Os três filhos parlamentares do ex-presidente Jair Bolsonaro defenderam o presidente do PL Ceará, deputado federal André Fernandes, após ele ser criticado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Em fala no Ceará, ela criticou o deputado por articular aliança em torno de Ciro Gomes (PSDB) para disputa pelo Governo do Estado.
As manifestações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) ocorrem nesta segunda-feira, 1º.
Durante lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) à sucessão do governador Elmano de Freitas (PT), Michelle deu um "puxão de orelha" no PL Ceará por conta da aproximação com Ciro. Na ocasião, ela citou nominalmente Fernandes e disse que, apesar do “orgulho” que sentia por ele, não seria viável apoiar uma pessoa que já criticou o ex-presidente.
Em determinado momento, a ex-primeira-dama pediu que o cerimonialista lesse o título de uma manchete: “Ciro Gomes se orgulha de redigir inelegibilidade de Bolsonaro”.
Após a leitura, Michelle se virou na direção onde integrantes do PL e demais convidados estavam e disparou: “É sobre isso, é sobre essa aliança que vocês se precipitaram em fazer”.
Ela continuou, elogiando o dirigente cearense, mas reforçando o veto: “Adoro o André, passei em muitos estados falando sobre o orgulho que tenho dele, do Nikolas, do Carmelo, da esposa dele que foi eleita, tenho orgulho de vocês, mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá".
Após o evento, Fernandes disse que a aliança vem sendo construída desde o segundo turno das eleições de 2024.
“Desde que a gente levou essa ideia de aliança ao presidente Bolsonaro, dia 29 de maio, quando me reuni e levei todos os parlamentares do Ceará para conversar sobre essa aliança. Eu tenho orgulho de dizer que estou construindo desde lá de trás, desde o final do segundo turno das eleições de 2024, porque eu entendo o momento aqui no Ceará".
Segundo ele, nesse encontro, o próprio Bolsonaro pediu que ligassem para o ex-ministro no viva-voz.
"Ficou acertado que nós apoiaríamos Ciro Gomes. Logo em seguida o presidente Valdemar também. Só que o acordo era ‘é muito ruim Jair Bolsonaro se aproximar de Ciro Gomes, coloca o André que qualquer pancada o André aguenta”, mencionou.
Na mesma conversa, segundo o deputado, Carlos Bolsonaro teria expressado que a união era “importante”. Depois, André reagiu às declarações públicas de Michelle:
“Eu não viria a expor, mas já que a esposa do ex-presidente Bolsonaro diz publicamente que a gente fez um passe errado, que foi precipitada essa aliança. Bom, então é uma aliança precipitada do próprio marido dela”, ironizou.
Em entrevista ao colunista João Paulo Biage, do O POVO, Flávio criticou Michelle por "atropelar" a articulação do PL no Ceará e agir de forma "autoritária e constrangedora" ao se dirigir a André Fernandes.
O filho 01 de Bolsonaro afirmou que o ex-presidente autorizou a aproximação do partido com Ciro no Estado. O senador falou em "tapar o nariz" para fazer alianças e aproveitar uma janela de oportunidade para enfraquecer o presidente Lula e o PT no Nordeste.
"A Michelle atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento do deputado André Fernandes no Ceará. E a forma com que ela se dirigiu a ele, que talvez seja nossa maior liderança local, foi autoritária e constrangedora", disse.
Flávio ressaltou que Michelle não toma decisões sobre candidaturas majoritárias nos estados, lembrou que ela "não é política" e que a decisão final cabe ao pai dele. O senador também criticou o mal-estar causado no partido a partir das falas da ex-primeira-dama.
Carlos e Eduardo fizeram postagens em uma rede social endossando a fala do filho 01. “Meu irmão, Flávio Bolsonaro, está certo e temos que estar unidos e respeitando a liderança do meu pai, sem deixar nos levar por outras forças!”, escreveu o vereador.
Já o deputado federal publicou: “Meu irmão Flávio Bolsonaro está correto. Foi injusto e desrespeitoso com o André Fernandes o que foi feito no evento. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mal acordo, foi uma posição definida pelo meu pai”.