Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já deixou claro, mesmo que ainda informalmente, que pretende disputar a reeleição em 2026. “Podem ter certeza de uma coisa: se eu estiver bonitão do jeito que estou, apaixonado do jeito que estou e motivado do jeito que estou, a extrema direita não volta a governar esse país”, afirmou no início de junho durante Congresso Nacional do PSB.
Diferentemente de 2006, quando buscava o segundo mandato com aprovação de mais da metade dos eleitores, Lula hoje lidera um governo que enfrenta dificuldades de articulação no Congresso, críticas à condução econômica e crescente desgaste popular. Apesar disso, no campo da esquerda, o petista ainda é visto como única opção viável para a Presidência em 2026.
“O presidente Lula é a liderança mais competente, habilidosa e experiente da esquerda brasileira”, afirma o ex-deputado Artur Bruno (PT), ao reforçar que o nome do presidente permanece como único com musculatura eleitoral e política dentro do PT para disputar o Planalto.
A cientista política Luciana Santana concorda: “Para 2026, acho muito difícil que tenha algum outro nome viável do PT. E teria que ser um plano muito bem estruturado. O principal nome que eu viria é (Fernando) Haddad, mas ele está saturado com essas temáticas e ações na área econômica, acho muito difícil. (...) Ao meu ver, acho que a população não o elegeria hoje. E é preciso amadurecer no sentido de dar espaço a outros parceiros políticos”, explica.
Luciana menciona o ministro da Educação, Camilo Santana (PT). O presidente afirmou que, se ele não estiver bem de saúde, não deve ser candidato e lançar o nome de um aliado. Como informado na coluna do jornalista do O POVO João Paulo Biage, a oportunidade de candidatura presidencial surge para Camilo. Cogita-se que, a pedido de Lula, Camilo deve se desincompatibilizar em abril do ano que vem para ficar à disposição.
Segundo Luciana, mesmo ocupando o cargo de ministro, Camilo ainda não possui a visibilidade necessária. “Se eu vou a Minas Gerais e falo do Camilo Santana, ninguém conhece. Ele é regionalmente conhecido, mas nacionalmente não tem alcance. Isso vale para outros nomes tradicionais da esquerda”, completa.
O ex-deputado Carlos Matos (União Brasil) considera que uma nova candidatura de Lula sinalizaria uma crise na renovação política. “Seria um grande fracasso do PT, de um partido grande e estruturado, não ter capacidade de formar lideranças novas. E a idade é um fator preponderante. Um país jovem como o Brasil precisa de vigor físico, mental e intelectual. Tem hora que a idade já não permite isso”, afirma.
Aos 81 anos em 2026, Lula enfrentará não apenas o desafio de governar com um Legislativo fragmentado e forças conservadoras mobilizadas, mas também o peso da cobrança por renovação política. Ainda assim, a ausência de nomes competitivos à esquerda mantém o petista como figura central nas projeções para o próximo pleito.
Enquanto a oposição se articula e o governo tenta recuperar terreno na popularidade, o próprio Lula se coloca como barreira à volta da extrema direita. E, até aqui, o PT não sinaliza alternativa viável.