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Dia do Abraço, apesar da distância
Reportagem

Dia do Abraço, apesar da distância

O distanciamento também é uma demostração de amor. A pandemia colocou o amor à prova, mas as formas de manifestar afeto se reinventam, contornando o afastamento imposto pelo vírus
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FORTALEZA - CE, BRASIL, 21-05-2020: Naiana Gomes, jornalista. Abraços de quarentena. Com a pendemia limitou-se o contato entre as pessoas. POssibilidades de transferência de afetos. (Foto: Júlio Caesar/O Povo) (Foto: Júlio Caesar)
Foto: Júlio Caesar FORTALEZA - CE, BRASIL, 21-05-2020: Naiana Gomes, jornalista. Abraços de quarentena. Com a pendemia limitou-se o contato entre as pessoas. POssibilidades de transferência de afetos. (Foto: Júlio Caesar/O Povo)

"O abraço é uma troca de energia muito intensa", resume o aposentado Dirceu Holanda Pinto Filho, 59. Para ele, abraço só vale se for daqueles que são apertados, "para você sentir a pessoa", e ainda com um beijo no rosto. Entretanto, a pandemia colocou o amor à prova do distanciamento social e nos obrigou a abdicar do contato físico em prol da saúde de quem mais se quer bem. No Dia do Abraço, lembrado nesta sexta-feira, 22 de maio, as formas de manifestar afeto se reinventam, contornando a distância imposta pelo vírus.

Há mais de dois meses, Dirceu espera para poder abraçar os familiares de novo. Confinado na companhia de sua namorada, ele foi surpreendido por um presente planejado pela filha, Camila, em seu aniversário. No último sábado, 16, ela combinou uma videochamada com os parentes e enviou um "Loucuras de Amor" à residência do pai, no bairro São Gerardo, em Fortaleza.

Dirceu conta que as músicas e a mensagem cuidadosamente escolhidas por Camila foram como um abraço que aconchegou o coração. "Percebi que na frente do apartamento onde moro tinha uma homenagem para alguém e ouvi meu nome. Foi uma emoção indescritível, como poucas que tive. Eu chorei muito de emoção", relata.

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Antes da quarentena, o aposentado era habituado aos encontros familiares semanais na casa da mãe. Para sossegar a saudade em tempos de distanciamento social, Dirceu tem recorrido à tecnologia. "É uma maneira apenas de aliviar a ausência que fica, mas o abraço presencial não tem igual", aponta.

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A observação de Dirceu tem uma explicação científica. Conforme a psicóloga clínica Renata Linhares, estudos comprovam que o toque físico é imprescindível para que o desenvolvimento mental e emocional do ser humano seja completo. "A necessidade do toque tem a ver com a necessidade de ser amado, no sentido de criar vínculos com as pessoas", explica.

Segundo Renata, que é mestra em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza (Unifor), a falta do contato físico com outros indivíduos tem potencial de abalar a saúde mental, desencadeando processos de ansiedade, por exemplo.

A psicóloga orienta a buscar por estratégias que possam compensar a falta do contato físico. Esses mecanismos variam para cada pessoa. Falar sobre como nos sentimos pode ser uma dessas estratégias. Segundo a especialista, é possível, ainda, manter os laços emocionais durante a quarentena por meio de ligações, chamadas de vídeo ou trocas de mensagens.

 

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