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PF desarticula grupo que incendiou torres em abril
Reportagem

PF desarticula grupo que incendiou torres em abril

Ataques às torres de transmissão de energia elétrica aconteceram em abril deste ano no Ceará
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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 26, a operação Torre, que cumpriu no Ceará e Pernambuco seis de 15 mandados de prisão autorizados e nove de outras 14 ordens judiciais para busca e apreensão. Os alvos seriam criminosos, responsáveis por ordenar e executar ataques a torres de transmissão de energia elétrica em abril deste ano.

Os equipamentos foram incendiados em ação semelhante às que estão acontecendo nos últimos sete dias na Capital e interior do Ceará.

Ainda está sendo analisado, a partir das conversações em celulares apreendidos, se as ações atuais tiveram os mesmos mandantes. O principal suspeito é Ednal Braz da Silva, 46 anos, apelidado de Siciliano. Mesmo já estando preso, o mandado contra Siciliano foi cumprido numa penitenciária na cidade de Limoeiro, na região do Agreste de Pernambuco. Ele está encarcerado no local desde 2013.

Na coletiva de ontem, Siciliano foi descrito como um dos fundadores da facção Guardiões do Estado (GDE), que é o grupo que estaria puxando os recentes ataques. "A gente acredita que os ataques atuais tenham sido emanados deste homem preso no Estado de Pernambuco, mas ainda não podemos comprovar. Vai depender do decorrer das investigações, da análise das informações, até a gente comprovar. Dos presos de hoje, é fato que eles estavam envolvidos nos ataques de abril", confirmou o delegado federal Samuel Elânio de Oliveira, que coordenou a operação.

Natural de Umbuzeiro, na Paraíba, Siciliano chegou a ser investigado no Ceará por ataques a agências bancárias. Seu nome aparece em relatórios da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil cearense. No fim de 2018, comparsas dele teriam sido presos ocupando apartamentos de luxo em bairros de Natal (RN) e Recife (PE). Ele também já foi presidiário na cadeia de Barrinha, no interior de São Paulo, onde teria criado laços de amizade e parcerias com criminosos do Ceará.

Ontem, foi confirmado pelo promotor Rinaldo Janja, coordenador do Gaeco, que já foi solicitada a transferência de Siciliano para uma penitenciária federal. Além dele, o MPCE já solicitou a transferência de 12 detentos para presídios federais. Ele disse que "não resta dúvida" de que os detentos que estão no sistema penitenciário cearense articularam os ataques dos últimos sete dias. A ligação entre eles e os criminosos que cumpriram as ações nas ruas teria acontecido através de recados levados por visitas de familiares e advogados.

Quatro dos cinco alvos da Operação no Ceará já estavam presos. Dos outros cinco mandados de prisão cumpridos, quatro pessoas também já estavam presas e uma estava solta. Todos foram cumpridos no Ceará, segundo o delegado federal Samuel Elânio de Oliveira, que coordenou a operação. Nenhum nome foi divulgado. Os nove mandados de busca e apreensão, dos 14 autorizados pela Justiça Federal, foram executados entre Fortaleza, Maracanaú e Caucaia, em imóveis ligados ao pessoal da facção. "Os demais, como havia alvos que estávamos acompanhando, alguns endereços perderam sentido e descartamos", confirmou Samuel Elânio.

"A gente acredita que entre os presos aqui no Ceará (que foram alvo da operação) não havia comunicação através de telefones celulares, mas poderia haver outras formas de comunicação com o mundo exterior, como visitas etc. Não foi confirmado como se comunicavam, mas a gente constatou que a ordem partiu desses presos", esclareceu o delegado federal.


Celular

Na cela de Ednal Braz da Silva, o Siciliano, foi encontrado um celular, mas a PF já havia interceptado mensagens anteriormente em que ele orientava criminosos de fora da cadeia para os atentados de cinco meses atrás.

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