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Quem é o microempreendedor individual do Ceará
Reportagem

Quem é o microempreendedor individual do Ceará

| Empreendedorismo | O perfil do cearense que está microempreendendo e se formalizando é de homens, entre 31 e 40 anos e com Ensino Médio completo. Nos últimos cinco anos, registros como MEI cresceram 102% no Estado
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Com a formatura no curso de Recursos Humanos se aproximando, começou para Sabrina Cassiano, 24, a corrida para entrar no mercado de trabalho na sua área. O emprego, no entanto, não veio e ela precisou arranjar formas de conseguir renda. Começou vendendo perfumes e cosméticos e, assim que surgiu uma oportunidade, montou um box de roupas femininas no Beco da Poeira. Um ano e meio depois, já com dois boxes, loja online e empregando mais uma pessoa, Sabrina é uma das 257.480 pessoas registradas como Microempreendor Individual (MEI) no Ceará.

O Estado é atualmente o nono do País e o segundo do Nordeste, atrás da Bahia e já ultrapassando Pernambuco, em número de registro de MEIs. Desde que a política de formalização de pequenos empreendedores com renda limite foi implementada em 2009, o Ceará tem apresentado crescimento - nos últimos cinco anos, o número dilatou 102% - no comparativo dos dados de fevereiro de cada ano, disponibilizados pelo Portal do Empreendedor, do Governo Federal.

No Ceará, o MEI é principalmente homem (51%), com Ensino Médio Completo (17%), entre 31 e 40 anos de idade (31%), e morador de Fortaleza (43%).

Há dois meses, Jefferson Aguiar, 27, decidiu também abrir um MEI de vendedor de bebidas, em Pecém, porque percebeu uma oportunidade. "Eu vim morar aqui procurando uma tranquilidade, um dia quis fazer um churrasco e percebi que não tinha carne fresca pra comprar e não tinha delivery de bebidas. E aí e resolvi colocar essa proposta aqui", relembra. Para estar regularizado em caso de fiscalização e visando benefícios previdenciários, Jefferson fez o MEI tão logo montou o negócio.

Assim como Sabrina, ele tem registro em umas das dez atividades neste tipo de negócio, no Ceará. Vendedora de roupas, donos de pequenas mercearias, cabeleireiros, dono de lanchonete e vendedora de cosméticos são as principais ocupações do MEI no Estado.

Para Plácido Castelo, mestre em Administração com foco em Desenvolvimento e Empreendedorismo Social, e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade Fortaleza (Unifor), as atividades denotam que os MEIs ainda se concentram em ramos de atuação ligados às necessidades mais básicas. "É preciso se pensar um pouco mais em inovação para fugir dos negócios comuns. É uma inércia que tem de ser quebrada, mas é difícil", comenta.

Conforme Alci Porto, diretor técnico do Sebrae Ceará, há um tendência de que o MEI atenda a um público notoriamente periférico. Ele cita o exemplo de Fortaleza, em que 70% dos MEIs estão em bairros de periferias. Para Plácido, esses microempreendedores são responsáveis, portanto, pela capilarização e a dinamização das economias locais.

"Dentro de uma estrutura de um modelo de mercado com dificuldade de acesso, o microempreendedor desempenha um papel importante, porque muitas vezes ele faz chegar a determinados lugares, áreas geográficas, perfis de consumidores, alguns serviços e alguns produtos que com certeza não chegariam pela média e grande empresa", destaca.

 

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