Logo O POVO+
Em Fortaleza, população se aglomera no Centro e lojas abrem irregularmente
Reportagem

Em Fortaleza, população se aglomera no Centro e lojas abrem irregularmente

Teve início ontem a fase de transição prevista no plano de retomada gradual das atividades econômicas no Ceará. Operação da AMC surpreendeu condutores e gerou engarrafamentos no Centro de Fortaleza
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FORTALEZA-CE, BRASIL, 01-06-2020: Pessoas caminham pelas ruas do centro da cidade no primeiro dia de flexibilização do isolamento social em Fortaleza. Apesar disso, poucas lojas abriram no centro. Muitos carros se dirigiram ao ccentro da cidade e as ruas do centro ficaram congestiaonadas durante toda a manhã. (Foto: Júlio Caesar / O Povo) (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR FORTALEZA-CE, BRASIL, 01-06-2020: Pessoas caminham pelas ruas do centro da cidade no primeiro dia de flexibilização do isolamento social em Fortaleza. Apesar disso, poucas lojas abriram no centro. Muitos carros se dirigiram ao ccentro da cidade e as ruas do centro ficaram congestiaonadas durante toda a manhã. (Foto: Júlio Caesar / O Povo)

O Centro de Fortaleza teve movimentação intensa ontem causada especialmente pela busca da população por serviços na região. A maioria das lojas permaneceu fechada por estar fora da lista de atividades autorizadas a retomar o funcionamento nesta semana de transição, chamada de fase zero pelo Governo do Estado do Ceará. Porém, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) encerrou as atividades de 11 estabelecimentos comerciais abertos irregularmente e retirou mais de 40 ambulantes de praças e calçadas.

Apesar de grande quantidade de pessoas na rua e da dificuldade para manter o distanciamento, poucas estavam sem máscara. Gorete Marques, 67, levou quase quatro horas para encontrar alguém que consertasse o celular. "Estou com muito medo. O comércio realmente não abriu. Almocei no delivery, peguei a comida no restaurante e comi na praça", comentou depois de lavar as mãos em uma pia instalada na praça do Ferreira pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Trata-se de um "projeto-piloto realizado pela companhia, que estuda a possibilidade de ampliar a instalação das pias para outras áreas". No total, há dois pontos do tipo na Cidade, ambas na Praça do Ferreira. Os equipamentos são acionados por meio de pedal para evitar o contato direto das pessoas com a estrutura.

Por "saudade de andar no Centro", a camareira Driele Holanda, 33, decidiu ir à Lotérica para pagar dívidas. Segundo ela, é primeira vez que sai de casa para resolver problemas do tipo.

Proprietário da Barbearia Aratanha, há 22 anos instalada no Centro, Erialdo Monteiro, sabe exatamente quanto tempo esteve longe do local de trabalho: 2 meses e 10 dias. No período recluso ficou em casa, "sossegado esperando o Governo liberar e a Saúde dizer o que podia fazer pela gente". Agora, já autorizado, " está tentando sobreviver". No local, trabalham cinco barbeiros e três manicures.

A maior parte dos clientes, segundo Erialdo, é de idosos. Para prezar pela saúde dos consumidores, reforçou as medidas de segurança. Todos os colaboradores trabalham de máscaras, disponibilizou álcool em gel e reforçou o estoque de utensílios utilizados nos serviços. "A cada corte de cabelo, nós trocamos e usamos panos diferentes. Estamos tentando nos estabilizar indo de acordo com a saúde", afirma.

Depois de dois meses isolado, Valdevino Sampaio, 78, foi à manicure para "melhorar o visual". Morador da rua São Paulo, no Centro da Cidade, o idoso se assustou com o movimento de veículos nas vias da região neste primeiro dia de transição. "Parece que o povo estava desesperado para sair. Não era assim. Estava tudo calmo", comentou.

A preocupação com o fluxo de veículos não se restringe a Valdevino. É também da Prefeitura de Fortaleza. Por isso, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) vai isolar o Centro de Fortaleza ao menos por uma semana. A área de fechamento total compreende as ruas São Paulo, Conde D'eu, Assunção, Av. Duque de Caxias, Pedro I e General Sampaio. Um efetivo de 16 agentes e orientadores de tráfego atuará por turno no entorno.

Ontem, foi possível identificar barreiras onde os agentes identificam as necessidades da viagem, para onde as pessoas estão se dirigindo e qual o motivo. Além disso, é informado as possibilidades de desvios aos condutores proibidos de adentrar ao perímetro interditado. O planejamento prevê tráfego liberado, nessas áreas, apenas para realização de serviços essenciais, transporte de carga e delivery, além de residentes da área. A medida pegou os condutores de surpresa e gerou aglomeração durante todo o dia na região comercial da Cidade.

 

O que você achou desse conteúdo?