"Parou totalmente o desmatamento? Zerou a contaminação da água pela carcinicultura ilegal? Zerou a degradação de áreas pela mineração? É óbvio que não. O que está acontecendo é um desmonte estrutural de órgãos de fiscalização ambiental, como o ICMBio", denuncia o geógrafo Jeovah Meireles, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para o pesquisador, a mudança de postura tem relação com a mentalidade da gestão Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente, mais leniente com o avanço de atividades econômicas sobre áreas protegidas. "É uma lógica orientada para ampliar e aprofundar a degradação dos sistemas ambientais, de olho no avanço das madeireiras, do agronegócio, da especulação imobiliária".
Para a bióloga Francisca Soares de Araújo, professora da UFC e coordenadora de um projeto no Parque Nacional de Ubajara, é visível o processo de "sucateamento" da fiscalização ambiental no Estado. "Não é culpa dos profissionais, que são muito qualificados, mas há déficit de pessoal, de infraestrutura, de equipamentos. Os funcionários estão se aposentando e não são repostos, os carros quebrando, os terceirizados que ajudavam estão sendo dispensados", diz.
"Você há de convir que a humanidade, o povo cearense, não criou consciência de uma hora para outra e não está fazendo nada mais de errado. O que não está existindo mais é fiscalização", corrobora o biólogo Álamo Saraiva, coordenador do laboratório de paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca). "O que eu já vi neste ano de mineração em leito de rio, em encosta, em área de inclinação irregular.. e isso está entregue a ninguém", denuncia.