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Ceará é 2º estado do Nordeste com o maior número de empresas listadas na B3
Reportagem

Ceará é 2º estado do Nordeste com o maior número de empresas listadas na B3

O Estado fica atrás apenas da Bahia em número de empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira, a B3. Os impactos disso para o mercado regional vão desde a expansão dos negócios nas cidades de atuação até a geração de mais emprego e renda
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IPO da Moura Dubeux na B3, em São Paulo (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação IPO da Moura Dubeux na B3, em São Paulo

A construtora pernambucana Moura Dubeux estreou na Bolsa de Valores brasileira (B3), ontem. Pela oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) a empresa flexibiliza a geração de capital, sem a dependência de bancos e recursos públicos. Ou seja, tenta diminuir as chances de endividamento e ampliar as de investimentos. Um passo adiante que também já foi dado por seis empresas instaladas no Ceará. O que coloca o Estado como o segundo do Nordeste com mais negócios no mercado acionário, atrás da Bahia (10), conforme levantamento O POVO com dados da B3.

A mais recente no Estado foi a operadora de saúde Hapvida, em abril de 2018. No Brasil, compõem o Índice Ibovespa mais de 300 companhias. Apenas 23 são do Nordeste. Nesse contexto, o questionamento que se levanta é quando esse movimento é positivo para os empreendimentos e quais os seus impactos nas regiões em que atuam.

Na prática, a empresa não precisa mais solicitar empréstimos e financiamentos às instituições financeiras, pois passa a ter sócios que compram seus papéis. Os acionistas participam do lucro do negócio via dividendos e bonificações. Mas o que muda com essa nova configuração?

O economista Ricardo Eleutério, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), explica que abertura de capital requer uma boa governança e gestão mais transparente. As ações podem ser ofertadas ao público em uma quantidade definida por meio de um processo regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Um dos fatores positivos é que os recursos não são mais frutos de processos de endividamentos e a empresa passa a gerar capitais com lucros. Se o desempenho for bom na B3, as ações sobem. Com o avanço, há mais investimentos locais e, consequentemente, mais possibilidade de gerar empregos. Na outra ponta, deixa de ter seu valor estipulado pelo dono e sofre as oscilações do mercado acionário.

"Abrir capital é uma decisão difícil para o empresariado. Não está na nossa cultura. Ano passado, tivemos cinco aberturas e três neste. A expectativa é que cresça, mas não é tão forte quanto o norte-americano. Historicamente, tivemos de duas a cinco entrando todo ano. Apenas em 2007 houve um ponto fora da curva, com 64 IPOs. É um processo lento", explana. Outro aspecto é a tendência da migração de investidores de renda fixa para a Bolsa, já que a Taxa Selic está no menor patamar da história (4,25% ao ano), reduzindo a rentabilidade.

Ives Castelo Branco, diretor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef), acrescenta que a companhia passa a reduzir o risco de crédito e melhora a competitividade.

Um exemplo é a cearense Arco Educação, que foi ainda mais longe e entrou na Nasdaq, segundo maior mercado de ações em capitalização de mercado do mundo, depois da Bolsa de Nova York. Além disso, pondera, a Moura é a segunda companhia do setor da construção a entrar na B3 neste ano, após a Mitre. Isso sinaliza que o segmento está reagindo. O que pode trazer efeitos regionais. "Ela veio como muitas no boom imobiliário, como a Rossi e MRV, entregando muitos empreendimentos", avalia.

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Grendene

A Grendene encerrou 2019 com um ganho de 495 milhões de reais e margem líquida de 23,9%. A receita líquida foi de 2,1 bilhões de reais, queda de 11,2% em relação ao registrado no ano anterior. No período, a companhia vendeu 150,8 milhões de pares de calçados

 

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