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Sem estoque, CE muda protocolo de uso de remédios para intubação
Reportagem

Sem estoque, CE muda protocolo de uso de remédios para intubação

A falta sedativos e bloqueadores musculares utilizados para intubação de pacientes é registrada em pelo menos 22 estados. Mudança de protocolo visa evitar colapso em decorrência do aumento da demanda de pacientes intubados
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MOVIMENTAÇÃO no fim da tarde na avenida Beira Mar após flexibilização do isolamento  (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves MOVIMENTAÇÃO no fim da tarde na avenida Beira Mar após flexibilização do isolamento

Diante da falta de sedativos e bloqueadores musculares necessários para a intubação de pacientes hospitalizados, o protocolo de uso dos medicamentos foi modificado no Ceará. A adequação tem sido feita para que não haja colapso no sistema e o procedimento seja suspenso pela falta dos fármacos. O desabastecimento ocorre porque o aumento na produção dos insumos não acompanhou a demanda de pacientes com Covid-19 que precisam de intubação. Devido ao nível de comprometimento pulmonar, pacientes diagnosticados com coronavírus apresentam maior tempo de permanência nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e precisam de sedação profunda, com maior utilização dos medicamentos.

Conforme levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) realizado junto às Secretarias Estaduais, pelo menos 14 medicamentos do tipo estão em falta no Ceará. O balanço, publicado no último dia 24, aponta que 12 medicamentos já estavam com estoque zerado na data. Apenas quatro de uma lista de 22 produtos conferidos teriam estoque por mais 30 dias.

"O mundo inteiro está com problema de medicações para uso em pacientes que estão intubados em ventilação mecânica. Nós mudamos o protocolo, ajustamos para diminuir o consumo desses medicamentos para que a gente evite a falta. Estamos orientando todos os municípios para que obedeçam esse protocolo alternativo", explicou Dr. Cabeto, secretário da Saúde do Estado, no último sábado, 27. "O processo de compras da Sesa é contínuo, sempre baseado nas demandas dos serviços e seus respectivos estoques", informou a pasta.

"Se tiver uma nova onda de casos, não dá tempo dos hospitais públicos e privados fazerem a aquisição de medicamentos. Estamos em um momento menos crítico comparado à abril e maio mas não temos uma retaguarda", afirma Mira Lustosa, integrante da Comissão de Farmácia Hospitalar do Conselho Regional de Farmácia do Ceará.

O Ministério da Saúde iniciou três estratégias para mitigar o problema, com a compra direta da indústria por meio de requisição administrativa e a abertura de processo de pregão via Sistema de Registro de Preços. Além disso, a longo prazo, o MS fez interlocução com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) para importação dos medicamentos não encontrados na indústria nacional. Nesta segunda-feira, 29, o MS distribuiu 185 mil unidades de anestésicos e relaxantes musculares para 11 estados, incluindo o Ceará.

A quantidade é pequena visto que alguns medicamentos estão com consumo médio mensal de 5 milhões de unidades, avalia Heber Dobis Bernarde, consultor técnico de Assistência Farmacêutica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ele explica que o pregão garante preço único para os municípios e negociação em maior volume, mas o processo pode demorar pelo menos 30 dias.

De acordo com Viviane Veiga, presidente do Comitê de Sedação, Analgesia e Delirium da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, será publicado nesta semana recomendação para mudança no protocolo de utilização dos medicamentos. "São estratégias de sedação com possibilidade de drogas não comumente utilizadas no dia a dia diante dessa falta. A proposta vai oferecer o maior número de alternativas que o médico possa usar com segurança", afirma.

 

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