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Ataque em Sobral mostra união entre governistas e grupo do prefeito
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Ataque em Sobral mostra união entre governistas e grupo do prefeito

|Reação conjunta ao ataque em escola evidenciou união que supera as barreiras partidárias, diante de afastamento entre União Brasil e PT
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OSCAR, Moses Rodrigues e Elmano (Foto: Reprodução/Instagram)
Foto: Reprodução/Instagram OSCAR, Moses Rodrigues e Elmano

Em meio às disputas sobre o posicionamento do União Brasil em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará, a reação ao ataque a uma escola em Sobral expôs a sintonia de esforços e política entre a gestão municipal, do prefeito Oscar Rodrigues (União Brasil), e o grupo governista liderado pelo governador Elmano de Freitas e pelo ministro da Educação, Camilo Santana, ambos do PT.

O episódio da quinta, 25, em Sobral, escancarou como, diante de crises que mobilizam a opinião pública, as fronteiras partidárias podem se tornar secundárias. Ao menos em Sobral, União Brasil e PT mostraram que a segurança da população se sobrepõe à disputa política.

Eleito em 2024, colocando fim a uma hegemonia da família Ferreira Gomes, de quase três décadas em Sobral, Oscar já dava indícios de que não seria um opositor ferrenho do Governo do Estado, como era enquanto atuava como deputado estadual, na Assembleia Legislativa.

Em entrevistas, o gestor municipal já dava o tom da necessidade de diálogo e parceria entre os Executivos, mesmo com o grupo petista tendo alinhamento e proximidade grande aos adversários locais do prefeito, como o senador Cid Gomes (PSB) e a deputada estadual Lia Gomes (PSB), hoje secretária das Mulheres no governo do Ceará.

Alinhamento na resposta

Desde a primeira publicação após o caso na escola de Sobral, que vitimaram dois adolescentes, Oscar destacou o diálogo com o governador Elmano e com o ministro Camilo.

"Diante da gravidade do fato, acionei imediatamente o governador do Estado, Elmano de Freitas, que garantiu o envio de reforço policial ao município, bem como o ministro da Educação, que colocou à disposição de Sobral toda a estrutura do MEC, e o deputado federal Moses Rodrigues (filho de Oscar), relator do Plano Nacional de Educação, que está articulando com as esferas estadual e federal", disse.

Em publicação posterior, Oscar destacou reunião com o governador e outras autoridades para tratar do assunto. "Acabo de me reunir, em Sobral, com o governador do Estado, Elmano de Freitas, com o deputado federal, Moses Rodrigues, com o secretário da Segurança Cidadã de Sobral, Cel. Mário Cunha, e com o chefe de Gabinete do Governo, Gabriel Rochinha. Durante o nosso encontro, o governador colocou a estrutura do Estado à disposição do nosso município", declarou.

E continuou: "Solicitamos reforço na segurança, com mais policiamento nas ruas. Juntos, iniciamos a construção de um plano de ação, cujas medidas deverão ser apresentadas nos próximos dias pelo governador", explicou na legenda de uma foto do encontro.

Destacando imagens da mesma reunião com Oscar e Moses, Elmano anunciou a criação de um gabinete extraordinário de Segurança Pública no município, "até a situação se normalizar", com aumento do policiamento no local.

Já o ex-governador e atual ministro Camilo Santana disse que recebeu com indignação as informações e que telefonou para Elmano de Freitas e para o prefeito.

Santana completou falando também em união de forças: “Nossas equipes especializadas em situações de crise e violência extrema já acompanham o caso de perto. A hora é de unir forças e trabalharmos juntos para preservar a escola como espaço sagrado, lugar de paz e de acolhimento. Meus sentimentos e minha solidariedade às famílias das vítimas, estudantes, professores e toda a comunidade escolar".

A conversa entre Camilo e Rodrigues foi comentada também pelo prefeito em vídeo publicado nas redes sociais. “Conversando com o ministro da Educação, que ficou altamente indignado, assim como o governador, que já estão tomando também as providências para que este problema de segurança pública possa ser resolvido em Sobral”, disse.

União Brasil e PT

Os dois partidos têm discutido a relação em níveis diversos da política brasileira. Nacionalmente, o presidente Antônio Rueda exigiu que todos os filiados entregassem cargos e indicações no governo Lula (PT).

Após a oficialização da federação com o Progressistas (PP), cresceu a discussão acerca da relação entre as legendas e o PT, nos diversos níveis de governança. Formando a maior bancada do país, a recém-criada federação União Progressista tem filiados com alinhamentos diversos com governos petistas pelo País.

No Ceará, o PP é base de Elmano, com o deputado federal AJ Albuquerque, o pai Zezinho, deputado estadual licenciado e atual secretário de Cidades do Ceará. Ambos defendem que haja liberação para que cada membro da federação defina como irá se posicionar regionalmente em relação ao PT.

Ala governista do União Brasil no Ceará defende o mesmo posicionamento e conta com o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, assim como a filha, a deputada federal Fernanda Pessoa. Ambos são presença constante nos palanques de Elmano desde a eleição do petista em 2022.

De forma mais recente, cresceu também a aproximação já citada entre Oscar Rodrigues com o governo, assim como do filho, o deputado federal Moses Rodrigues. Em meio à discussão sobre o posicionamento do União Brasil, o que se diz é que o governo petista já chegou a oferecer um espaço na chapa governista para que Moses concorra ao Senado em 2026.

Nos bastidores, o que governistas fazem questão de destacar é que as duas grandes cidades governadas pelo União Brasil no Ceará (Sobral e Maracanaú), assim como os dois federais mais votados do partido estão na base do governo.

Oposição

Por outro lado, há uma ala do União Brasil que é bastante crítica ao governo estadual, composta principalmente pelo presidente estadual e ex-deputado Capitão Wagner; a esposa dele e deputada federal Dayanny Bittencourt; o deputado estadual Sargento Reginauro e o deputado federal Danilo Forte.

Assumidamente opositor do PT, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio anunciou ainda em junho que se filiaria ao partido. Passados quatro meses, a data da filiação já foi adiada diversas vezes, gerando especulações.

RC garante que é apenas uma questão de agenda e que a filiação está garantida, mas, em meio ao aceno governista para filiados da sigla da qual ele deve embarcar, a demora passou a ser questionada e ligada a um suposto temor de que o partido acabe se aliando ao PT no Ceará - por mais que oposicionistas garantam que essa posibilidade está descartada.


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