O Partido dos Trabalhadores (PT) de Fortaleza publicou uma nota de repúdio contra a dirigente sindical e filiada ao partido, Ana Cristina Guilherme, por supostos “ataques permanentes e infundados” direcionados ao prefeito Evandro Leitão (PT) e à bancada petista na Câmara Municipal (CMFor).
Ana Cristina é presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Município de Fortaleza (Sindiute), que convocou na semana passada uma paralisação de 72 horas dos professores da rede municipal, em protesto contra a Reforma Administrativa Federal, em tramitação no Congresso Nacional.
Em trecho da nota, a direção petista reafirma compromisso com “a ética, o diálogo e a defesa dos direitos do povo” e repudia o que chama de "ataques e desinformações que tentam enfraquecer o projeto democrático que tem transformado a cidade”.
O partido reconhece que a crítica política é “parte natural da vida democrática e deve sempre ser respeitada”, mas ressalta que ela precisa ser feita “com responsabilidade”.
“A desinformação, os ataques pessoais e a desqualificação de companheiras e companheiros não contribuem para o fortalecimento da luta por uma sociedade mais justa e fraterna — pelo contrário, enfraquecem o espaço de diálogo construído ao longo de décadas entre o PT e os movimentos sociais, e acabam por servir aos interesses da despolitização e das mentiras propagadas pelo bolsonarismo contra o nosso projeto político”, afirma o comunicado.
Em outro trecho, destaca que a “extrema-direita vem se aproveitando dessa conduta para enfraquecer o campo progressista”, ao passo que o prefeito Evandro Leitão “tem mantido um diálogo aberto, transparente e permanente com as categorias”.
No último dia 7, o vereador Adail Júnior (PDT) usou a tribuna da Câmara Municipal para criticar a paralisação dos professores e acusou a dirigente sindical de ter uma “briga pessoal” com o secretário municipal de Educação, o deputado federal licenciado Idilvan Alencar (PDT).
Durante o discurso, Adail relembrou episódios de tentativas de diálogo da Casa com a presidente do sindicato, a quem chamou de “coronel eleitoral” e “secretária ditadora”.
“Essa Casa não pode se calar diante do que está acontecendo no Sindiute, que hoje, eu repito, é um sindicato que a Dra. Ana Cristina acha que pode convocar uma paralisação com base na ideia que ela tem sobre anistia. Ela se sente dona do sindicato, é o verdadeiro coronel eleitoral que todos nós conhecemos”, afirmou o vereador, em discurso registrado pela coluna Vertical.
Após as declarações, o Sindiute e outras entidades sindicais divulgaram notas de repúdio às falas do parlamentar, manifestando solidariedade a Ana Cristina. A presidente do sindicato também compartilhou diversas dessas manifestações em suas redes sociais.
A reportagem tentou contato telefônico com Ana Cristina Guilherme para ouvi-la sobre o episódio, mas o telefone estava desligado. Mensagens enviadas por WhatsApp também não foram respondidas até o fechamento desta página.