O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) atacou fortemente, ontem, governadores de direita, acusando-os de tentarem ocupar o espaço do seu pai, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar e está inelegível até 2030 por decisão da justiça eleitoral. "Eles (os governadores) agem como ratos e oportunistas", alegou o filho 02 de Bolsonaro, e, postagem nas redes sociais compartilhada pelo seu irmão, e deputado federal, Eduardo Bolsonaro.
É uma ofensiva pública que marca novo capítulo na crise que envolve a direita política nacional, marcando a aproximação da campanha presidencial do próximo ano. Seria um recado, em termos fortes, contra os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Romeu Zuma (Novo), de Minas Gerais, que já se anunciaram pré-candidatos à presidência.
A questão é que eles não têm assumido com a ênfase necessária, na visão dos Bolsonaro, a defesa da anistia, o que seria visto como indicação de que preferem o ex-presidente fora da disputa para terem o apoio dele. "A verdade é dura: todos vocês se comportam como ratos, sacrificam o povo pelo poder e não são em nada diferentes dos petistas que dizem combater", escreveu Carlos em seu perfil no X (ex-twitter).
O vereador, que foi responsável pelas redes sociais do pai durante o governo, acusou os governadores de explorarem politicamente o legado de Bolsonaro, sem, no entanto, representarem de fato os eleitores do ex-presidente. "Limitam-se a gritar 'fora PT', mas não entregam liderança, não representam o coração do povo. Querem apenas herdar o espólio de Bolsonaro, se encostando nele de forma vergonhosa e patética", escreveu.
As críticas vêm um dia após Romeu Zema oficializar sua pré-candidatura à Presidência, em evento do partido Novo em Belo Horizonte. Na ocasião, Zema defendeu uma "direita liberal" e buscou se apresentar como alternativa à polarização entre Lula e o bolsonarismo.
Outro movimento da família Bolsonaro nos últimos dias foi a participação da ex-primeira dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, de evento no Rio Grande do Norte. Na ocasião ela chamou o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, de "pinguço" e disse que seu marido vai voltar à Presidência, apesar de estar em prisão domiciliar e inelegível.
Michelle participou do encerramento de um seminário do PL em Natal, no sábado, e foi apresentada como uma das estrelas do evento, fazendo o último discurso, ao lado de lideranças do partido, como o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
O PL tenta ampliar o espaço no Nordeste, historicamente mais simpático a Lula, para eleger mais parlamentares, governadores e angariar votos para uma candidatura presidencial que ainda não está definida. Michelle é apontada como uma possível candidata, na ausência de Bolsonaro na eleição, mas evita se colocar como postulante ao cargo.
Enquanto Michelle discursava, Bolsonaro,no mesmo sábado, saia de casa autorizado pela justiça para realizar exames médicos em um hospital na capital federal. "Meu marido gostaria de estar aqui, não pode, por estar em prisão domiciliar, o que nos entristece muito. Eu falo que ele foi tirado da tomada", afirmou Michelle. "Para a presidência tem nome e sobrenome: é Jair Messias Bolsonaro. Ele vai voltar, ele vai voltar. A justiça vai ser feita." (das agências)