O presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT) em Fortaleza e secretário-executivo da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), Iraguassú Filho, considerou que Ciro Gomes (PSDB) não reconheceu o que a sigla fez por ele. O ex-governador deixou o partido na última semana e se filiou ao PSDB.
Em entrevista ao podcast Jogo Político, do O POVO, nesta segunda-feira, 27, o dirigente partidário afirmou que não consideraria Ciro “ingrato”, mas destacou que, pela forma como o ex-ministro saiu da legenda, diria que “não reconheceu o que o PDT fez por ele”.
Para Iraguassú, a saída do partido não foi a melhor possível e chegou comparar com a desfiliação do ex-prefeito Roberto Cláudio, que também deixou o PDT. O ex-gestor irá se filiar ao União Brasil em novembro.
“O formato como ele quis finalizar o ciclo dele no PDT, eu acredito que não foi da melhor forma possível. Eu acho que não custa nada sempre fazer um contato, dizer ‘olha, eu estou finalizando o ciclo, não continuo mais aqui’. Totalmente diferente da saída do Roberto Cláudio. Roberto Cláudio fez o contato com o André Figueiredo, que é presidente estadual, fez uma carta, fez os contatos nos bastidores com algumas pessoas do partido. E o Ciro, infelizmente, não assim fez, mas não somos nós que temos que cobrar algum procedimento dele. Diz muito mais sobre ele do que sobre o próprio partido”, avaliou.
Em entrevista à Veja, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse ter ficado triste por não receber sequer um telefonema de Ciro quando o ex-governador decidiu deixar o partido.
Iraguassú Filho ainda comentou sobre as falas feitas por Ciro antes de deixar a sigla e criticou a aproximação do ex-ministro com nomes da direita. No início de outubro, por exemplo, o ex-pedetista afirmou que a sigla teria sido “vendida para o PT”.
“Sobre a saída do Ciro, a gente lamenta, mas, infelizmente algumas das vezes, por alguma questão, ele acaba se exaltando, às vezes não tem uma inteligência emocional ou um equilíbrio, e falou essas questões sobre o PDT, mas, na verdade, quem mudou o rumo não foi o PDT. O PDT continua defendendo as bandeiras de centro-esquerda, defendendo a questão progressista, defendendo o que a gente sempre defendeu. E o Ciro disse que o candidato dele é o Pastor Alcides, do PL”.
Desde o segundo turno das eleições municipais de 2024, Ciro Gomes se aproximou de políticos de oposição no Estado. Em evento de filiação ao PSDB na última quarta-feira, 22, o presidente estadual do União Brasil, Capitão Wagner, o ex-prefeito Roberto Cláudio (sem partido), os deputados federais André Fernandes (PL) e Dr. Jaziel (PL) e os deputados estaduais Alcides Fernandes (PL) e Dra. Silvana (PL) foram alguns dos nomes presentes no ato.
O presidente municipal do PDT lamentou a saída de Ciro, mas enfatizou que o partido é muito maior do que qualquer filiado.
“O PDT continua com seu mesmo curso e a gente vai continuar o nosso trabalho. A gente lamenta a saída, mas entende que o partido é muito maior do que qualquer filiado seu, ainda que tenha sido candidato duas vezes a presidente da República pelo partido, que, aliás, foi muito bem respeitado, valorizado, foi disponibilizado condições, estrutura, mas agora o Ciro é passado para o PDT”, finalizou Iraguassú.
Além de Ciro, o ex-prefeito José Sarto deixou o PDT e se filiou à sigla tucana, assumindo a presidência do PSDB em Fortaleza. Em vídeo publicado nas redes sociais antes da filiação, Sarto criticou os atuais rumos do partido, afirmando que a sigla “aceitou o papel de puxadinho do PT”.
Ainda em entrevista ao Jogo Político nesta segunda, Iraguassú Filho disse que a fala foi desrespeitosa e relembrou o apoio do partido à candidatura de Sarto à Prefeitura de Fortaleza. Em 2024, o ex-pedetista teve 11,7% dos votos e se tornou o primeiro prefeito da história da Capital a não ser reeleito para um segundo mandato.
“Fala desrespeitosa. O PDT priorizou a candidatura do Sarto aqui em Fortaleza no Brasil. Foi a candidatura que mais recursos recebeu, foi prioridade [...] O PDT não é puxadinho de partido nenhum, é um partido que tem história, que deve ser respeitado, tem os seus ideais. Nós nunca ficamos puxadinhos de ninguém”, disse o dirigente partidário.