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Beabá do negócio
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Beabá do negócio

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Tipo Notícia
Caderno 1 da série Dei Valor! (Foto: .)
Foto: . Caderno 1 da série Dei Valor!

Se você é um empreendedor que fatura ao ano até R$ 360 mil você é um dos brasileiros que pode impulsionar o seu negócio com o microcrédito. E, para crescer, antes de mais nada, é preciso ter consciência do seu negócio. Entender como fazer o planejamento financeiro e desmistificar de uma vez por todas a contabilidade.

Na segunda edição do Dei Valor!, empreendedores contam como aplicam o microcrédito e se organizam para pagar as parcelas. Além de revelar a diferença que o empréstimo fez nos rumos de suas vidas familiares e da comunidade.

Vendendo espetinhos ou comandando uma gráfica, as histórias de sucesso que contamos a seguir são inspiração para quem está começando ou mesmo para quem é pequeno e está com vontade de crescer. Para incentivar, traduzimos o beabá financeiro para todo microempreendedor tomar as rédeas do seu negócio e prosperar.

 

Acompanhe a série:

Dei valor! 1

Leia em: especiais.opovo.com.br/deivalor/

 

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Impressão de sonhos

Bolsas, camisas, copos, agendas e canetas personalizadas. Na FS Soluções Gráficas, o cliente encontra diversas opções para brindes e lembrancinhas. "A gente vende muita bolsa, copo de aniversário, camisa", conta Andrelina Marajó, 38, quando questionada sobre os produtos mais vendidos na confecção localizada no Barroso 1, no térreo da casa dela. A clientela é de pessoas físicas e jurídicas, como buffets. "Por incrível que pareça, a maioria dos nossos clientes são de fora, de outros bairros, por causa da internet."

Andrelina, que atuou como costureira durante 16 anos, decidiu sair da confecção que trabalhava e investir no próprio negócio. As filhas exigiam atenção e trabalhar de casa pareceu até mais rentável. Ela lembra do início da FS Soluções Gráficas em 2014: "primeiro, eu comecei a 'brincar' vendendo pela internet". De forma despretensiosa, a marca ganhou fama nas redes sociais, e Andrelina e o esposo, Fernando Silva, decidiram apostar todas as fichas na gráfica.

"Meu marido já trabalhava numa gráfica e também saiu do trabalho, entrou fazendo tanto a parte das artes [impressas] quanto a parte financeira", explica. Para alavancar as vendas e também melhorar a qualidade, os dois decidiram fazer cursos no Sebrae. Ele de administração, ela de corte e costura.

O casal terceirizava toda a produção até 2016, quando eles decidiram recorrer ao microcrédito. Compraram algumas máquinas e montam aos poucos a própria estrutura. "A gente é cliente do Crediamigo desde novembro de 2016, escolhemos pelos juros acessíveis. Renovamos o último empréstimo há um mês." Essa renovação, segundo ela, é necessária porque as máquinas a todo momento precisam ser modernizadas. "Sempre tem que estar inovando, a gente faz estoque", acrescenta.

Nos meses de outubro e novembro, por exemplo, a quantidade de encomendas aumenta tanto que Andrelina e Fernando, que já contam com a ajuda das filhas, precisam contratar mais gente para auxiliá-los. "Trabalhamos para crescer, é um passo de cada vez. Pretendo terminar minha casa, estou conseguindo pagar a faculdade dela [filha mais velha] de Biomedicina", conta, orgulhosa.

 

O que todo microempreendedor deve saber

Fazer contas, calcular o lucro e o capital de giro nem sempre são tarefas simples. Ao empreender, todo mundo quer saber quanto vai ganhar, em quanto tempo o negócio se paga e, principalmente, vai sobrar dinheiro? Entender as métricas financeiras é essencial para manter a saúde do seu negócio.

Mas o que, exatamente, é saúde financeira? "A saúde financeira de uma empresa está relacionada com a liquidez da empresa, ou seja, com a capacidade de pagar os seus compromissos em dia", explica o economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) Érico Veras Marques. (Amanda Araújo)

 

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Ampliando o cardápio e o lucro

Há mais de duas décadas, o comerciante João Soares Filho, de 49 anos, vende espetinhos. Desse período, quase 20 anos tiveram como base uma bicicleta ou um carrinho onde João vendia os lanches de maneira itinerante, em vários bairros da cidade, como ambulante. O dinheiro sempre foi a fonte de renda da família.

"Antes de começar a trabalhar com comida, eu era vigia, mas sempre pensei que, como não tinha formação, era melhor investir em algo meu e buscar uma renda que fosse além de um salário mínimo, possibilitando uma qualidade de vida melhor para minha esposa, minhas filhas e netas", conta.

Em 2016, finalmente conseguiu alugar um ponto de vendas na Aldeota, mas logo precisou desistir do espaço - na época, os poucos recursos dificultaram a fixação do negócio naquela área da Cidade. Após a decepção, João resolveu voltar para o Barroso, bairro onde morou a vida inteira, e tentar empreender perto de casa.

Pela segunda vez, aderiu ao Crediamigo, programa de microcrédito do Banco do Nordeste, - havia participado rapidamente do projeto na época da Aldeota - desta vez conseguiu um valor maior de crédito, que utilizou para pagar o aluguel e comprar matéria-prima para o Tesoura's Grill.

"Tive que começar do zero quando saí da Aldeota, não trouxe nada do espaço que tinha lá. Comprei tudo de mercadoria. Antes, eu só vendia espetinhos; hoje, consegui aumentar o cardápio e vendo baião de dois, bebidas. Meu rendimento mensal, que costumava ser de R$ 3 mil, hoje chega a R$ 8 ou R$ 9 mil", comemora Soares.

Com o aumento no faturamento, o microempreendedor diz que consegue pagar com menos esforço as parcelas mensais de R$ 377 do programa de microcrédito. Organizando seu próprio horário de trabalho, costuma abrir o espaço no fim da tarde "até quando tiver movimento". Mais cedo, ele fica com a família e começa a organizar a cozinha.

"Vou tirando um pouquinho do faturamento todo dia para, na hora de pagar o empréstimo, não ficar muito apertado, mas hoje está muito mais tranquilo pagar as parcelas, e eu consegui aumentar o meu crédito. Só trocaria o meu negócio por outro trabalho se fosse uma coisa muito boa, mas nem penso nisso, porque agora está tudo indo muito bem", celebra.

 

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