Com 35 votos a favor e cinco votos contrários, a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) aprovou a indicação da ex-prefeita de Massapê, Aline Albuquerque (Republicanos), para o cargo de conselheira da Agência Reguladora do Estado do Ceará (Arce). O voto de cada deputado foi secreto.
A indicação foi feita pelo governador Elmano de Freitas (PT). Aline é filha do deputado licenciado e atual secretário das Cidades do Ceará, Zezinho Albuquerque (PP). Ela chegou a disputar a reeleição em 2024, mas foi derrotada por Ozires Pontes (PSDB), que recebeu apoio do irmão dela, o deputado federal AJ Albuquerque (PP). Aline é formada em Ciências Econômicas e, antes de ser prefeita, exercia cargo na presidência do Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE).
Durante coletiva após a votação, a ex-prefeita se disse "muito honrada" com a indicação feita pelo governador. "É um motivo de muita alegria, de muita honra poder continuar dando a minha contribuição ao Estado do Ceará", afirmou.
Ela continua: "Já passei pelo Tribunal de Contas do Estado, onde estive lá por mais de uma década, fui prefeita de uma cidade de quase 40 mil habitantes. Então, isso mostra que eu tenho condições de continuar servindo ao povo do Estado do Ceará. E é com muita alegria que ontem passei pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação dessa Casa e fui aprovada por unanimidade e, hoje, a Casa também, aqui o plenário acaba de me aprovar".
A indicação da filha de Zezinho Albuquerque gerou críticas da oposição, que viu a movimentação como uma jogada mais política do que técnica. Aline rebateu: "As críticas elas sempre vão existir, mas eu não me abalo por nada disso. Se meu nome foi indicado pelo governador, é porque ele vê em mim a capacidade de poder estar à frente desse cargo".
A ex-prefeita destacou, ainda, ao contrapor os apontamentos da oposição, que é "economista por formação", além de ter "uma vasta experiência no poder público" do Estado. "Vejo que essa minha experiência vai ser um adicional ao colegiado da Arce e as críticas políticas elas sempre vão existir, fazem parte e a gente tem que respeitar", completou.
O nome de Aline gerou embate entre base e oposição ao governo de Elmano. Na terça-feira, 25, o deputado estadual Felipe Mota (União) disse ver a indicação como um "inchaço da máquina" pública. "Estão criando trens da alegria para dar empregos a prefeitos e ex-prefeitos, que eu quero dizer aqui, ex-prefeitos que foram derrotados ou que deixaram seus cargos para querer mostrar essa aproximação", criticou.
O parlamentar avaliou, ainda, que o nome da ex-prefeita não era uma indicação técnica. "A experiência dela, daria uma grande secretária. Se você pega a Aline, que é ex-prefeita de um município importante na Zona Norte e ela vai para uma Secretaria da Proteção Social, da criança e adolescente, das próprias mulheres, ela seria uma grande secretária".
Ele continuou: "Já na Arce, eu acho que é um campo mais técnico. Eu não quero aqui desmerecer ninguém porque, às vezes, a pessoa tem a formação de ensino superior, tem doutorado, mas é um trabalho mais no campo técnico, decide mais sobre as fiscalizações dos serviços que são executados no Estado. Mas eu respeito, é uma decisão do governador. Ele coloca a pessoa, não sei se por meritocracia ou se por 'políticocracia'".
O ex-deputado federal Capitão Wagner (União) também se manifestou. À Coluna Vertical do O POVO, Wagner afirmou que "Elmano está dando emprego para todos os prefeitos derrotados. Não tem nenhuma relação, a questão é voto". (Com informações do repórter Guilherme Gonsalves)