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Governo Lula começa retaliação e demite indicados do Centrão e de aliados 'infiéis'
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Governo Lula começa retaliação e demite indicados do Centrão e de aliados 'infiéis'

Exonerações em cargos federais atingem PL, PP, MDB e PSD. Parlamentares cearenses podem ser atingidos, pois dos oito deputados contrários ao governo, quatro são base
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CÂMARA decidiu pela retirada de pauta da MP que garantiria R$ 17 bi para o governo (Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados)
Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados CÂMARA decidiu pela retirada de pauta da MP que garantiria R$ 17 bi para o governo

governo Lula (PT) começou a reação à derrota no Congresso sobre a Medida Provisória 1303/2025. Nos últimos dias, foram exonerados de cargos federais aliados de quem votou contra a proposta alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

A situação foi confirmada pela ministra da Secretaria das Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann (PT). “Nós estamos reorganizando a base a partir de uma votação que era importante para o País e para o governo federal. Quem votou contra sabia disso, então não tem por que ficar no governo”, disse à CNN.

Gleisi informou que o governo Lula não vai"deixar de conversar com quem quer que seja, mas se quiserem continuar no governo, daqui pra frente, têm de votar com o governo”.

 

Quais demissões ocorreram?

Na sexta-feira, 10, a Caixa Econômica Federal desligou duas indicações, uma do PL e outra do Progressistas (PP). O primeiro, conforme comunicado do banco ao mercado, trata-se de Paulo Rodrigo de Lemos Lopes.

Ele ocupava a vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital da Caixa e é aliado do vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ). Ligado ao senador Ciro Nogueira, que é presidente nacional do PP, José Trabulo Junior deixou o cargo de consultor à presidência do banco.

No Diário Oficial da União daquele dia, constam as exonerações de cinco superintendentes regionais de ministérios ligados ao MDB e PSD. Elas são do Ministério da Agricultura no Pará, Paraná, Minas Gerais e Maranhão.

Saiu também do cargo Lena Brandão, que era superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Maranhão. Ela é irmã do deputado federal Pedro Lucas, líder do União na Câmara. Ele foi o responsável pelo anúncio de que o União Brasil votaria para derrubar a MP de pauta. 

O Ministério dos Transportes também foi alvo. No Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de Roraima foi registrada a saída de Igor Gomes Brasil, nome que teria sido indicado pela deputada federal Helena Lima (MDB-RR). Ela votou para a derrubada. 

Ceará na mira

A votação da retirada de pauta da MP do IOF ficou em 251 votos a favor e 193 contrários a medida. Ao todo, 10 deputados cearenses se posicionaram contra a retirada e oito foram a favor. Quatro não votaram.

Líder do governo Lula na Câmara, o cearense José Guimarães (PT), apontou que deve haver um "rebuliço tamanho" nesta semana em referência a demissões como resposta ao revés no Legislativo, e que já recebeu ligações pedindo intercessão para permanência nos cargos. 

"A ministra Gleisi me disse com todas as letras: 'Eu não vou discutir, eu vou fazer'. Eu já tenho notícias que mandou tirar. Eu já recebi telefonema: 'Zé, não deixa mexer na minha diretoria do Dnocs'. Eu disse: 'Entenda com a Gleisi'", relevou Guimarães em participação no podcast As Cunhãs, veiculado no sábado, 11. 

Além dos parlamentares de oposição, Júnior Mano (PSB) e Luiz Gastão (PSD) votaram contra o governo. Ambos pertencem a legendas da base governista.

AJ Albuquerque (PP), que é base no Ceará, e Moses Rodrigues (União Brasil), inclusive cotado como pré-candidato ao Senado em eventual aproximação, acompanhou esses colegas de bancada.

Conforme informou uma fonte governista da bancada cearense ao O POVO, pelo menos três desses parlamentares têm aliados em cargos federais no Ceará.

São eles: Luiz Gastão, na Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura do Ceará (SFPA/CE), que seria indicação compartilhada com o coordenador da bancada, Domingos Neto (PSD), que votou junto ao governo. Moses e AJ, respectivamente, em diretoria e superintendência do Dnocs.

Efeito colateral nas eleições

Em participação no podcast Jogo Político, do O POVO, na sexta-feira, 10, Guimarães asseverou que "quem vota contra o governo não terá apoio de Lula" nas eleições de 2026. De acordo com o líder, essas posições serão levadas ao conhecimento do presidente e pesarão na definição dos apoios no próximo ano.

"A sociedade está muito organizada. Teve gente que votou a favor da PEC da Blindagem e até hoje está pagando o preço. Quem estiver votando contra o governo não terá o apoio do Lula nos estados", disse o petista ao ser questionado sobre as posições de Júnior Mano e Moses.

O próprio Guimarães é pré-candidato ao Senado e diz que não irá abrir mão. Após as críticas, Júnior Mano minimizou voto contra MP de Lula. "Divergências pontuais fazem parte da democracia e do debate político", disse ao O POVO.

Aposta de Cid Gomes (PSB) para o Senado, Júnior Mano disse acreditar que o voto contrário sobre a MP "não atrapalha" o apoio do chefe do Executivo brasileiro a ele nas próximas eleições.

"Tem outras pautas que podem ser construídas. O presidente Lula está bem, retomando novamente o crescimento do Brasil", acrescentou.

 

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