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Espanha e França deixam confinamento; Covid-19 volta na Ásia
Reportagem

Espanha e França deixam confinamento; Covid-19 volta na Ásia

Países europeus começam afrouxar restrições, mas Mundo liga alerta para retomada de casos na China e na Coreia do Sul
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As pessoas se sentam em um restaurante em Tarragona em 11 de maio de 2020, enquanto a Espanha se move para facilitar seu bloqueio estrito em certas regiões. - Um dos países mais atingidos, a Espanha planeja uma transição gradual até o final de junho, com cerca de metade da população de 47 milhões de habitantes a se socializar em um grau limitado a partir da segunda-feira e restaurantes oferecendo algum serviço ao ar livre. (Foto de LLUIS GENE / AFP) (Foto: LLUIS GENE / AFP)
Foto: LLUIS GENE / AFP As pessoas se sentam em um restaurante em Tarragona em 11 de maio de 2020, enquanto a Espanha se move para facilitar seu bloqueio estrito em certas regiões. - Um dos países mais atingidos, a Espanha planeja uma transição gradual até o final de junho, com cerca de metade da população de 47 milhões de habitantes a se socializar em um grau limitado a partir da segunda-feira e restaurantes oferecendo algum serviço ao ar livre. (Foto de LLUIS GENE / AFP)

Milhões de pessoas na Espanha e na França recuperaram parcialmente a possibilidade de circulação nessa ontem com a suspensão das restrições impostas contra a pandemia do novo coronavírus. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou "vigilância extrema" para evitar uma nova onda de contágios, como na Coreia do Sul e na China.

"Sentia muita falta disto", declarou Jesús Vázquez, um operário de 51 anos, que pediu um sanduíche e uma cerveja no terraço de um bar em Tarragona (Catalunha) no primeiro dia da suspensão do confinamento na Espanha. Devido à persistência de riscos, parte do país, incluindo Madri e Barcelona, permanecem com restrições.

Na Espanha, um dos países mais afetados pela pandemia (26.744 mortes, embora o número de óbitos esteja em desaceleração), permitem-se reuniões em grupos de até dez pessoas, sentar-se em bares ou cafés ao ar livre com número limitado de indivíduos ou ir a lojas sem agendar a visita previamente.

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Na França, algumas lojas abriram e milhões de pessoas saíram de casa e voltaram ao trabalho, reativando uma economia que está quase parada há dois meses. Porém, com medidas de segurança, como o uso de máscaras obrigatório no transporte público.

Mas após vários dias de diminuições recorde nas mortes diárias (70 no domingo), a França teve 263 óbitos em 24 horas, elevando o balanço para 26.646 óbitos, diante do que as autoridades insistiram nas medidas de segurança.

Nos horários do rush de ontem, o metrô de Paris ficou quase tão cheio quanto antes do confinamento. "Será impossível" o distanciamento, disse Brigitte, usuária da linha dois, que passa pelo centro da capital francesa.

Desde que emergiu na China em dezembro, a doença causou mais de 285.000 mortes e infectou quase 4,2 milhões de pessoas em 187 países, segundo registrado às 19h40min de ontem pela Universidade Johns Hopkins (EUA).

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A suspensão do confinamento é um sinal de "sucesso", avaliou ontem o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Mas ele advertiu que a volta à normalidade não pode se basear em uma hipotética "imunização coletiva".

Mas o temor de uma segunda onda ganha força, depois da informação, na China, de cinco novos casos de coronavírus em Wuhan, foco inicial da pandemia, um dia depois de anunciar a primeira infecção em mais de um mês nessa cidade do centro do país.

Em Xangai, o parque de diversões Disneyland voltou a abrir as portas nessa segunda, mas com restrições.

A Coreia do Sul, onde a epidemia também estava controlada, registrou nessa segunda-feira 35 novos casos, o maior número em mais de um mês, devido ao aparecimento de um foco em um bairro boêmio de Seul.

Na Alemanha, onde em três cantões foi superada a taxa crítica de 50 novos contágios por 100.000 habitantes, a chanceler Angela Merkel insistiu em que é "muito importante" que as pessoas respeitem as medidas de distanciamento. 

Nova acusação dos EUA contra a China

Enquanto vários países se lançam em uma corrida contra o tempo para obter uma vacina, os Estados Unidos vão acusar publicamente a China de tentar piratear suas pesquisas para este fim, segundo o The Wall Street Journal e o The New York Times.

Em Pequim o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, rechaçou as acusações, afirmando que seu país se opõe firmemente aos ciberataques.

O governo de Donald Trump acusa a China de ter demorado em alertar o mundo sobre a epidemia, que causou nos Estados Unidos mais de 80.000 mortes, o número de óbitos mais elevado do mundo em um único país, e mais de 1,3 milhão de infectados, inclusive dois na própria Casa Branca.

Três regiões do estado de Nova York, epicentro da pandemia nos Estados Unidos, com mais de 26.600 mortes, poderão reabrir gradualmente, conforme previsto, em 15 de maio. "Começamos um novo capítulo hoje de muitas maneiras", disse o governador Andrew Cuomo. Mas na cidade de Nova York, o maior foco do epicentro, a maioria das lojas não essenciais não vão poder abrir pelo menos até junho, advertiu o prefeito Bill de Blasio.

Bairros pobres e prisões

A região da América Latina e do Caribe é uma das mais afetadas pela pandemia, com 20.909 mortes (de 375.000 contágios), mais da metade no Brasil, com 11.123 óbitos de 162.699 casos registrados até a noite de domingo (10). Bairros pobres superpovoados e prisões são dos dois locais em diferentes países onde se teme mais a propagação do vírus.

Um chefe do cartel mexicano Los Zetas, Moisés Escamilla May, de 45 anos, condenado pela decapitação de 12 pessoas, morreu em uma prisão de Covid- 19. E no Peru, detentas de um presídio feminino de Lima protestaram pedindo "ajuda" depois que uma presa testou positivo para o novo coronavírus.

A Nicarágua, onde segundo o governo há apenas 16 casos e cinco mortes, é um foco de preocupação. Segundo o Observatório Cidadão (independente), o país tem mais de 780 casos suspeitos. O chefe da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak, exigiu ontem que o presidente Daniel Ortega "ponha a limpo" o que acontece no país.

Focos de infecção durante esta pandemia, outro navio de cruzeiro, o australiano Greg Mortimer, atracou nesta segunda no porto de Montevidéu para a evacuação de seus tripulantes, entre eles dezenas de contagiados, que deverão fazer quarentena em hotéis.

No resto do mundo, os olhos se voltam para África, Rússia e Índia. A África do Sul, país mais afetado da África subsaariana, superou os 10.000 casos confirmados, dos quais, 194 mortes.

Na Rússia, onde há mais de 10.000 casos, o presidente Vladimir Putin anunciou o fim, a partir de terça-feira, do período de folgas remuneradas, dando sinais de uma saída "passo a passo" das restrições do confinamento. "Mas a luta contra a epidemia (do novo coronavírus) não acaba. O perigo permanece", advertiu.

A Índia, com quase 63.000 casos e mais de 2.100 mortes, começou o processo de desconfinamento, mas continua proibindo as viagens entre os estados, assim como voos nacionais e internacionais. (AFP)

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