O presidente nacional do Progressistas (PP) e senador pelo Piauí, Ciro Nogueira, publicou na manhã desta quarta-feira, 19, na rede social X, que defenderá que o PP e o União Brasil (UB) — sigla com a qual o partido dele está em processo de federação — priorizem as disputas estaduais e a formação de bancadas legislativas.
“Com a entrada do registro no TSE nos próximos dias, consolidada a Federação, diante da falta de bom senso e de estratégia no centro e na direita, irei defender junto ao presidente Rueda que o nosso foco principal sejam as eleições estaduais e as nossas bancadas”, afirmou.
A declaração tem tom de crítica direta às articulações que tentam construir um consenso nacional em torno de uma candidatura unificada da oposição ao governo Lula (PT) em 2026, uma vez que PP e União já se definem como siglas oposicionistas no plano federal.
O posicionamento de Nogueira ocorreu às vésperas da homologação, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da federação entre os dois partidos — união aprovada ainda em agosto.
O clima de divergência não é novo. Em outubro, o governador de Goiás e pré-candidato à Presidência pelo União Brasil, Ronaldo Caiado, criticou a federação, argumentando que a união ampla poderia acentuar conflitos regionais e dificultar decisões locais (inclusive no Ceará).
Enquanto Caiado tenta viabilizar a própria candidatura ao Planalto, Ciro Nogueira chegou a almejar a vice-presidência em uma chapa liderada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP). Nos últimos dias, no entanto, o senador afirmou ter comunicado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não disputará o posto.
Ciro enfrenta dificuldades para a reeleição no Piauí e dá sinais de que busca reduzir uma vinculação direta com o bolsonarismo, se reposicionando mais ao centro e mirando apoio parlamentar para as eleições de 2026.
As diferenças entre PP e União Brasil ficam ainda mais evidentes no Ceará. Em recente declaração, Ciro Nogueira disse que o PP não deve liberar o partido para apoiar a base no Ceará. Lideranças do União Brasil no Estado, como o presidente estadual Capitão Wagner e o recém-filiado Roberto Cláudio, mantêm discurso de oposição ao governo petista.
Já o Progressistas integra a base do governador Elmano de Freitas (PT) e ocupa espaços estratégicos, como a Secretaria das Cidades, comandada pelo deputado estadual licenciado Zezinho Albuquerque (PP), aliado próximo do chefe do Executivo estadual. Zezinho é pai do deputado federal AJ Albuquerque (PP).
O União Brasil também abriga nomes próximos ao Palácio da Abolição. Os dois deputados federais mais votados da sigla, Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa, já declararam apoio à reeleição de Elmano em 2026. Ambos chegaram a ser alertados por Wagner sobre os riscos da eventual escolha.
Moses é cotado para disputar uma das vagas ao Senado pela base, no próximo ano, e poderia contar com apoio do governo — movimento que facilitaria a aproximação entre União e a base. Diante da sinalização de Ciro Nogueira, caso o comando nacional do União Brasil, presidido por Antônio Rueda, adote a mesma linha, o caminho para Moses tende a se tornar mais favorável.