau. Não, ela é produto de circunstâncias que foram acumuladas e que foram construindo essa decisão. E, vamos lá, é natural, em palanques amplos, que explicações sejam dadas quando você se alia a antigos adversários. Olha, o próprio Camilo, a campanha mais baixa que foi enfrentada no Ceará, inclusive trazendo questões pessoais e familiares, que não é a tradição do Ceará, foi a campeã do Eunício contra o Camilo. E Eunício era "golpista" e hoje é pré-candidato ao Senado. Dois deputados que votaram no Bolsonaro hoje são na base do do Elmano. O próprio Alckmin, que dizia que o Lula era ladrão, é o vice do Lula. O Maluf? O Lula foi beijar literalmente a mão do Maluf, na casa dele, para pedir apoio ao Haddad. Então assim, o PT desconsidera todas essas essas questões quando entende que a aliança é para o PT, não é? Mas critica quando a gente discute, releva maduramente diferenças eventuais de compreensão do presente ou de posicionamento do passado, para nesse caso especificamente ter uma palavra simples, não é? É salvar o Ceará dos males que o PT tem causado a gente. Isso é uma etapa. Outra é propor um projeto de esperança, a muitas mãos, não é? Que é o que será o próximo passo dessa união.

OP - Mas o senhor vai ter o trabalho para conquistar esse eleitor também, que foi seu adversário por muito tempo, não?

Roberto Cláudio - Acho que há naturalidade mesmo não sendo candidato ainda. Eu estou na condição de pré-candidato, inclusive sem fazer disso um cavalo de batalha. Acho que a gente vai ter que construir muito, muito pelo contrário. A minha defesa é que a gente construa a união, neste momento, como o nosso principal objetivo político. Em seguida, a gente apresentar, rodando o Interior, fazendo debates no Interior, nas vastas regiões do Estado do Ceará e aqui em Fortaleza, a gente vai dando naturalidade ao processo de construção dessa chapa. A única definição que há, nesse momento, que nos convege a todos, é a definição do PL ter uma vaga ao Senado, no caso apoiada por todos nós, do Alcides Fernandes. No mais, vamos tentar construir um palanque que seja o mais competitivo no sentido eleitoral, na perspectiva também de união das forças, mas também de capacidade de governança, não é? Não basta criticar a incompetência do PT e não ser capaz de fazer diferente no futuro.

OP - O senador Eduardo Girão tem feito algumas críticas à essa aliança. O senhor acha que consegue o apoio dele?

Roberto Cláudio - Vamos atrás. Eu já conversei com o Girão uma vez. Vamos continuar conversando para buscar a mais ampla unidade possível.

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