Manifestantes foram às ruas neste domingo, 14, para protestar contra o chamado PL da Dosimetria, que altera critérios de cálculo das penas e pode reduzir o tempo de prisão de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, além de réus, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.As mobilizações ocorreram em cidades como Fortaleza, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Movimentos sociais, partidos de esquerda, centrais sindicais e artistas participaram dos atos, posicionando-se contrários também a possibilidade de anistia.
Em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), na Avenida Paulista, manifestantes exibiram um boneco de Bolsonaro caracterizado como presidiário, enquanto entoavam gritos de "Papuda", em referência ao complexo penitenciário de Brasília.
Condenado a 27 anos e 3 meses, o ex-presidente pode ter a pena reduzida para até 2 anos e 4 meses com a aprovação do PL da Dosimetria. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também foi um dos principais alvo das críticas neste domingo. Em algumas cidades, foram entoados gritos de "Fora, Hugo Motta" e "inimigo do povo".
Segundo estimativa do "Monitor do Debate Político", iniciativa do Cebrap/USP em parceria com a ONG More in Common, o ato realizado na Avenida Paulista reuniu cerca de 13,7 mil pessoas. A contagem é feita a partir da análise de imagens aéreas. Em setembro, o mesmo levantamento apontou a presença de aproximadamente 42,9 mil pessoas em protesto contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem.
No Rio de Janeiro, o cenário se repetiu neste domingo, com participação inferior à registrada na mobilização realizada naquele mês. Na capital fluminense, o ato ocorreu na Praia de Copacabana e retomou o formato de apresentação musical realizado na mobilização anterior. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Paulinho da Viola subiram novamente ao palco, unindo-se aos manifestantes.
Por lá, um dos políticos que discursaram foi o deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ), que teve o mandato suspenso por seis meses em decisão tomada na última semana na Câmara. "Nosso mandato não ficará sem gabinete porque o gabinete será a praça pública e a rua, mobilizando a luta contra a anistia dos golpistas", disse.
Fortaleza também contou com a participação de artistas como Ednardo, Selvagens à Procura de Lei, Vanessa A Cantora e O Cheiro do Queijo, além de políticos e movimentos sociais. Na capital cearense, o ato ocorreu na avenida Beira-Mar, na Praia de Iracema, com concentração no Espigão da Rui Barbosa. Imagens das manifestações ao redor do Brasil registaram que, ao longo dos trajetos, participantes exibiram cartazes e bandeiras, com palavras de ordem centradas no lema "sem anistia" e críticas direcionadas as decisões tomadas em Brasília como "Congresso inimigo do povo".
Na próxima quarta-feira, 17, o texto que saiu da Câmara referente ao PL da Dosimetria será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. O presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) tem afirmado pretensão em concluir a análise da proposta na Casa ainda neste ano.