Após o primeiro dia de propaganda eleitoral dos candidatos a prefeito de Fortaleza no rádio e na TV, especialistas avaliaram o desempenho e as mensagens que os prefeituráveis transmitiram ao eleitor. O POVO ouviu professores e pesquisadores das áreas política e social para discutir sinalizações apontadas pela propaganda dos postulantes.
Paula Vieira, pesquisadora vinculada ao Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC), pontuou que os programas foram de apresentação e projetou o "grande desafio" relacionado ao tempo para transmitir a mensagem. "Como fazer com que o pouco tempo gere destaque a ponto de construir um imaginário popular sobre a pessoa e que isso repercuta em decisão de voto?", questionou.
Na avaliação da pesquisadora, três campanhas destacaram-se no primeiro dia de propaganda na TV e no rádio: Luizianne (PT), Capitão Wagner (Pros) e Heitor Freire (PSL). "Luizianne não deu ênfase para a gestão passada, fator pelo qual tem rejeição. Ela descolou e, fazendo isso, disse que é muito mais. Sem anular o tempo que passou na Prefeitura, mas sem enfatizar isso excessivamente", explica. "Já a (campanha) de Wagner foi mais afetiva, mostrando suas áreas de atuação e experiência. Teve direcionamento para um público mais popular", destaca.
Sobre Freire, a pesquisadora diz ter achado interessante as demarcações de território na propaganda do candidato. "Ele reforça que o caminho é pela direita. Além do forró (ritmo posto no programa), fica na marca discursiva ele falar que é o Heitor da direita. Usa a bandeira do Brasil, ordem e progresso e localiza de imediato de que lugar político está falando".
Sobre a propaganda do candidato governista, José Sarto (PDT), Emanuel Freitas, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (Uece), destaca que o início lhe pareceu "frágil". "A forma como ele foi apresentado talvez não tenha sido interessante, porque o mostrou como um personagem da 'velha política', inclusive nas imagens escolhidas e na ênfase em sua atuação de sete mandatos no Legislativo", explicou.
"Penso que a ordem da propaganda poderia ter sido inversa, com o (prefeito) Roberto Cláudio abrindo e mostrando as ações da gestão, mas entendo a necessidade de apresentar Sarto ao público, mas a preço de hoje, essa apresentação ficou prejudicada", destaca.
Em contrapartida, o professor aponta que as peças publicitárias de Wagner, Luizianne e Heitor Freire "ficaram muito boas do ponto de vista imagético e de recursos utilizados", com destaque para o conteúdo de Wagner que "trabalhou melhor a imagem da persona".
Analisando a propaganda de TV de outros candidatos, Paula Vieira avalia que Heitor Férrer (SD) teve uma apresentação "completamente simples e sem muitos recursos", que Célio Studart (PV) deixou claro que "sua campanha será feita pelas redes sociais" e que Renato Roseno (Psol), apesar do curto tempo, trouxe o cenário de pandemia e "enfatizou que as decisões em relação ao vírus foram políticas, diferente de Wagner".