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Ceará ultrapassa mil casos do novo coronavírus mais rapidamente que no Rio de Janeiro e em São Paulo
Reportagem

Ceará ultrapassa mil casos do novo coronavírus mais rapidamente que no Rio de Janeiro e em São Paulo

Já são 1.023 diagnósticos positivos e 31 óbitos em decorrência da doença no Estado. Fortaleza continua somando 90% dos testes positivos para a Covid-19, mas a infecção já chegou a 20% dos municípios
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A tendência para novos casos é considerada "estabilizada". Os dados estão disponíveis na plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e foram acessados às 11 horas desta terça-feira, 15. (Foto: Fabio Lima/ O POVO)
Foto: Fabio Lima/ O POVO A tendência para novos casos é considerada "estabilizada". Os dados estão disponíveis na plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e foram acessados às 11 horas desta terça-feira, 15.

Com transição do modelo epidemiológico, o Ceará ultrapassou ontem os mil casos confirmados do novo coronavírus. A infecção é registrada em 36 municípios localizados em todas as cinco regiões do Estado e está presente em 93 bairros de Fortaleza, conforme atualização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Já são 1.023 diagnósticos positivos e 31 óbitos em decorrência da doença.

A marca de mil casos foi atingida mais rapidamente no Ceará — que somou o número de confirmações em 23 dias — do que em São Paulo e no Rio de Janeiro, unidades federativas que lideram os números absolutos. Ambos chegaram à mesma quantidade no 30º dia após a primeira confirmação da doença em cada estado. No Brasil, são 12.056 confirmações e 553 óbitos.

Apesar de disseminação da contaminação no Ceará, Fortaleza continua somando 90% dos testes laboratoriais positivos para a Covid-19. São 919 confirmações na Capital, que também concentra o maior número de óbitos: 24. Uma das mortes do Estado foram de um bebê de três meses, na última sexta-feira, 3, no Hospital Regional do Município de Iguatu. A criança, que nasceu com a Síndrome de Bartter, que causa alteração nos rins e afeta a taxa de potássio no sangue, teve complicações respiratórias, como bronquiolite e pneumonia.

A taxa de letalidade no Estado é de 3,06%. Em uma semana, a infecção chegou a 20% (36) dos 184 municípios. Com mais confirmações fora da Capital estão Aquiraz (19), Caucaia (7), Sobral (10), Horizonte (6), Maracanaú (5) e Quixadá (4). "Esse cenário é completamente diferente de uma semana atrás, quando tínhamos menos de 1% dos municípios acometidos. Isso denota uma transição do modelo epidemiológico", explicou o Dr. Cabeto, titular da Sesa, em coletiva transmitida pelas redes sociais.

Conforme o secretário, a posição de destaque nacional como terceiro estado com maior índice de infectados por 100 mil habitantes (6,8) se deve à quantidade de testes realizada pelo Estado. "O Ceará está entre os estados que mais documentam e notificam dados. Os estados que mais notificam vão aparecer com o maior número de casos. É uma opção de estratégia", diz.

Segundo Dr. Cabeto, na próxima semana, a capacidade de testagem deve mais do que dobrar. "O Estado executa em torno de 400 testes com pesquisa viral direta e deve chegar em mil testes por dia. Vamos realizar tanto em Fortaleza como em áreas descentralizas", afirma. De acordo com o secretário, será estabelecido um protocolo unificado de acompanhamento de pacientes sintomáticos com mais de 60 anos ou comorbidades em todo o Estado. Ele anunciou ainda a chegada de 270 toneladas de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), até dia 15, para profissionais da linha de frente com pacientes do novo coronavírus.

Para o infectologista Anastácio Queiroz, professor da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Ceará está caminhando em uma velocidade um pouco menor do que o esperado. "Evidentemente, temos muitos testes esperando resultado ainda. O que pode mudar o cenário", pondera.

"Os dados preocupam porque, a despeito da fragilidade da interpretação que eles ainda denotam, é uma posição de muito destaque em relação ao número de casos. Mesmo que signifique que outros estados estão com dificuldades de testagem, é algo que surpreende", avalia Érico Arruda, infectologista do Hospital São José e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Segundo o médico, nenhum estado testa de forma ideal e, para isso, "seria preciso fazer exames em pessoas assintomáticas também". "Mas não podemos dizer que todos os outros estados estão com dificuldade de testagem em relação ao Ceará", acrescenta.

 

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